SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
 número187Vínculos de sangue e estruturas de papel: ritos e território na história de quême (inhambane)Ai confini del fascismo. Propaganda e consenso nel Portogallo salazarista (1932-1944) índice de autoresíndice de assuntosPesquisa de artigos
Home Pagelista alfabética de periódicos  

Serviços Personalizados

Journal

Artigo

Indicadores

Links relacionados

  • Não possue artigos similaresSimilares em SciELO

Compartilhar


Análise Social

versão impressa ISSN 0003-2573

Anál. Social  n.187 Lisboa abr. 2008

 

«Antes o `diabo' conhecido do que um `anjo' desconhecido»: as limitações do voto económico na reeleição do partido FRELIMO**

João C. G. Pereira*

 

A literatura dedicada ao voto económico tem demonstrado que os eleitores responsabilizam o governo pelo estado da economia e que punem, igualmente, os partidos no poder que apresentem um fraco desempenho económico e que não cumpram as promessas eleitorais. Porém, tais estudos não fornecem uma explicação convincente para a repetida reeleição do partido da FRELIMO em Moçambique, o qual, não obstante os elevados níveis de pobreza, desemprego e descontentamento económico, venceu três eleições consecutivas. No presente artigo defendo que a reeleição da FRELIMO deverá ser explicada à luz de factores adicionais: o tipo de transição política, o contexto local, a inexistência de uma compreensão clara da diferença entre avaliações pessoais e económicas; o controlo de recursos, as estratégias de implementação de políticas e o tipo de partido político.

Palavras-chave: voto económico; eleições; promessas de campanha eleitoral; partido governante.

 

The literature on economic voting shows that voters hold governments responsible for the state of the economy and punish ruling parties who fail on the economy and do not live up to their electoral promises. These studies do not, however, provide a convincing explanation for the recurring election of FRELIMO in Mozambique, which won three successive elections despite high levels of poverty, unemployment and economic discontent. In this article I argue we should explain the re-election of FRELIMO in the light of additional factors: the type of political transition, the local context, the lack of a clear understanding of the difference between personal and economic assessments; control over resources, strategies for policy implementation and types of political party.

Keywords: economic voting; elections; electoral campaign promises; governing party.

 

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text only available in PDF format.

 

Bibliografia

Achen, C. (1992), «Social psychology, demographic variables and the linear regression: breaking the iron triangle in voter research», in Political Behavior, 14 (3), pp. 195-211.        [ Links ]

Alt, J., et al. (2000), «A dynamic model of state budget outcomes under divided partisan government», in Journal of Politics, 62, pp. 1035-1069.

Bratton, M., et al. (2004a), Public Opinion, Democracy, and Market Reform in Africa, Cambridge, RU, Cambridge University Press.

Brito, L. de (1996), «Voting behavior in Mozambique's first multiparty elections», in Mozambique: Elections, Democracy and Development, Maputo, Elo Gráfico, pp. 455-477.

Cahen, M. (1998), «Dhlakama e maningue nice: an atypical former guerrilla in Mozambique electoral campaign», in Transformation, 35, pp. 1-48.

Cahen, M. (2002), Les bandits: un historien au Mozambique, 1994, Portugal, Fundação Calouste Gulbenkian.

Carbone, G. (2003a), «Developing multi-party politics: stability and change in Ghana and Mozambique», documento de trabalho n.º 36, Crise States Programme, London of Economic School/Development Research Centre.

Carbone, G. (2003b), «Emerging pluralist politics in Mozambique: the FRELIMO-RENAMO party system», documento de trabalho n.º 23, Crise States Programme, London of Economic School/Development Research Centre.

CEP — Centro de Estudos da População (1998), Inquérito Nacional de Opinião Pública —1997, Maputo, CEP-UEM.

CEP —_ Centro de Estudos da População (2002), Inquérito Nacional de Opinião Pública —2001, Maputo, CEP-UEM.

Chabal, P., et al. (1999), African Works: Disorder as Political Instrument, Oxford, James Currey.

Clarke, D., et al. (1990), «Perceptions of macroeconomic performance, government support and Conservative Party strategy in Britain, 1983-1987», in European Journal of Political Research, 18, pp. 97-120.

Clarke, D., et al. (1994), «Prospective, retrospective and rationality: the `bankers' model of presidential approval reconsidered», in American Journal of Political Science, 38, pp. 1104-1123.

