SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
 número171O Norte, o Sul, a raça, a nação - representações da identidade nacional portuguesa (séculos XIX-XX)Do que falamos quando falamos de regulação em saúde? índice de autoresíndice de assuntosPesquisa de artigos
Home Pagelista alfabética de periódicos  

Serviços Personalizados

Journal

Artigo

Indicadores

Links relacionados

  • Não possue artigos similaresSimilares em SciELO

Compartilhar


Análise Social

versão impressa ISSN 0003-2573

Anál. Social  n.171 Lisboa jul. 2004

 

O convidado inesperado: Portugal e a fundação da EFTA, 1956-1960**

Nicolau Andresen-Leitão*

Este artigo analisa o processo como Portugal se tornou membro fundador da EFTA, esclarecendo de que modo conseguiu obter, durante as negociações de 1956-1958 para a área de mercado livre da OECE, o estatuto especial de que a economia portuguesa necessitava. A importância desse estatuto reside no facto de ele se ter revelado essencial para que os restantes países da EFTA aceitassem a adesão de Portugal em 1959.

Palavras-chave: Zona de comércio livre; Portugal; Fundação de EFTA

 

L’invité inattendu: le Portugal et la fondation de l’AELE, 1956-1960

Le propos de cet article est d’expliquer la façon dont le Portugal est devenu membre fondateur de l’AELE, avec droit à un statut spécial pour son économie en développement. Je commencerai par préciser comment le Portugal a réussi à déterminer, pendant les pourparlers de 1956-58 pour la zone du libre echange (FTA) de l’OECE, le statut spécial nécessaire à son économie retardée — un statut qui, à l’inverse des exigences excessives des autres pays en voie de développement, serait accepté par les pays développés de l’OECE. L’importance historique de ce statut spécial, approuvé par un groupe d’experts de l’OECE, réside dans le fait qu’il se soit révélé essentiel pour que les autres pays de l’AELE acceptent l’adhésion du Portugal en 1959, ce qui constitue la base de l’annexe G de la Convention de Stockholm. L’article analysera également le débat qui s’est déroulé dans le Bureau du Commerce Extérieur portugais et qui a abouti à l’approbation de ce statut spécial. Enfin, je me concentrerai sur le succès de la négociation de ce statut au sein des négociations de l’AELE.

 

The unexpected guest: Portugal and the foundation of EFTA, 1956-1960

The purpose of this article is to explain how Portugal became one of the founder members of EFTA, with a right to special status for its developing economy. I start by explaining how, during the 1956-58 negotiations for the free trade area (FTA) of the Organisation for European Economic Cooperation (OEEC), Portugal managed to determine the special status its backward economy would require — and which the developed countries of the OEEC would accept, unlike the excessive demands of other developing countries. The historic significance of that special status, once it had been approved by an OEEC group of experts, lies in the fact that it was a key element in gaining acceptance by the remaining EFTA countries of Portu-gal’s membership in 1959, becoming as it did the basis for annex G to the Stockholm Agreement. This article also analyses the debate which took place in the Portuguese External Trade Office, which was to lead to the approval of this special status. Finally, I focus on the successful negotiation of that special status in the EFTA negotiations.

 

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text only available in PDF format.

 

 

Bibliografia

ALÍPIO, Elsa Santos (2001), O Processo Negocial da Adesão de Portugal (1956-1960), (mimeo).         [ Links ]

ALÍPIO, Elsa Santos (2002), «O processo negocial da adesão de Portugal (1956-1960)», in Ler História, 42.

ÁLVARES, Pedro, e FERNANDES, Carlos Roma (1972), Portugal e o Mercado Comum. Da EFTA aos Acordos de 1972.

ÁLVARES, Pedro, e FERNANDES, Carlos Roma (1980), Portugal e o Mercado Comum. Dos Acordos de 1972 às Negociações de Adesão, vol. 2.

ANDRESEN-LEITÃO, Nicolau (2001), «Portugal’s European integration policy, 1945-1972», in Journal of European Integration History, vol. 7, n.º 1.

ANDRESEN-LEITÃO, Nicolau (2003), «Portugal e a fundação da EFTA 1956-1960», in Álvaro de Vasconcelos (coord.), Calvet de Magalhães. O Humanismo Tranquilo.

BALASSA, Bella (1979), «Portugal in face of the common market», in Second International Conference on the Portuguese Economy.

BARBOSA, Daniel (1966), Novos Rumos da Política Económica.

BARRETO, António (1994), «Portugal, a Europa e a democracia», in Análise Social, 129, vol. XXIX, 5.º

BOSSUAT, Gérard (1996), «Les enjeux des constructions européennes pour la France et le Portugal (1944-60)», in António José Telo (ed.), O fim da Segunda Guerra Mundial e os Novos Rumos da Europa.

CAETANO, Marcello (1977), Minhas Memórias de Salazar.

CAMPOS, João Mota (1970), Le Portugal qui frappe aux portes de l’Europe.

CAMPS, Miriam (1964), Britain and the European Community 1955-1963.

CASTILHO, José Manuel Tavares (1998), «O marcelismo e a construção europeia», in Penélope, n.º 18.

CASTILHO, José Manuel Tavares (2000), A Ideia da Europa no Marcelismo 1968-1974.

CMND. 641 (Janeiro de 1959), Negotiations for a European Free Trade Area. Documents Relating to the Negotiations from July, 1956, to December, 1958.

CRAVINHO, João (1983), «Characteristics and motives for entry?», in J. L. Sampedro e J. A. Payno, The Enlargement of the European Community, Case-Studies of Greece, Portugal and Spain.

CURZON, Victoria (1974), The Essential of Economic Integration: Lessons of EFTA Experience.

