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Revista Portuguesa de Saúde Ocupacional online

versão impressa ISSN 2183-8453

Resumo

COSTA, T; ALMEIDA, A; LOPES, C  e  SANTOS, M. DEFINIÇÕES E CONSEQUÊNCIAS DO PRESENTEÍSMO. RPSO [online]. 2021, vol.11, pp.147-164.  Epub 07-Jan-2022. ISSN 2183-8453.  https://doi.org/10.31252/rpso.07.03.2021.

Introdução/enquadramento/objetivos:

Ainda que a bibliografia não seja escassa, o tema não é muito abordado pela Saúde Ocupacional. Para além disso, existem diversas definições que podem dificultar a interpretação, análise e abordagem do problema. Pretende-se com esta revisão resumir o que de mais pertinente se publicou sobre o tema, identificando as eventuais consequências para a saúde, os instrumentos de mensuração utilizados e as estratégias para mitigar o problema, de forma a possibilitar que os profissionais a exercer nas equipas de Saúde Ocupacional fiquem mais habilitados a orientar o assunto.

Metodologia:

Trata-se de uma Revisão Bibliográfica, iniciada em novembro de 2020, nas bases de dados “CINALH plus with full text, Medline with full text, Database of Abstracts of Reviews of Effects, Cochrane Central Register of Controlled Trials, Cochrane Database of Systematic Reviews, Cochrane Methodology Register, Nursing and Allied Health Collection: comprehensive, MedicLatina e RCAAP”.

Conteúdo:

O Presenteísmo é um problema cada vez mais consciencializado. Consiste no facto de o funcionário comparecer no local de trabalho, mesmo estando doente; não cumprindo a totalidade das suas tarefas e/ou não as executando adequadamente. Contudo, trata-se de um fenómeno complexo e não apenas o oposto a se ausentar por doença.

A divulgação do conceito surgiu na década de 90, época com elevada taxa de desemprego/diminuição do número de postos de trabalho, aumento dos contratos temporários e reestruturação pública e privada.

Perante a doença, o trabalhador opta pelo absentismo ou pelo Presenteísmo. A decisão depende da patologia, patamar de incapacidade, facilidade com que se liberta de responsabilidades e de como os outros se comportaram anteriormente perante a doença. Optar por trabalhar enquanto doente pode ser terapêutico (maior probabilidade de se distrair dos sintomas) e potenciar a autoestima. A decisão de trabalhar ou faltar, para além de questões médicas diretas e das limitações funcionais, pode depender ainda de fatores económicos, culturais, morais e/ou sociais.

O Presenteísmo passa mais despercebido que o absentismo e é mais difícil de quantificar, bem como a diminuição da produtividade. Não há método Gold Standard para a sua avaliação, ainda que existam vários instrumentos, validados ou não, para o quantificar.

Depois do diagnóstico de situação na empresa, é possível delinear algumas estratégias que poderão atenuar o problema.

Discussão e Conclusões:

O conceito de Presenteísmo apresenta definições tão diversificadas e, por vezes, quase antípodas, que se torna complexo enumerar as eventuais consequências e escolher estratégias para abordar o assunto. Ou seja, o termo tanto pode significar comparecer no posto de trabalho, mesmo quando apresenta alguma questão médica que justificaria faltar, estando menos produtivo, por empenho e compromisso com a instituição/colegas e/ou clientes; como permanecer a trabalhar mais tempo do que o horário normal ou estar no local de trabalho distraído, desconcentrado e não produtivo, por problemas pessoais/familiares, tédio ou insatisfação com o empregador e com o objetivo de não produzir para castigar este último. É ainda possível que ocorra este fenómeno para compensar a incompetência; para parecer mais empenhado e ficar melhor visto e com mais possibilidade de progredir; por medo de ser despedido; por incentivo das chefias; para cumprir objetivos exigentes; para se exibir doente e justificar faltar depois; comparecer mesmo doente porque já faltou antes; ir trabalhar por recear ficar mais limitado no futuro e precisar de faltar aí ou por prever que familiares possam precisar do seu apoio no futuro ou, simplesmente, fazer pausas breves, não ou menos produtivas, para descontrair e repor a concentração, para trabalhar mais e melhor depois.

Assim, cada instituição deverá analisar com cuidado a sua situação, de forma a perceber qual (ou quais) o(s) subtipo(s) de Presenteísmo(s), para delinear medidas capazes de atenuar o problema.

Palavras-chave : presenteísmo; saúde ocupacional e medicina do trabalho.

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