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Análise Social

Print version ISSN 0003-2573

Anál. Social  no.249 Lisboa Dec. 2023  Epub Dec 31, 2023

https://doi.org/10.31447/as00032573.2023249.14 

Entrevista

Entre a sociologia e a história. Reflexões sobre a Análise Social, Entrevista com Manuel Villaverde Cabral, por Guya Accornero e Alda Botelho Azevedo

Guya Accornero1 
http://orcid.org/0000-0003-3272-8576

Alda Botelho Azevedo1 
http://orcid.org/0000-0002-1096-2954

Manuel Villaverde Cabral1 
http://orcid.org/0000-0003-4679-5569

1. CIES-Iscte, Iscte - Instituto Universitário de Lisboa » Av. das Forças Armadas - 1649-026 Lisboa, Portugal ». guya.accornero@iscte-iul.pt; alda.azevedo@ics.ulisboa.pt; mvcabral@ics.ulisboa.pt


No âmbito das comemorações dos 60 anos da Análise Social e das entrevistas realizadas com antigos diretores, tivemos a oportunidade de entrevistar o Professor Manuel Villaverde Cabral, investigador emérito do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, que dirigiu a revista durante o ano de 2004, antes de ser diretor do ICS. Na entrevista, Villaverde Cabral realça as dinâmicas da revista em conexão com os debates mais amplos sobre as direções a tomar por uma instituição que nessa altura estava a moldar o seu perfil para o futuro.

GUYA & ALDA__Quando é que foi diretor da Análise Social (AS), e qual era a sua visão para a revista?

MANUEL VILLAVERDE CABRAL__Quando saí da Biblioteca Nacional, onde fui diretor entre 1985 e 1990, regressei ao ICS. Fui diretor da revista uns anos mais tarde, em 2004, mas muito pouco tempo. A minha posição, nessa altura, era que a Análise Social deveria deixar de ser uma “revistas de todas as ciências sociais”, e que devíamos fazer uma revista muito mais focada na sociologia. Uma das minhas ideias era, portanto, a de a reorientar cientificamente. Mas atenção, havia tensão e nunca se discutiu a fundo esta questão. Em todo o caso, não houve tempo nem vontade da maioria e, portanto, ficou como estava.

GUYA & ALDA__Nestes 60 anos, acha que há temas que foram debatidos, mas que não pertenciam à AS?

MANUEL VILLAVERDE CABRAL__E outros que pertenciam e que, todavia, não foram analisados.

GUYA & ALDA__Como é que a AS funcionava? Havia muitos estrangeiros que queriam publicar na revista?

MANUEL VILLAVERDE CABRAL__Para além dos investigadores do Instituto, recebíamos propostas do exterior, mas não havia muitos estrangeiros. Poderia haver, por contactos. Nessa altura, eu fui o único que mantive relações com o Brasil, nomeadamente com o Renato Lessa, que pouco escreveu para a AS… Mas que quando escreve, é muito bom!

GUYA & ALDA__Já se praticava uma revisão “cega”?

MANUEL VILLAVERDE CABRAL__Não, de início não. No final dos anos 90 começou a fazer-se revisão por pares, mas muitas vezes eram os responsáveis da revista que liam os artigos, para ver se estavam bem, digamos. E ainda havia coisas do género: “Eh pá, escrevi um artigo! Vocês não o querem publicar?”, era um bocado assim. A revista tinha um impacto que não tem agora, no sentido em que estava mais sozinha. Claro, havia menos revistas, portanto nós ocupávamos um espaço maior.

GUYA & ALDA__E quando é que começou a publicar na Análise Social?

MANUEL VILLAVERDE CABRAL__Os meus dois primeiros textos na AS são de pseudo-teoria, digamos… e foram publicados há quase 50 anos! Publiquei dois textos de teoria do desenvolvimento, sobre o desenvolvimento capitalista, em última instância. Escrevi isso antes do 25 de Abril para a OCDE. Pagaram-me e tudo. Isto era porque tínhamos de viver. Foram escritos em França e só foram publicados na AS.

