Introdução

Os Adenocarcinomas Nasossinusais são neoplasias raras que correspondem a menos de 5% dos cancros da cabeça e do pescoço. Os fatores de risco ocupacional que estão relacionados com uma maior incidência de Adenocarcinomas Nasossinusais incluem a exposição crónica a pó de madeira e/ou de couro, níquel e compostos de crómio, formaldeído e outros solventes, além de hidrocarbonetos aromáticos policíclicos. As profissões com exposição a pó de madeiras densas estão particularmente associadas ao subtipo de adenocarcinoma do tipo intestinal, cuja localização mais frequente ocorre no seio etmoidal e na parte superior da cavidade nasal. O relato deste caso clínico tem como objetivo sensibilizar os profissionais de saúde para a vigilância e diagnóstico precoce destes cancros ocupacionais.

Descrição do Caso Clínico

Os autores apresentam o caso de um homem de 81 anos, que trabalhou durante 56 anos como marceneiro na indústria do mobiliário. No seu histórico ocupacional nega utilização de Equipamento de Proteção Individual, nomeadamente a nível respiratório. Numa consulta de vigilância com o seu médico de família referiu epistaxes e obstrução nasal ocasional da narina direita com cerca de três meses de evolução. Na avaliação foi diagnosticada uma lesão neoformativa da fossa nasal direita e foi encaminhado com urgência para consulta de Otorrinolaringologia. Realizou biópsia da lesão que revelou “aspetos morfológicos de adenocarcinoma do tipo intestinal”. Depois de avaliado em consulta de grupo, foi proposto para cirurgia endoscópica nasossinusal e radioterapia adjuvante.

Discussão/Conclusão

A exposição ocupacional ao pó de madeira deve sensibilizar o médico a suspeitar de sintomas sugestivos de cancro ocupacional. O longo período de latência para o desenvolvimento do adenocarcinoma e a maior sobrevivência das pessoas tratadas nas fases iniciais da doença tornam necessária uma vigilância médica periódica para deteção precoce do adenocarcinoma nasal.

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