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Revista Portuguesa de Saúde Ocupacional online
versão impressa ISSN 2183-8453
Resumo
ALMEIDA, A; SANTOS, M; LOPES, C e OLIVEIRA, T. BOMBEIROS: PERCEÇÃO RELATIVA AOS FATORES DE RISCO/ RISCOS LABORAIS, MEDIDAS DE PROTEÇÃO E ATUAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA SAÚDE OCUPACIONAL. RPSO [online]. 2019, vol.8, pp.S11-S35. Epub 12-Jul-2021. ISSN 2183-8453. https://doi.org/10.31252/rpso.28.12.2019.
Introdução/ enquadramento/ objetivos:
A atividade de bombeiro é considerada de risco elevado. Apesar dos perigos estarem razoavelmente bem identificados, são poucos os estudos que exploram a consciencialização destes indivíduos face aos desafios que o exercício profissional acarreta para a sua saúde e segurança. Pretende-se com este estudo conhecer qual a perceção dos bombeiros relativa aos diversos fatores de risco/ riscos inerentes à atividade operacional, qual a sua anuência face às medidas de proteção coletiva e individual, bem como identificar os principais acidentes laborais, queixas de saúde e crenças face à presença potencial de patologias de índole profissional, além de documentar a forma como percecionam o acompanhamento que recebem das equipas de saúde ocupacional.
Metodologia:
Optou-se por um estudo observacional, descritivo, transversal, realizado através de um questionário anónimo online. A amostra foi obtida por conveniência após contato com diversas instituições ligadas a este setor profissional. Cada profissional contatado tinha a possibilidade de responder apenas uma vez utilizando o link disponibilizado.
Resultados:
Responderam ao inquérito 58 bombeiros. A nível pessoal destaca-se a elevada prevalência de excesso de peso ou obesidade, embora haja consciência da sua interferência negativa na saúde e atividade profissional. A maioria dos indivíduos enumerou como principais fatores de risco o stress, desconforto térmico, transporte manual de cargas, queimadura, turnos noturnos e/ ou prolongados e os agentes biológicos. Entre os equipamentos de proteção individual realça-se a falta de acesso a protetores auriculares, calçado de segurança e equipamento de proteção respiratória. São razoavelmente frequentes os comportamentos de não adesão direcionados ao uso de viseira, óculos e proteção respiratória. Os acidentes são frequentes, culminando maioritariamente em entorses, queimaduras, cortes e entrada de corpos estranhos nos olhos e pele. As principais queixas centram-se no stress e nas lesões músculo-esqueléticas decorrentes da atividade, fatores também fundamentais para a enumeração de potenciais doenças profissionais. Relativamente ao acompanhamento por parte da equipa de saúde ocupacional este é geralmente inferior ao mínimo que está configurado na legislação.
Discussão/Conclusões:
O estudo espelha as perceções de uma pequena amostra de bombeiros, mais escolarizada e jovem, do que a população de bombeiros em geral, aspetos esses que permitem um eventual maior nível de literacia, constituindo-se como o principal viés a ter em conta. Da investigação sobressai a necessidade premente de intervir sobre os estilos de vida, de forma a reduzir o excesso de peso, para maior robustez e segurança na execução das diversas tarefas. Simultaneamente, parece ser fundamental reforçar o apoio relativo à gestão da saúde mental e do esforço físico, de forma a prevenir alterações emocionais e lesões músculo-esqueléticas. A nível institucional, parece ser necessário, em alguns contextos, desenvolver esforços no sentido de proporcionar e valorizar a existência de serviços de saúde e segurança ocupacionais efetivos, capazes de vigiar e promover a saúde dos bombeiros, prevenir acidentes e evitar o desenvolvimento de doença associada ao trabalho.
Palavras-chave : bombeiros; saúde ocupacional; medicina do trabalho; enfermagem do trabalho; segurança no trabalho.