GUYA & ALDA__E depois tem um sobre o desenvolvimento, antes do 25 de Abril? Ou em 75?

MANUEL VILLAVERDE CABRAL__Sim, antes do 25 de Abril. Não tinha nada sobre o 25 de Abril. Aquilo foi publicado mal eu entrei no GIS. São dois artigos grandes baseados num autor da época, David Landes: uma teoria histórica do desenvolvimento económico. Na altura em que estive em Oxford, li e publiquei muita coisa, o que até atrasou a defesa da tese de doutoramento em Paris.

GUYA & ALDA__Mas também tem aquele artigo muito bom sobre as mudanças sociais nas raízes da transição.

MANUEL VILLAVERDE CABRAL__Isso foi mais tarde. Os artigos mais importantes são do princípio. Depois fiz muita coisa com o João Ferreira de Almeida e iniciámos, com o Machado Pais, a história da agricultura, dos camponeses, mais dos camponeses que da agricultura. Há um artigo do Machado Pais e de toda a equipa dele, incluindo a Aida Valadas de Lima, que é uma pessoa excelente. Foram formados em economia no ISCTE mas tornaram-se sociólogos por nossa influência. Ninguém era de sociologia e eu também não sou!

GUYA & ALDA__Portanto, chegou a pensar que a AS poderia ser uma referência em sociologia para a língua portuguesa?

MANUEL VILLAVERDE CABRAL__Sim! Claro! Tinha todas as condições para ser ‘a’ revista da sociologia. Dando uma folga à direita e à esquerda, poderia ser uma sociologia histórica, uma sociologia política, por exemplo.

GUYA & ALDA__Então como é que reposicionaríamos novamente a AS?

MANUEL VILLAVERDE CABRAL__A AS do meu tempo, já há muitos anos, seguiu a vontade dos antigos do Instituto… o [Manuel] Lucena, o [António] Barreto (e depois o Braga da Cruz), que era a ideia do próprio Adérito [Sedas Nunes] do pensamento social. É curioso, agora está pulverizada em temas diferentes.

GUYA & ALDA__Pode elaborar o que quer dizer com pulverização?

MANUEL VILLAVERDE CABRAL__Quando me refiro à “pulverização temática”, estou a aludir à multiplicidade de estudos que abordam uma ampla gama de países e culturas. Não é necessariamente uma coisa má. Por exemplo, essa pulverização permite a publicação de estudos sobre temas relacionados com Portugal e as ex-colónias em comparação com outros países e/ou colónias. Para dar um exemplo concreto, poderíamos analisar o regime colonialista em Portugal e na Inglaterra nos século XIX, XX e até mesmo na contemporaneidade. A pulverização faz parte da estratégia generalista, acho.

GUYA & ALDA__No seu entender, quais são os aspetos eventualmente negativos e positivos da estratégia generalista?

MANUEL VILLAVERDE CABRAL__Começo pelos lados positivos. A estratégia generalista, desde logo, permite uma abordagem ampla e inclusiva. Até pode promover uma compreensão mais abrangente das dinâmicas sociais, históricas e culturais. A multiplicidade de estudos e comparações entre diferentes contextos proporciona uma visão rica e matizada das questões analisadas, fomentando diálogos interculturais. Por outro lado, não nos podemos esquecer dos aspetos negativos associados a essa estratégia. A “pulverização temática” pode resultar numa dispersão de esforços e recursos, levando a uma falta de foco em temas mais específicos. A meu ver, isso pode dificultar a construção de narrativas mais profundas e detalhadas sobre questões específicas, limitando a profundidade das análises em prol da amplitude geográfica e temática.

GUYA & ALDA__Voltemos ao recorte disciplinar da revista. Para si, a revista deveria ser uma revista de sociologia e de história. Em que sociologia e em que história está a pensar, atendendo às caraterísticas da Análise Social? Como é que vê a articulação entre sociologia e história?

