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Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiar

versão impressa ISSN 2182-5173

Resumo

CASTRO, Carlos Rocha  e  FACHADO, Francisco. Síndroma ARCAPA: o papel do médico de família na gestão de uma doença rara. Rev Port Med Geral Fam [online]. 2023, vol.39, n.1, pp.67-72.  Epub 30-Mar-2023. ISSN 2182-5173.  https://doi.org/10.32385/rpmgf.v39i1.13470.

Introdução:

A síndroma ARCAPA (origem anómala da artéria coronária direita a partir da artéria pulmonar) é uma cardiopatia congénita rara. Pode cursar com enfarte agudo do miocárdio ou morte súbita, embora a maioria dos doentes não apresente sintomas, sendo o diagnóstico realizado acidentalmente. O médico de família (MF) é o profissional que melhor pode compreender a perspetiva do utente face à doença, integrando-a no seu contexto biopsicossocial.

Descrição:

Sexo masculino, 48 anos. Antecedentes de perturbação da ansiedade generalizada. Praticante regular de exercício físico de alta intensidade. Em fevereiro/2019, por intercorrência febril e suspeita de pneumonia, realizou TC-tórax, que revelou “ectasias vasculares pericárdicas extensas”, tendo sido referenciado à consulta de cardiologia pelo MF. Realizou angioTC, que evidenciou “síndrome ARCAPA”. Encontrava-se assintomático do ponto de vista cardiovascular. Pelo risco de morte súbita foi proposta cirurgia e recomendada a suspensão do exercício físico. A descoberta acidental desta síndroma, numa fase de ausência de sintomas, gerou sentimentos de incompreensão no doente, agudizando a patologia ansiosa. Através de uma abordagem centrada na pessoa, o MF procurou compreender as expectativas, sentimentos e medos do doente, bem como envolver a família na tomada de decisão. O doente, por sua iniciativa, manteve a prática de exercício, afirmando que a suspensão iria contribuir negativamente para a sua saúde mental. Rejeitou também a proposta cirúrgica. Atualmente mantém consultas de seguimento regulares com o MF e cardiologista para vigilância de sintomas.

Comentário:

Para além da sua raridade, o caso descrito reflete a importância da prática de uma medicina centrada na pessoa, sobretudo após o diagnóstico de uma patologia grave, com tamanho impacto na vida do doente. É fulcral que o MF tenha o conhecimento científico necessário para a gestão da doença e que a integre no contexto psicossocial e familiar do utente, aconselhando-o e apoiando-o na partilha das suas decisões.

Palavras-chave : ARCAPA; Malformações cardíacas congénitas; Cuidados centrados no doente; Cuidados de saúde primários; Relato de caso.

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