SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.39 número6Duração da consulta: fatores influenciadores e perspetivas de médicos e utentes - um estudo transversalAbordagem da esteatose hepática não alcoólica nos cuidados de saúde primários índice de autoresíndice de assuntosPesquisa de artigos
Home Pagelista alfabética de periódicos  

Serviços Personalizados

Journal

Artigo

Indicadores

Links relacionados

  • Não possue artigos similaresSimilares em SciELO

Compartilhar


Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiar

versão impressa ISSN 2182-5173

Resumo

OLIVEIRA, Mariana B.; CAMPOS, Catarina; LASCASAS, Joana  e  SILVA, Vera Ribeiro da. Avaliação da desprescrição nos cuidados de saúde primários, sob a perspetiva dos médicos. Rev Port Med Geral Fam [online]. 2023, vol.39, n.6, pp.563-581.  Epub 31-Dez-2023. ISSN 2182-5173.  https://doi.org/10.32385/rpmgf.v39i6.13760.

Introdução:

A desprescrição terapêutica consiste na identificação e proposta de descontinuação de fármacos cujos danos superam os benefícios, sendo esta complexa gestão geralmente atribuída ao médico de família (MF).

Objetivos:

Determinar a autoperceção dos MF quanto às suas práticas de desprescrição, bem como as barreiras e fatores facilitadores identificados pelos mesmos. Como objetivo secundário pretendeu-se a sensibilização dos MF para a desprescrição terapêutica.

Método:

Estudo observacional e descritivo, no qual foi aplicado um questionário a internos de 3.º e 4.º anos e MF num Agrupamento de Centros de Saúde da região norte de Portugal. Foi aprovado pela Comissão de Ética e a análise estatística realizada no Microsoft Excel®.

Resultados:

Obtiveram-se 63 respostas, sendo 68,3% mulheres e a idade média 42,8 anos. Dos inquiridos, 81% eram especialistas e 57,1% e 14,3% tinham formação em cuidados paliativos e geriatria, respetivamente. Sobre a desprescrição, 98% observavam frequentemente doentes com multimorbilidade e 97% com polimedicação. No entanto, 49,2% da amostra referiu aplicar a desprescrição apenas ocasionalmente. Os fármacos mais frequentemente desprescritos foram anti-inflamatórios não esteroides, estatinas e bifosfonatos. As características do utente consideradas muito importantes para a desprescrição foram: qualidade (79,4%) e esperança de vida (71,4%), deterioração cognitiva (60%) e dependência física (49,2%). Os riscos (65,1%) e benefícios do fármaco (52,4%) e a existência de guidelines (46%) foram considerados os fatores (alheios ao doente) mais importantes para a prática da desprescrição. A barreira mais frequentemente observada foi o tempo limitado para revisão terapêutica (41,3%), enquanto a má adesão terapêutica foi o fator facilitador reconhecido ocasionalmente pela maioria (69,8%).

Conclusão:

Doentes com critérios de desprescrição são frequentemente reconhecidos pelos MF, escasseando ainda alguma proatividade nesta prática. A existência de guidelines foi considerada um fator muito importante e o tempo limitado uma barreira frequente. Assim, criar linhas orientadoras e consultas específicas poderão ser estratégias de melhoria.

Palavras-chave : Desprescrição; Polimedicação; Multimorbilidade; Cuidados de saúde primários; Médico de família.

        · resumo em Inglês     · texto em Português     · Português ( pdf )