MANUEL VILLAVERDE CABRAL__Ao pensar na Análise Social, percebo essa conexão de maneira bastante clara e direta. Vejo a sociologia como uma ferramenta versátil, aplicável a qualquer período ou circunstância histórica. A AS sempre teve uma inclinação especial para análises focadas em Portugal. Era pouco internacional. Por exemplo, uma investigação interpelante poderia debruçar-se sobre a análise da transição na estrutura sociodemográfica em Portugal, ou mesmo em países comparáveis, ao longo de diferentes séculos. Estudar a evolução dessa estrutura do século XVIII até aos dias atuais proporcionaria uma compreensão mais profunda das mudanças sociais, demográficas e económicas ao longo do tempo. Essa perspetiva diacrónica permitiria identificar padrões, tendências e anomalias que poderiam lançar luz sobre os eventos históricos e as dinâmicas sociais subjacentes. Para mim, isto são bons exemplos do que há por fazer na sociologia histórica.

No que diz respeito à interação entre sociologia e história, percebo-as como disciplinas complementares que, se bem combinadas, nos dão uma visão mais completa e rica da condição humana ao longo do tempo. A sociologia fornece as ferramentas conceptuais para analisar estruturas sociais, relações e comportamentos, enquanto a história contextualiza esses fenómenos, destacando as suas raízes históricas e implicações temporais. Essa articulação dinâmica entre ambas as disciplinas pode resultar numa compreensão mais holística das sociedades, enriquecendo a narrativa histórica com insights sociológicos e vice-versa.

Portanto, ao propor que a revista abrace tanto a sociologia quanto a história, defendo uma abordagem interdisciplinar que explore as interconexões entre essas disciplinas para oferecer uma compreensão mais profunda e abrangente da complexidade da experiência humana ao longo do tempo.

GUYA & ALDA__Esta escolha levanta a questão crucial: porquê essas duas disciplinas específicas? Essa escolha está ancorada na história da própria revista, do Instituto de Ciências Sociais (ICS) ou é influenciada por outros fatores?

MANUEL VILLAVERDE CABRAL__A justificação para essa escolha reside, em grande parte, na natureza epistemológica das disciplinas. Considero a sociologia como uma forma de história “parada”, capturando estruturas sociais e dinâmicas em momentos específicos. Por outro lado, entendo a história como uma sociologia “em movimento”, rastreando a evolução e o desenvolvimento das sociedades ao longo do tempo. Essa dicotomia entre dinâmica e estática, onde a sociologia oferece uma fotografia instantânea e a história proporciona um filme em constante reprodução, destaca a complementaridade intrínseca entre essas disciplinas.

A escolha não é apenas influenciada pela história da revista ou do ICS. É fundamentada na ideia de que, ao integrar essas duas perspetivas, a revista pode oferecer uma abordagem mais abrangente e enriquecedora para compreender as complexidades da condição humana. Essa fusão epistemológica entre sociologia e história cria uma sinergia que amplia o escopo de análise, promovendo uma compreensão mais profunda e holística das questões sociais e históricas.

Claro que a história sempre esteve muito presente no ICS, e isso conta. Temos de ter em conta o contexto, sempre, tudo é contexto. Para um historiador, tudo é contexto. E é sempre ou quase sempre história recente, digamos, séculos XIX e XX. O precursor foi, provavelmente, o Vasco Pulido Valente, já antes do 25 de Abril, e seguiram-se-lhe, a partir de certa altura, o Valentim Alexandre, o António Costa Pinto, o Nuno Monteiro o António Manuel Hespanha, o Rui Ramos, a Fátima Bonifácio, o Jaime Reis, o Pedro Lains, etc. Eu próprio publiquei livros de história sobre os séculos XIX-XX e entrámos, independentemente das formações de base, no período do “Estado Novo”, como o Salgado Matos, por exemplo.

É uma história recente, de algum modo explicativa da sociedade contemporânea. A partir de certa altura, a historiografia entra num período que se pode chamar contemporâneo, como o “salazarismo”. A história que se fazia até ao 25 de Abril [de 1974] - eu, o Pacheco Pereira, o César Oliveira, etc. - era já a história do século XX, muito política. A Fátima Patriarca foi fantástica: com base nos arquivos e nos jornais, fez um livro magnífico onde mostrou de que forma Salazar ganhou a batalha contra o proletariado e quais foram os resultados disso: o corporativismo de inspiração fascista!

