Introdução:

A Segurança, Saúde e Bem-estar dos Trabalhadores devem constar como preocupações de milhões de profissionais em todo o mundo, mas a questão estende-se para além dos indivíduos e das suas famílias, sendo de extrema importância para a produtividade, competitividade e sustentabilidade das empresas e comunidades.

Portugal é um dos países que apresenta das maiores taxas de Acidentes de Trabalho não mortais na Europa, sendo as Lesões Músculo-esqueléticas Relacionadas com o Trabalho o problema de Saúde Ocupacional mais comum, tendo consequências ao nível do absentismo e quedas de produtividade.

Objetivos:

Analisar os Acidentes de Trabalho numa empresa de transformação no norte de Portugal entre o ano 2018 e o primeiro semestre de 2020; descrever as Lesões Músculo-esqueléticas Relacionadas com o Trabalho associadas aos sinistros laborais.

Métodos:

Estudo quantitativo exploratório, retrospetivo e descritivo. De acordo com os critérios de inclusão definidos, selecionou-se uma amostra de 798 trabalhadores que sofreram 1076 Acidentes de Trabalho. As fontes de dados foram a plataforma de registos de sinistros ocupacionais da empresa e dados provenientes da seguradora. Foi criado um formulário de recolha dos mesmos onde se incluíram dados relativos a caracterização dos acidentes de trabalho, organização e carga horária laboral, causas e consequências dos acidentes de trabalho e custos imputados. A análise descritiva foi realizada com recurso ao programa SPSS 26.0.

Resultados:

Os 1076 Acidentes de Trabalho afetaram 798 trabalhadores, observando-se que em 298 situações existem colaboradores com mais de um Acidente. Nos dias úteis da semana, a maioria dos Acidentes ocorreu no Turno da Manhã (36,2%), verificando-se mais sinistros no último quarto do Turno (28,9%). O Departamento Produção Vulcanização tem uma maior incidência de Acidentes (34,6), seguido pelo Departamento Engenharia Vulcanização (30,5). Ao fim de semana há menor frequência absoluta de Acidentes de Trabalho, contudo são as equipas de fim de semana em Turnos rotativos que têm uma maior percentagem de Acidentes, sobretudo quando realizam Turno rotativo da semana. As lesões mais frequentes foram as feridas e lesões superficiais (45,6%) e as deslocações, entorses e distensões (40,8%), sendo as extremidades superiores do corpo as mais afetadas com 42%. Os Acidentes de Trabalho representaram um custo direto de 967.799,53 euros.

Conclusão:

Este estudo permitiu caracterizar os Departamentos e Postos de Trabalho com maior incidência de Acidentes de Trabalho, as Lesões Músculo-esqueléticas resultantes dos mesmos e a relevância dos Turnos na ocorrência de sinistros. Estes dados permitem-nos identificar os pontos críticos para delinear um plano de intervenção direcionado às especificidades detetadas. Perante esta problemática, torna-se primordial adotar medidas preventivas efetivas, intervenções e estratégias de forma a reduzir a ocorrência de sinistros laborais, contribuindo para a Saúde e Bem-estar do Trabalhador, devendo os Serviços de Saúde Ocupacional ter um papel preponderante nas áreas da investigação e prevenção de Lesões Músculo-esqueléticas resultantes de Acidentes de Trabalho.

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