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Revista Portuguesa de Saúde Ocupacional online

versão impressa ISSN 2183-8453

Resumo

SANTOS, M; ALMEIDA, A  e  LOPES, C. SUBEROSE- A DOENÇA PROFISSIONAL MAIS PORTUGUESA. RPSO [online]. 2020, vol.10, pp.S164-S171.  Epub 17-Mar-2021. ISSN 2183-8453.  https://doi.org/10.31252/rpso.12.12.2010.

Introdução/ enquadramento/ objetivos

Portugal é o maior produtor mundial de cortiça. A cortiça deriva do sobreiro (quercus suber) e é constituída por células mortas com celulose.

As tarefas com mais carga geralmente são atribuídas ao sexo masculino e as mais minuciosas/ repetitivas ao feminino; tal implica uma diferente exposição ocupacional, ou seja, exposições de maior risco geralmente ocorrem quase exclusivamente em postos ocupados pelo sexo masculino.

A primeira referência à Suberose (cortiça= suber) foi em 1947. No entanto, a generalidade dos estudos do setor foi efetuada em empresas com boas condições de trabalho, pelo que as conclusões poderão não ser facilmente extrapoladas para a generalidade dos trabalhadores da cortiça.

Pretende-se com esta revisão bibliográfica resumir o que de mais relevante se publicou sobre o tema.

Metodologia

Trata-se de uma Revisão Bibliográfica, iniciada através de uma pesquisa realizada em outubro de 2020 nas bases de dados “CINALH plus with full text, Medline with full text, Database of Abstracts of Reviews of Effects, Cochrane Central Register of Controlled Trials, Cochrane Database of Systematic Reviews, Cochrane Methodology Register, Nursing and Allied Health Collection: comprehensive, MedicLatina e RCAAP”.

Conteúdo

Os primeiros artigos relativos ao setor da Cortiça destacam o papel que alguns microrganismos têm, nomeadamente a estirpe Penicillium glabrum (antigamente designado por frequentans); documentos mais recentes acrescentam a Chrysonilia Sitophila e Mucor. Em locais com menos humidade a concentração fúngica diminui. Trabalhadores com Suberose desenvolveram reações cutâneas aos fungos em causa e a inalação dos respetivos aerossóis originou a sintomatologia caraterística. Alguns autores também acreditam que alguns ácaros poderão ter alguma relevância na asma de corticeiros (como o P notatum, Cladosporium, A fumigatus, Alternaria alternata, Acarus siro e Tyrophagus putrescentiae). A suberina existente de forma abundante na cortiça, também poderá estar associada a alguns sintomas. Os trabalhadores ficam expostos ainda ao pó da cortiça, mas as poeiras são menos prevalentes nos ambientes de trabalho que os fungos.

A suberose é então uma patologia do interstício pulmonar provocada pela exposição repetida ao pó e bolor da cortiça; aliás, é a doença do interstício pulmonar mais prevalente na zona norte do país. Também a asma pode estar associada com uma menor prevalência. Consoante a dimensão dos esporos fúngicos será mais provável surgir asma ou Pneumonite de Hipersensibilidade, ou seja, se mais pequenos (1 a 2 micrómeros) surgirá mais frequentemente uma resposta alveolar (alveolite); se maiores, provavelmente ocorrerá uma resposta brônquica, ou seja, asma.

Conclusões

A indústria da cortiça está razoavelmente desenvolvida em algumas zonas do país, mas nem sempre abundam os conhecimentos relativos à Suberose. Seria relevante que todos os profissionais nas Equipas de Saúde Ocupacional com clientes nesta área estivessem confortáveis em abordar o setor; para além disso, é muito relevante desenvolver investigação recente, divulgando a mesma internacionalmente, até porque Portugal é o país que mais investiu e inovou no setor da Cortiça, mundialmente.

Palavras-chave : suberose; cortiça; doença profissional; saúde ocupacional e medicina do trabalho.

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