GUYA & ALDA__Ao considerar a abrangência geográfica da revista, nota-se também a estratégia generalista, em certa medida. Deveríamos concentrar-nos mais nas investigações sobre Portugal e o mundo lusófono? Como avalia essa perspetiva?

MANUEL VILLAVERDE CABRAL__Sim, concordo com a ideia de uma orientação mais centrada, mas sugiro que o comparativismo inclua Portugal como ponto focal. Acredito que a revista poderia beneficiar de uma abordagem que destaque Portugal e/ou o compare com uma ou mais sociedades lusófonas ou mesmo não lusófonas. Essa ênfase não é apenas uma questão de delimitar a geografia, mas também de reconhecer a singularidade da experiência portuguesa enquanto permitimos comparações enriquecedoras que transcendam fronteiras culturais e linguísticas.

Ao concentrarmo-nos em Portugal e no mundo lusófono, podemos aprofundar a nossa compreensão das dinâmicas sociais e históricas específicas desta região, reconhecendo simultaneamente os pontos de convergência e divergência com outras sociedades e civilizações. A inclusão de comparações proporciona uma abordagem mais rica e contextualizada, permitindo insights valiosos sobre a complexidade das interações culturais e históricas.

É vital, no entanto, evitar uma abordagem excessivamente restrita, pois a pesquisa comparativa pode enriquecer a compreensão global, identificando padrões universais e particularidades únicas. Portanto, proponho uma abordagem balanceada que mantenha um foco especial em Portugal e no mundo lusófono, mas que também incorpore uma perspetiva comparativa ampla.

Essa orientação mais específica não apenas respeita a singularidade das experiências lusófonas, mas também promove uma contribuição significativa para o cenário académico global. Ao destacar Portugal como ponto central, a revista poderia tornar-se numa referência importante para a compreensão aprofundada das dinâmicas sociais e históricas do mundo lusófono. Só assim se podia realmente estabelecer uma ponte valiosa entre o local e o global. Essa abordagem proporcionaria uma visão enriquecida das complexidades interculturais e históricas, e, por sua vez, isso havia de contribuir para a expansão do conhecimento científico num contexto cada vez mais globalizado.

GUYA & ALDA__Como é que escrever em português se pode articular com a crescente anglofonização das ciências sociais?

MANUEL VILLAVERDE CABRAL__Boa pergunta. Em relação à escolha da língua de publicação na revista, é importante começar por esclarecer que nunca estabeleci princípios rígidos nesse sentido. Essa questão em particular não me recordo de tê-la abordado anteriormente. Refletindo sobre o passado e o presente, percebo que há flexibilidade quanto ao idioma utilizado: seja em português com um resumo em inglês ou vice-versa. Essa flexibilidade linguística é um reflexo da abertura para diferentes formas de comunicação académica e reconhece a diversidade de audiências e autores envolvidos.

Repararão que eu, a partir de certa altura, com a saída da BN (foram cinco anos: entrei com 45 anos e saí com 50), passei a publicar sempre que podia no estrangeiro, eventualmente com a cópia em português. Sinceramente, desinteressei-me pela AS pois a revista não correspondia àquilo que eu achava que deveria ser, em função também, em parte, daquilo que eu achava que devia ser o ICS.

A possibilidade de publicar artigos em inglês na revista não é algo a que me oponha. Contudo, é crucial ressaltar que essa abertura está condicionada a critérios específicos que discuti anteriormente. Tais critérios incluem a necessidade de abordar a questão do comparativismo, que pode ser aplicado de diferentes maneiras: seja analisando exclusivamente Portugal, comparando Portugal com outro país ou região, ou ainda explorando comparações entre Portugal e diversas outras regiões ou países, como por exemplo, um estudo comparado entre Alentejo, Andaluzia e Puglia…

Outro critério essencial, creio, é manter um enfoque consistente no mundo lusófono. Independentemente do idioma de publicação, os artigos devem estar alinhados com a temática central da revista, que abrange as complexidades e dinâmicas socioculturais dentro do universo lusófono. Isso significa que, mesmo ao expandir para o inglês, os temas devem preservar uma ligação intrínseca com a realidade portuguesa e as demais sociedades de língua portuguesa.

