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GE-Portuguese Journal of Gastroenterology

versão impressa ISSN 2341-4545

Resumo

MENDES, Raquel R. et al. Disseção endoscópica da submucosa em resseções maiores que 10 cm: outcomes de um centro português. GE Port J Gastroenterol [online]. 2024, vol.31, n.1, pp.33-40.  Epub 01-Mar-2024. ISSN 2341-4545.  https://doi.org/10.1159/000528102.

Background:

A disseção endoscópica da submucosa (DES) é uma técnica minimamente invasiva para resseção em bloco de tumores superficiais, independentemente do seu tamanho. No entanto, nas neoplasias superficiais gastrointestinais gigantes, o risco de cancro invasivo está aumentado e a DES é tipicamente desafiante. Apesar do incremento da literatura acerca de resseções gigantes, dados da sua eficácia e segurança são ainda escassos.

Objetivo:

Descrição de outcomes de DES de um centro português e comparação com estudos internacionais. Análise de eventuais fatores de risco influenciando os outcomes.

Métodos:

Revisão retrospetiva de um centro, usando a sua base de dados prospectivamente colhida, incluindo pacientes com resseções rectais por DES maiores que 10 cm, entre janeiro 2016 e dezembro 2021. Dados clínicos, endoscópicos e patológicos foram colhidos e analisados. A literatura foi revista através do PubMed, para comparação com resultados internacionais. A análise dos resultados e estatística foi realizada, utilizando o Microsoft Excel e SPSS, para a identificação de fatores de risco com impacto significativo nos outcomes.

Resultados:

O estudo incluiu um total de 15 resseções retais, com uma média de diâmetros de 140,9 mm (intervalo 105-270), correspondendo a lesões 125,9 mm (intervalo 87-238). A taxa de resseção em bloco foi de 100% (n = 15). Segundo os critérios da ESGE, o procedimento foi curativo em 53,3% (n = 8), não curativo com alto risco em 13,3% (n = 2) e com risco de recorrência local em 33,3% (n = 5). Eventos adversos ocorreram em 26,7% (n = 4): 1 microperfuração e 3 estenoses, a maioria geridas endoscopicamente. Os 5 casos não curativos com risco de recorrência local ficaram apenas sob vigilância. Nas ressecções não curativas de alto risco, um paciente foi submetido a cirurgia e outro a quimioradioterapia adjuvante. O follow-up (média de 16 meses) demonstrou uma taxa de recorrência de 0%. A análise estatística demonstrou o tamanho da ressecção ≥20 cm como fator de risco significativo para perfuração (p value 0.067); e envolvimento de ≥ 90% da circunferência do lúmen e tempo de procedimento ≥4h como fatores de risco significativos para estenose (p value 0.029 e 0.009, respetivamente).

Conclusão:

Apesar de desafiante, a DES para lesões gigantes parece eficaz e segura, com uma taxa de complicações importante, possíveis de tratamento endoscópico. A caracterização rigorosa destas lesões é crucial para predizer e evitar complicações ou a necessidade de escalada terapêutica.

Palavras-chave : Disseção endoscópica da submucosa; Cancro gastrointestinal precoce; Endoscopia terapêutica.

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