EFTA (1982), Convention Establishing the European Free Trade Area.

FAURI, Francesca (1998), «Italy and the free trade area negotiations 1956-58», in Journal of European Integration History, vol. 4, n.º 2.

FERREIRA, José Medeiros (1991), «Os regimes democráticos e o processo de integração na Europa», in Hipólito de la Torre Gómez (ed.), Portugal, España y Europa: Cien Años de Desafio (1890-1990).

FERREIRA, José Medeiros (1999), A Nova Era Europeia, de Genebra a Amesterdão.

GRIFFITHS, Richard T., e LIE, Bjarne (1996), «Portugal e a EFTA, 1959-1973», in Portugal e a Europa.

GUERRA, Ruy Teixeira, FREIRE, António Siqueira, e MAGALHÃES, José Calvet de (1981), Movimentos de Cooperação e Integração Europeia no Pós-Guerra e a Participação de Portugal Nesses Movimentos.

LOPES, José da Silva (1960), «Aspectos recentes da cooperação comercial à escala de toda a Europa ocidental», in Colóquio sobre a Posição de Portugal perante a Cooperação das Economias Europeias.

LOPES, José da Silva (1979), «Portugal in the face of the common market: comment», in Second International Conference on the Portuguese Economy.

LOPES, José da Silva (1982), «Portugal and the EEC: the application for membership», in A. Girão (ed.), Southern Europe and the Enlargement of the EEC.

LOPES, José da Silva (1993), Portugal and EC Membership Evaluated.

LOPES, José da Silva (1996), «A economia portuguesa desde 1960», in António Barreto (ed.), A Situação Social em Portugal, 1960-1995.

MACEDO, Jorge Braga de (1990), «Portugal’s twenty-five EFTA years», in EFTA (ed.), EFTA in a Changing Europe.

MAGONE, José (1998), «A integração europeia e a construção da democracia portuguesa», in Penélope, n.º 18.

OLIVEIRA, José Gonçalo Corrêa d’ (1963), Portugal e o Mercado Comum Europeu.

OLIVEIRA, José Gonçalo Corrêa d’ (1967), Portugal e o Mercado Comum Europeu II.

PINTO, António Costa, e TEIXEIRA, Nuno Severiano (2002), «From Africa to Europe: Portugal and European integration», in António Costa Pinto e Nuno Severiano Teixeira (eds.), Southern Europe and the Making of the European Union, 1945-1980s.

PINTO, Luís Teixeira (1957), Portugal e a Integração Económica Europeia.

PORTO, Manuel (1984), «Portugal: twenty years of change», in Alan Williams (ed.), Southern Europe Transformed, Political and Economic Change in Greece, Italy, Portugal and Spain.

RODRIGUES, Sérgio (2002), Portugal vis-à-vis le proces d’integration europeéne — amorce d’une conscience continentale, 1960-70 (mimeo).

ROLLO, Fernanda (1994a), «Portugal e o Plano Marshall: história de uma adesão a contragosto (1947-1952)», in Análise Social, 128, vol. XXIX, 4.º

ROLLO, Fernanda (1994b), Portugal e o Plano Marshall.

ROLLO, Fernanda (1998), «Salazar e a construção europeia», in Penélope, n.º 18.

ROMÃO, António (1982), «A economia portuguesa perante o movimento de integração europeia: algumas reflexões», in Análise Social, 18 (72-73-74).

ROMÃO, António (1983), Portugal face à CEE. Uma Avaliação Global do Processo de Integração Económica (1960-1980/2).

ROSAS, João Dias (1957), O Movimento Europeu. Suas Incidências na Economia Portuguesa.

SALAZAR, António Oliveira (1959), Discursos e Notas Políticas, vol. V, 1951-1958.

SALAZAR, António Oliveira (1967), Discursos e Notas Políticas, vol. VI, 1959-1966.

TELO, António José (2000), «Portugal e a integración europea (1945-1974)», in Hipólito Torre Gómez (ed.), Portugal y España Contemporáneos.

TOVIAS, Alfred (1990), Foreign Economic Relations of the European Community: The Impact of Spain and Portugal.

TSOUKALIS, Loukas (1981), The European Community and its Mediterranean Enlargement.

VALÉRIO, Nuno (1998a), «Portugal e a integração europeia», in Revista ANPEC, n.º 3.

VALÉRIO, Nuno (1998b), «O significado económico do império colonial para um pequeno poder: o caso de Portugal (de finais do século XIX ao terceiro quartel do século XX», in António Telo e Hipólito Torre Gómez (eds.), Portugal y España en el Sistema Internacional.

XAVIER, Alberto Pinheiro (1970a), Portugal e a Integração Económica Europeia.

XAVIER, Alberto Pinheiro (1970b), «Portugal face ao mercado comum europeu», in Economia e Sociologia, n.os 9-10.

 

 

* Investigador, Instituto Universitário Europeu; bolsas de investigação do Ministério de Negócios Estrangeiros/Instituto Universitário Europeu, da Fundação para a Ciência e a Tecnologia e do Fundo Social Europeu no âmbito do III Quadro Comunitário de Apoio, da Fundação Calouste Gulbenkian e da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento.

** As referências arquivísticas são: AHD-MNE — Arquivo Histórico-Diplomático/Ministério dos Negócios Estrangeiros (Lisboa); ANTT — Arquivo Nacional da Torre do Tombo (Lisboa); HAEC — Arquivos Históricos da Comunidade Europeia (Florença); PCM — Presidência do Conselho de Ministros (Lisboa); PRO — Public Records Office (Londres).

 

 

Creative Commons License Todo o conteúdo deste periódico, exceto onde está identificado, está licenciado sob uma Licença Creative Commons