Domingues, J., et al. (1996), Democratization Mexico: Public Opinion and Electoral Choice, Baltimore, Johns Hopkins University Press.

Downs, A. (1957), An Economic Theory of Democracy, Nova Iorque, Harper and Row.

Duch, R. (2001), «A developmental model of heterogeneous economic voting in new democracies», in American Political Science Review, 95, pp. 895-910.

Erikson, S. (1989), «Economic conditions and presidential vote», in American Political Science Review, 83, pp. 567-573.

Ferejohn, J. (1986), «Incumbent performance and electoral control», in Public Choice, 50, pp. 5-25.

Fiorina, M. (1981), Retrospective Voting in America National Elections, New Haven, Yale University.

Fiorina, P. (1978), «Economic retrospective voting in America national elections: a micro analysis», in American Journal of Political Science, 22 (2), pp. 426-443.

Fox, L., et al. (2005), «Poverty in Mozambique. Unraveling changes and determinants», Poverty Background Paper to the Country Economic Memorandum, Washington, D. C., World Bank.

Hamann, K. (2000), «Linking policies and economic voting: explaining reelection in the case of the Spanish Socialist Party», in Comparative Political Studies, 33, pp. 1018-1048.

Hanlon, J. (1984), Mozambique: the Revolution under Fire, Londres, Zed Books.

Harrison, G. (1996), «Democracy in Mozambique: the significance of multi-party elections», in Review of African Political Economy, 67, pp. 19-34.

Harrison, G. (1999), «Mozambique between two elections: a political economic of transition», in Democratization, 6, Londres, Frank Cass.

Hetherington, J. (1998), «The political relevance of political trust», in American Political Science Reviews, 92, pp. 791-808.

Hetherington, J. (1999), «The effects of political trust on the presidential vote, 1968-1996», in American Political Science Reviews, 93, pp. 311-326.

Hibbs, A. (1982), «On the demand for economic outcomes: macroeconomic performance and mass political support in the United States, Great Britain, and Germany», in Journal of Politics, 44, pp. 426-462.

INE (1998), Inquérito Nacional aos Agregados Familiares sobre Condições de Vida 1996/97. Relatório Final, Maputo, Instituto Nacional de Estatística.

INE (1999), The Population and Housing Census 1996/97, Maputo, Instituto Nacional de Estatística.

INE (2000), Situação Linguística de Moçambique. Dados do II Recenseamento Geral da População e Habitação de 1997, Maputo, Instituto Nacional de Estatística.

INE (2001), Questionário de Indicadores Básicos de Bem-Estar (QUIBB) — Quadros Definitivos 1, Maputo, Instituto Nacional de Estatística.

INE (2002), Características Sócio-Económicas das Comunidades Rurais em Moçambique, 2001/2002, Maputo, Instituto Nacional de Estatística.

INE (2003), Características Sócio-Económicas das Comunidades Rurais em Moçambique, 2002/2003, Maputo, Instituto Nacional de Estatística.

INE (2004a), Inquérito Nacional aos Agregados Familiares sobre Orçamento Familiar 2002/2003, Relatório Final, Maputo, Instituto Nacional de Estatística.

INE (2004b), Inquérito Nacional aos Agregados Familiares sobre Orçamento Familiar 2002/2003. Quadros Definitivos, Maputo, Instituto Nacional de Estatística.

Key, V. O. (1967), The Responsible Electorate: Rationality in Presidential Voting, Cambridge, Harvard University Press.

Kinder, R., et al. (1979), «The economic discontent and political behavior: the role of personal grievances and collective economic judgments in congressional voting», in American Journal of Political Science, 23, pp. 495-527.

Kinder, R., et al. (1981), «Sociotropic politics», in British Journal of Political Science, 11, pp. 129-161.

Lewis-Beck, M., et al. (2000), «Economic determinants of electoral outcomes», in Annual Review of Political Science, 3, pp. 183-219.

Lewis-Beck, S. (1988), Economics and Elections, Ann Arbor, University of Michigan Press.

Mackuen, M., et al. (1992), «Peasants or bankers? The American electorate and the U. S. economy», in American Political Science Review, 86, pp. 597-611.

Mackuen, M., et al. (1996), «Comments on presidents and prospective voter», in Journal of Politics, 58, pp. 793-801.

Magaloni, B. (1997), The Dynamics of Ruling Party Decline: the Mexico Transition to Multypartyism, tese de doutoramento, Duke University.

McAllister, I. (1999), «The economic performance of government», in Critical Citizens: Global Support for Democratic Governance, Londres, Oxford University Press.

