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Revista Portuguesa de Saúde Ocupacional online

versão impressa ISSN 2183-8453

Resumo

SANTOS, M; ALMEIDA, A  e  LOPES, C. SILICOSE. RPSO [online]. 2022, vol.13, pp.157-171.  Epub 21-Jul-2022. ISSN 2183-8453.  https://doi.org/10.31252/rpso.25.06.2022.

Introdução/enquadramento/objetivos

As pneumoconioses são as doenças profissionais mais frequentes. A Silicose é causada pela inalação de Sílica cristalina respirável. Trata-se de uma patologia pulmonar fibronodular intersticial difusa. Inicialmente ela é assintomática, contudo, geralmente progressiva e sem cura. O diagnóstico fundamenta-se parcialmente na história profissional de exposição.

É mais prevalente em países com uma taxa de desemprego considerável e/ou pouca ou nenhuma vigilância da Saúde e Segurança no trabalho.

Metodologia

Trata-se de uma Revisão Bibliográfica, iniciada através de uma pesquisa realizada em janeiro de 2022, nas bases de dados “CINALH plus with full text, Medline with full text, Database of Abstracts of Reviews of Effects, Cochrane Central Register of Controlled Trials, Cochrane Database of Systematic Reviews, Cochrane Methodology Register, Nursing and Allied Health Collection: comprehensive, MedicLatina e RCAAP”.

Conteúdo

A Sílica ou o dióxido de silício (SiO2) é constituída por oxigénio e silício. Na natureza existe nas formas amorfa e cristalina. A International Agency for Research on Cancer (IARC) considerou a Sílica cristalina inalada como cancerígena para humanos (grupo 1), provavelmente devido ao dado celular, inflamação, stress oxidativo e inibição da clearence. A Sílica amorfa não é considerada cancerígena para humanos (grupo 3).

A Silicose existe em todos os países, mas é mais prevalente nos menos desenvolvidos, mesmo percebendo-se que a incidência real deverá ser superior à oficial, devido à situação estar sub-reportada. Nos países mais desenvolvidos a incidência/prevalência tem diminuído, devido à melhoria das condições de trabalho.

A exposição é relevante via inalatória; vias cutânea e digestiva não têm geralmente consequências importantes em contexto laboral.

O risco para a saúde varia com a concentração, dimensão das partículas- diâmetro, superfície e forma (mais perigosas se mais pequenas), tempo de exposição, tipo de Sílica (a cristalina, tridimita e a cristobalita são as mais lesivas, ainda que mais raras), densidade, solubilidade em água e lípidos, reatividade química, carater higroscópico e eletrostático, temperatura, velocidade do ar e atividade física do funcionário. Por sua vez, neste último, destacam-se o género, área corporal, idade, estado geral de Saúde, patologias prévias e tabagismo; ou seja, a suscetibilidade individual.

As partículas podem ser inaláveis, torácicas ou respiráveis (estas últimas conseguem se depositar nos pulmões). A forma, tamanho e densidade das poeiras irão condicionar o comportamento e penetração no aparelho respiratório. A fração respirável é constituída por partículas com menos de 10 micrómetros, ou seja, com capacidade para atingir a zona onde se efetua a troca gasosa; maiores que isso, geralmente ficam depositadas na região nasal e torácica. As nanopartículas com Sílica menores que 100 nanómetros podem chegar à circulação sanguínea.

Após a inalação, as partículas de Sílica depositam-se sobretudo nos bronquíolos e alvéolos; se a clearence mucociliar não for suficiente, surge inflamação (alveolite), que poderá posteriormente levar a fibrose e cancro. A ativação dos macrófagos origina radicais livres/espécies reativas de oxigénio, que nem sempre são atenuados pelas defesas anti-oxidantes. A exposição continuada potencia a libertação de citoquinas que, por sua vez, ativam mais macrófagos, neutrófilos e linfócitos; a produção aumentada de colagénio levará então à dita fibrose, diminuindo a rentabilidade e eficácia pulmonares; ou seja, diminuindo as trocas gasosas; sendo que esta pode também atingir a pleura.

Discussão e Conclusões

Apesar dos avanços proporcionados por um sistema de Saúde e Segurança cada vez mais eficaz, ainda assim a Silicose constitui um problema em alguns contextos, pelo que é necessário que os profissionais a exercer nestas equipas tenham conhecimentos razoáveis relativos aos setores/tarefas onde esta pode ocorrer, exames auxiliares de diagnóstico e restantes parâmetros da vigilância, medidas de proteção coletivas e individuais, bem como eventuais implicações para a classificação de aptidão.

Seria relevante conhecer melhor o panorama nacional, através da divulgação de investigações efetuadas neste contexto.

Palavras-chave : sílica; silicose; segurança no trabalho; saúde ocupacional e medicina do trabalho.

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