SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.41Repairing History and the Wrongs of Its Agents in O Regresso de Júlia Mann a ParatyThe Mestiço in the “Urgency of Existence”. Essa Dama Bate Bué! (2018), by Yara Monteiro author indexsubject indexarticles search
Home Pagealphabetic serial listing  

Services on Demand

Journal

Article

Indicators

Related links

  • Have no similar articlesSimilars in SciELO

Share


Comunicação e Sociedade

Print version ISSN 1645-2089On-line version ISSN 2183-3575

Abstract

RENDEIRO, Margarida. Como a Ficção Pós-Colonial Pode Contribuir Para uma Discussão Sobre Reparação Histórica: Leitura de As Telefones (2020) de Djaimilia Pereira de Almeida. Comunicação e Sociedade [online]. 2022, vol.41, pp.43-59.  Epub June 22, 2022. ISSN 1645-2089.  https://doi.org/10.17231/comsoc.41(2022).3681.

A literatura pós-colonial portuguesa publicada depois de 1974 deixou na obscuridade o trauma do colonizado. Os autores afrodescendentes das narrativas portuguesas publicadas desde o início da segunda década deste milénio são herdeiros da geração que fez as libertações africanas, mas que, devido aos anos subsequentes de instabilidades políticas e económicas, fazem parte da diáspora afrodescendente que cresceu em Portugal, constituindo a face visível do emaranhado cultural pós-colonial que o colonialismo produziu. Djaimilia Pereira de Almeida, autora de As Telefones (2020), que se analisa no presente artigo, é um exemplo de uma autoria e vivência afrodescendente que tanto deve às referências culturais portuguesas como à cultura angolana. Assim, argumenta-se que as narrativas de autoria portuguesa afrodescendente desestabilizam imaginários cartográficos para refletir sobre a complexidade cultural da vivência afrodescendente, contribuindo para uma polifonia ausente sobre a memória coletiva no espaço público e consequente possibilidade de reparação histórica. Sustenta-se, por um lado, que As Telefones descoloniza a experiência da perda que a literatura publicada depois de 1974 associou à memória e experiência do corpo do colonizador, mas também, e muito significativamente, ao sentimento de saudade, central na cultura portuguesa; por outro lado, defende que a centralidade narrativa do telefone como único meio de transmissão de pós-memória introduz um corte na convenção literária portuguesa que privilegia a escrita como testemunho, validando a oralidade, muito tributária para a génese das literaturas africanas.

Keywords : afrodescendência; Djaimilia Pereira de Almeida; pensamento de fronteira; projeto decolonial; reparação histórica.

        · abstract in English     · text in English | Portuguese     · English ( pdf ) | Portuguese ( pdf )