Nadeau, R., et al. (2001), «National economic voting in US presidential elections», in The Journal of Politics, 63, pp. 159-181.

Norpoth, H. (1996a), «The economy», in Democracies: Elections and Voting in Global Perspective, Londres, Sage Publication.

Norpoth, H. (1996b), «Presidents and the prospective voter», in Journal of Politics, 58, pp. 776-792.

Norpoth, H. (2002), «Divided government and economic voting», in The Journal of Politics, 63, pp. 414-435.

Ottaway, M. (1998), «Ethnic politics in Africa», in State, Conflict and Democracy in Africa, Boulder, Co., Lynne Rienner.

Pereira, J. (1997), «As primeira eleições multipartidárias e o comportamento eleitoral no distrito de Marromeu», in Boletim do Arquivo Histórico de Moçambique, 21, Maputo, AHM.

Pereira, J. (2006), A Política de Sobrevivência: Camponeses, Chefes Tradicionais e RENAMO no Distrito de Marigue, 1982-1992, Maputo, Promedia.

Rose, R., et al. (2002), Elections without Order: Russia's Challenge to Vladimir Putin, Reino Unido, Cambridge University Press.

Sandbrook, R., et al. (1999), Reforming the Political Kingdom: Governance and Development in Ghana´s Fourth Republic, Acra, CDD.

Sanders, D. (1993), «The electoral impact of press coverage of the British economy, 1979-87», in British Journal of Political Science, 23, pp. 175-210.

Sanders, D. (2001), «The economy and voting», in Britain votes 2001, Oxford, Oxford University Press.

Tvedten, I., et al. (2006), «Opitanha», in Social Relations of Rural Poverty in Northern Mozambique, Noruega, CMI Reports.

Tyler, R. (1982), «Personalization in attributing responsibility for national problem to the president», in Political Behavior, 4, pp. 379-99.

UNCTAD — United Nations Conference on Trade and Development (2002), The Last Developed Countries Report 2002: Escaping the Poverty Trap, Genebra, ONU.

UNDP (2005), Human Development Report 2005: Reaching for the Millennium Development Goals, Maputo, UNDP.

Van de Walle, N. (1994), «Neopatrimonialism and democracy in Africa, with an illustration from Cameroon», in Economic Change and Political Liberation in Sub-Saharan Africa, Baltimore, The Johns Hopkins University Press.

Van de Walle, N. (2002), «Africa's range of regimes», in Journal of Democracy, 13 (2), pp. 66-80.

Van de Walle, N. (2003), «Presidentialism and clientelism in Africa's emerging party systems», in The Journal of Modern African Studies, 41, pp. 297-318.

Vaux, T., et al. (2005), Strategic Conflict Assessment: Mozambique, Maputo, DFID.

Vines, A. (1991), RENAMO: Terrorism in Mozambique, York, Centre for African Studies, University of York.

Vines, A. (1996), RENAMO: From Terrorism to Democracy in Mozambique, York, Centre for African Studies, University of York.

Wantchekon, L. (2003), «Clientelism and voting behavior: evidence from a field experiment in Benin», in Worlds Politics, 55, pp. 399-422.

White et al. (1997), How Russia votes, Nova Jérsia, Chatham House Publishers.

 

* Universidade Eduardo Mondlane.

** Gostaria de agradecer aos meus colegas da Universidade Eduardo Mondlane e do Instituto de Estudos Sociais e Económicos (IESE) pelos seus comentários e apreciações críticas, em produzir resultados económicos aceitáveis e recompensam aqueles que satisfazem as suas expectativas. O sucesso ou fracasso de um partido governante está directamente relacionado com a mudança (real ou percepcionada) das condições económicas antes das eleições. Os partidos no poder são recompensados com um maior número de votos quando existe uma melhoria (real ou expectável) das condições económicas e são punidos com um menor número de votos quando há uma deterioração (real ou expectável) das mesmas (Hibbs, 1982; Erikson, 1989; Sanders, 2001; White et al., 1997). De um modo geral, estamos perante avaliações de carácter mais colectivo do que individual, avaliações essas que são normalmente (ainda que não exclusivamente) retrospectivas e não prospectivas (Lewis-Beck, 1988; Mackuen et al., 1992 e 1996; Sanders, 2001).

Creative Commons License Todo o conteúdo deste periódico, exceto onde está identificado, está licenciado sob uma Licença Creative Commons