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GE-Portuguese Journal of Gastroenterology

versão impressa ISSN 2341-4545versão On-line ISSN 2387-1954

Resumo

GARRIDO, Mónica et al. Impacto das alterações da bioquímica hepática e da doença hepática crónica nos resultados clínicos dos doentes hospitalizados com COVID-19. GE Port J Gastroenterol [online]. 2021, vol.28, n.4, pp.253-264.  Epub 28-Fev-2022. ISSN 2341-4545.  https://doi.org/10.1159/000513593.

Introdução e objetivos:

O impacto da infeção SARS-CoV-2 no fígado e da doença hepática crónica (DHC) na gravidade da COVID-19 não estão completamente esclarecidos. O objetivo deste trabalho foi descrever os resultados clínicos dos doentes internados com COVID-19 relativamente às alterações da bioquímica hepática (BH) e à presença de DHC. Métodos: Foi efetuada uma análise retrospetiva de doentes internados com infeção SARS-CoV-2 num centro terciário de Portugal. Os resultados clínicos avaliados foram a duração da doença e do internamento, a gravidade da COVID-19, a admissão em Unidade de Cuidados Intensivos (UCI) e a mortalidade, analisados pela presença de alterações da BH e de DHC. Resultados: Foram incluídos 317 doentes com uma média de idades de 70.4 anos, 50.5% do género masculino. A COVID-19 foi moderada a grave em 57.4% e crítica em 12.9% dos doentes. A duração média da doença foi de 37.8 dias e a mediana da duração do internamento 10.0 dias. A mortalidade global foi de 22.8%. À admissão, 50.3% dos doentes apresentavam alterações da BH e 41.5% aminotransferases elevadas, 75.4% dos quais elevações ligeiras. As aminotransferases elevadas na admissão associaram-se com a gravidade da COVID-19 (78.7 vs. 63.3%, p = 0.01), a admissão em UCI (13.1 vs. 5.92%, p = 0.034) e com o aumento da mortalidade (25.8 vs. 13.3%, p = 0.007). No entanto, numa análise de subgrupo, apenas a AST estava associada com estes resultados clínicos desfavoráveis. A fosfatase alcalina encontrava-se elevada em 11.4% dos doentes e foi associada com COVID-19 crítica (21.1 vs. 9.92%, p = 0.044) e com mortalidade aumentada (20.4 vs. 9.52%, p = 0.025), enquanto que 24.6% dos doentes apresentavam uma gamaglutamiltransferase elevada, e que foi associada com a admissão em UCI (42.3 vs. 22.8%, p = 0.028). Catorze doentes tinham antecedentes de DHC (4.42%), 3 deles com cirrose hepática. As etiologias mais frequentes foram o álcool (n = 6) e o fígado gordo não-alcoólico (n = 6). Os doentes com DHC apresentaram COVID-19 crítica em 21.4% (p = 0.237), duração média de doença de 36.6 dias (p = 0.291), duração de hospitalização mediana de 11.5 dias (p = 0.447) e mortalidade de 28.6% (p = 0.595), que aumentou para 66.7% nos doentes cirróticos (p = 0.176). Conclusões: As alterações da BH nos doentes internados com COVID-19 foram frequentes mas ligeiras, na sua maioria. A AST, ao contrário da ALT, associou-se com piores resultados clínicos tais como a gravidade da COVID-19 e a mortalidade. Foi registada uma prevalência baixa de DHC na nossa coorte, não tendo sido observado um impacto claro nos outcomes da COVID-19.

Palavras-chave : COVID-19; SARS-CoV-2; Doença hepática crónica; Cirrose; Fígado.

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