Além disso, a combinação entre sociologia e história deveria ser um critério-chave para a aceitação de artigos na revista. A meu ver, a interdisciplinaridade entre essas duas disciplinas faz todo o sentido uma vez que promove uma compreensão mais profunda e global das questões abordadas. Dessa forma, a revista poderia conseguir ampliar a sua base de leitores ao considerar a inclusão do inglês, mas também manter a integridade e a coesão da sua identidade editorial.

Em suma, a minha posição sobre a língua de publicação é fundamentalmente pragmática. A disposição para aceitar artigos em inglês decorre da minha convicção de que é importante manter um diálogo global na esfera académica, desde que essas contribuições estejam alinhadas com os princípios fundamentais da revista, que valoriza o comparativismo, o enfoque no mundo lusófono e a integração entre sociologia e história. A Análise Social poderia, então, funcionar como uma plataforma inclusiva para a disseminação do conhecimento produzido pelas ciências sociais e humanas.

GUYA & ALDA__Pensando na sua experiência como editor e autor, que tipo de artigos acharia importante ver publicados na Análise Social?

MANUEL VILLAVERDE CABRAL__Gostava de ver mais artigos que abordassem o envelhecimento demográfico em Portugal e no Brasil, proporcionando uma comparação significativa entre essas duas realidades. O foco em casos específicos relacionados com diferentes gerações, migrantes, imigrantes, ambos os sexos, jovens e idosos, entre outros, seria especialmente valioso. Essa abordagem comparativa permitiria uma análise aprofundada das dinâmicas demográficas e socioculturais presentes em ambos os países, revelando padrões, desafios e oportunidades específicos.

Artigos que explorassem o envelhecimento demográfico, a meu ver, poderiam oferecer novas pistas de investigação sobre as implicações sociais, económicas e de saúde desse fenómeno em evolução. Ao examinar casos específicos, como diferentes gerações, migrantes e imigrantes, seria possível destacar as variações nas experiências de envelhecimento e identificar fatores distintos que moldam essas trajetórias. A consideração das nuances de ambos os sexos, jovens e idosos, acrescentaria uma camada adicional de complexidade, promovendo uma maior compreensão mais holística das interações sociais.

GUYA & ALDA__Finalmente, os elementos visuais têm importância crescente. Atendendo à sua experiência, como vê a articulação entre a escrita de artigos e expressões artísticas ou elementos visuais estéticos? A arte deve fazer parte da revista?

MANUEL VILLAVERDE CABRAL__A interação entre a escrita de artigos e expressões artísticas, na minha perspetiva, deve ser abordada como uma atividade complementar, embora não necessariamente como “arte” no sentido estrito. Por exemplo, a inclusão de elementos visuais pode ser estrategicamente direcionada para abordar tópicos específicos, como a formação profissional e o mercado artístico em Portugal e Espanha. Esses elementos visuais podem enriquecer a narrativa, proporcionando uma dimensão visual que complementa e amplifica as análises escritas.

Ao integrar imagens, gráficos ou outros elementos visuais estéticos, a revista poderia oferecer uma experiência mais envolvente e acessível aos leitores, além de possibilitar a exploração de tópicos complexos de maneiras variadas. Não tenho qualquer problema com isto. No entanto, é crucial distinguir entre o uso funcional de elementos visuais para enriquecer a compreensão dos temas abordados e a conceção de “arte” no sentido tradicional, que muitas vezes busca a expressão estética por si só.

Assim, enquanto defendo a incorporação de elementos visuais como uma ferramenta valiosa na comunicação académica, considero que essa inclusão deve ser guiada por uma abordagem pragmática, orientada para a transmissão eficaz de conhecimento e análises.

Referencias

Accornero, G., azevedo, A., cabral, M. V. (2023), Entrevista “Entre a sociologia e a história. Reflexões sobre a Análise Social”. Análise Social, 249, lviii (4.º), pp. 902-910. [ Links ]

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