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Comunicação e Sociedade

 ISSN 1645-2089 ISSN 2183-3575

QUINTANILHA, Tiago. Uma Nova Forma de Precariedade (da Prática)? A Descompetencialização Profissional no Centro do Sequestro da Qualidade no Jornalismo. []. , 44, e023019.   31--2023. ISSN 1645-2089.  https://doi.org/10.17231/comsoc.44(2023).4622.

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Este artigo procura responder a uma das principais lacunas identificáveis no debate sobre descompetencialização profissional no jornalismo. Esta lacuna consiste numa dificuldade em isolar da restante polissemia conceptual este conceito que é crítico na interpretação dos desafios impostos ao jornalismo, que são múltiplos e que vão da erosão da dominação profissional às crises de valores, passando pela instabilidade de modelos de negócio com impacto acentuado na reconfiguração da divisão do trabalho jornalístico.

Para tal, e com recurso a uma sistematização da literatura sobre descompetencialização profissional, chegamos a uma definição estruturada e maximalista deste conceito no jornalismo. Definição que resulta fundamentalmente da arrumação dos múltiplos significados em dois indutores principais: a despadronização do trabalho jornalístico e o imediatismo na produção jornalística. Uma descompetencialização na profissão de jornalista que, conclui-se, constitui um novo tipo de precariedade da prática, capaz de capturar a qualidade jornalística e que vai além das tradicionais e muito documentadas precariedades do emprego e do trabalho.

Por fim, ensaiamos pistas futuras para continuar a acompanhar os ritmos de transformação profissional e a forma como estes continuarão a abalar competências jornalísticas e a qualidade da prática profissional, nomeadamente o fenómeno da automação digital no jornalismo com capacidade para ditar o regresso ao debate sobre descompetencialização profissional no jornalismo.

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This article seeks to fill in one of the main identifiable gaps in the debate on professional deskilling in journalism. This gap consists of the difficulty in isolating this concept from other multiple meanings that is critical when interpreting the challenges imposed on journalism, which are multiple and range from the erosion of professional domination to crises of values, including the instability of business models with a marked impact on the reconfiguration of the division of journalistic labour.

To that end, the literature on professional deskilling was used as a resource and systematically analysed to produce a structured and maximalist definition of this concept in journalism. A definition that essentially results from the arrangement of multiple meanings within two main aspects: the destandardisation of journalistic work and the immediacy of journalistic production. It is concluded that a deskilling of the journalist profession constitutes a new type of precarity of practice, able to capture journalistic quality and which goes beyond the traditional and well-documented precarity of employment and labour.

Finally, we suggest future avenues to continue monitoring the pace of professional transformation and how it will continue to affect journalistic skills and the quality of professional practice, in particular the phenomenon of digital automation in journalism, which has the capacity to dictate a return to the debate on professional deskilling in journalism.

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