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População e Sociedade

versão impressa ISSN 0873-1861versão On-line ISSN 2184-5263

Resumo

GUIMARAES, José Marques. A Política dos Estados Unidos para a África desde a II Guerra Mundial até ao início da década de 1960. População e Sociedade [online]. 2022, n.37, pp.99-117.  Epub 02-Jan-2023. ISSN 0873-1861.  https://doi.org/10.52224/21845263/rev37v1.

Apesar da chamada tradição anticolonial americana (a herança da independência, ou Espírito de 1776), entre a II Guerra Mundial e o início da década de 1960 a política africana dos Estados Unidos esteve sempre subordinada às prioridades de segurança da Europa. De facto, no final da II Guerra Mundial a Europa esteve ameaçada de colapso, devido não só aos cerca de 80 milhões de mortos resultantes do conflito, mas também às gigantescas necessidades de reconstrução social e económica provocadas pela destruição maciça das suas infraestruturas produtivas, habitacionais e comerciais, que impossibilitava a satisfação das condições básicas de sobrevivência. Situação caótica da qual emergiu uma torrente humana praticamente imparável, através da qual as populações dos países envolvidos na guerra procurariam conquistar um mundo livre de miséria e de fome, de exploração e de opressão. Confrontado com esta “vaga revolucionária”, agravada pela impotência política da maior parte das elites europeias, largamente descredibilizadas em resultado da sua capitulação e colaboração com o ocupante nazi, o governo dos Estados Unidos temeu que ela pudesse viabilizar a concretização do que qualificava como “ameaça comunista”, optando por ajudar a reconstruir a Europa devastada.

O que permite compreender a “Europe First Policy” ("Prioridade Política da Europa") e a consequente subordinação de todas as perspetivas africanas da política externa dos Estados Unidos às prioridades europeias, orientação que começaria a ser alterada entre 1958 e 1960, durante a administração Eisenhower, que reivindicou uma política americana independente para a África, quando a torrente ininterrupta da conquista da independência pelas colónias estava prestes a submergir todo o continente. Por sua vez, a administração Kennedy assegurou a continuidade desta política, apesar do apoio aparente às reivindicações anticoloniais afro-asiáticas, o que evidenciou as dificuldades de adaptação às prioridades políticas da era da descolonização por parte das potências coloniais europeias, especialmente Portugal. No entanto, esta reorientação nunca mudou a política externa dos Estados Unidos, que sempre privilegiou a defesa da Europa contra todo o tipo de ameaças.

Palavras-chave : Anticolonialismo; Colonialismo; Europe First Policy; Independência.

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