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Revista de Ciências Agrárias

versão impressa ISSN 0871-018X

Rev. de Ciências Agrárias vol.40 no.1 Lisboa mar. 2017

https://doi.org/10.19084/RCA15129 

ARTIGO

Sensibilidade de Stemphylium solani a extratos vegetais e caldas e controlo da doença no tomateiro em estufa

Sensitivity of Stemphylium solani to plant extracts and syrups and disease control in tomato at greenhouse

Dauciléia Paula Domingues1, Carlos Antonio dos Santos1, Lígia Sayko Kowata-Dresch1, Carolina de Araújo Reis1, Maria do Carmo de Araújo Fernandes2 e Margarida Goréte Ferreira do Carmo1*

 

1Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Instituto de Agronomia (IA), Departamento de Fitotecnia, Rodovia BR-465, Km 07, Seropédica, RJ, 23897-000, Brasil; *E-mail: gorete@ufrrj.br

2Empresa de Pesquisa Agropecuária do estado do Rio de Janeiro - PESAGRO-RIO, Centro Estadual de Pesquisa em Agricultura Orgânica – CEPAO, Rodovia BR-465, Km 07, Seropédica, RJ, 23897-000, Brasil.

 

RESUMO

Desenvolveu-se este trabalho com o objectivo de avaliar o efeito de extratos de canela (12%), alho (8%), pimenta (16%), tabaco (6%), e das caldas viçosa, bordalesa, sulfocálcica e sulfocálcica em emulsão (todas a 1%) em cinco isolados de Stemphylium solani e a eficácia dos mesmos em controlar a doença no tomateiro em estufa. Nos testes in vitro, utilizaram-se clorotalonil (1800 mg.L-1) e água como testemunhas e avaliaram-se o efeito dos tratamentos no crescimento micelial, germinação e produção de conídios. Em estufa, avaliou-se o efeito dos tratamentos na área abaixo da curva da progressão da doença (AACPD) e na produção de frutos, alterando o fungicida utilizado como testemunha para mancozebe (3 g.L-1). Observou-se grande variabilidade entre os isolados quanto à sensibilidade aos tratamentos. Estes não afetaram a esporulação, excepto a calda sulfocálcica em emulsão que a estimulou em todos os isolados. As caldas bordalesa e viçosa inibiram completamente o crescimento micelial e reduziram significativamente a germinação dos conídios na maioria dos isolados. Os extratos vegetais e as caldas causaram redução da AACPD comparado à testemunha água, especialmente a calda bordalesa, mas não afetaram a produção de frutos.

Palavras-chave: Calda bordalesa, calda viçosa, extrato de alho, testes in vitro, Solanum lycopersicum.

 

ABSTRACT

The aim of this work was to evaluate the effect of extracts of cinnamon (12%), garlic (8%), pepper (16%) and tobacco (6%) and viçosa mixture, bordeaux mixture, lime sulfur and sulfur emulsion (all 1%) on five isolates of Stemphylium solani and their efficiency in disease control of tomato in greenhouse. In tests in vitro, chlorothalonil (1800 mg.L-1) and water were used as controls and the mycelial growth, germination and the production of conidia were evaluated. At greenhouse, the treatments effect on the area under the disease progress curve (AUDPC) and production of fruits was evaluated, altering the fungicide control to mancozebe (3 g.L-1). There was high variability among isolates concerning sensitivity to treatments. Treatments did not affect spore production, except lime sulfur emulsion, which stimulated it in all isolates. Viçosa and bordeaux mixtures inhibited completely the mycelial growth and reduced significantly the conidial germination in most isolates. The extracts and mixtures decreased the AUDPC compared to water control, mainly bordeaux mixture. The treatments did not affect the fruits production.

Keywords: bordeaux mixture, viçosa mixture, garlic extract, in vitro, Solanum lycopersicum.

 

INTRODUÇÃO

O tomateiro (Solanum lycopersicum) é atacado por inúmeras doenças. Entre estas, está a estenfiliose (= mancha-de-estenfìlio) que pode causar redução da área fotossintética e, consequentemente, da produção. Os sintomas da doença ocorrem principalmente nas folhas com a formação de pintas pequenas, encharcadas, de cor marrom a preta. Rapidamente evoluem para lesões necróticas de cor cinza escura e contornos circulares ou irregulares, ligeiramente deprimidas e circundadas por halo clorótico (Kurozawa & Pavan, 2005).

A estenfiliose do tomateiro pode ser causada por quatro espécies de Stemphylium: S. solani Weber, S. lycopersici (Enjoji) W. Yamamoto (syn. S. floridanum Hannon e G. F. Weber), S. botryosum Wallr. e S. vesicarium (Wallr) Simmons. Destas, apenas as duas primeiras ocorrem no Brasil (Reis e Boiteux, 2006), com predomínio de S. solani, provavelmente, pela sua maior gama de hospedeiros e melhor adaptação a altas temperaturas (Santos, 1995). Apesar de relatada como doença de importância secundária, epidemias severas e redução da produção têm sido reportadas nos últimos anos nas regiões produtoras de tomate no Brasil (Reis e Boiteux, 2006; Domingues, 2012).

Para o controlo da doença é preconizado o uso de cultivares resistentes e pulverizações com fungicidas (Lopes et al., 2005). No entanto, muitas das cultivares disponíveis no mercado não possuem o gene Sm que confere resistência a este agente patogénico (Reis e Boiteux, 2006). Tal fator dificulta o controlo da doença, especialmente em lavouras conduzidas sob sistema de produção biológico, também conhecido como orgânico, face à proibição do uso de agrotóxicos. Diante destas limitações, listam-se os extratos de plantas bioativas e algumas caldas à base de cobre e biofertilizantes como opções permitidas na legislação (Brasil 2007; Brasil, 2011).

O uso de extratos vegetais no controlo de doenças de plantas ainda é muito incipiente, apesar dos inúmeros relatos de ação fungitóxica in vitro de extratos de diferentes espécies vegetais contra fungos fitopatogênicos como: de extratos de alho (Allium sativum) e de canela (Cinnamomum zeylanicum) sobre Aspergillus flavus (Viegas et al., 2005) e Alternaria solani (Domingues et al., 2009; Pedroso et al., 2009); e de extratos de tabaco (Nicotiana tabacum) e alho sobre Colletotricum acutatum (Almeida et al., 2009). Entre as opções de caldas mais utilizadas estão a bordalesa, viçosa e sulfocálcica. A calda bordalesa (sulfato de cobre e cal virgem) (Reis et al., 2007) tem ação fungicida, bactericida e bacteriostática e é amplamente empregada em culturas como batata, tomate e pimentão (Schwengber et al., 2007). A calda viçosa (sulfato de cobre, sulfato de zinco, sulfato de magnésio, ácido bórico, cloreto de potássio e cal hidratada) também é preconizada para o controlo de doenças em várias culturas entre as quais o tomateiro (Zambolim et al., 1990). A calda sulfocálcica, cujo princípio ativo é o polissulfeto de cálcio, é um produto sulfurado, inorgânico com ação fungicida, acaricida e inseticida (Reis et al., 2007).

Na agricultura biológica, as estratégias de controlo das doenças devem ser, prioritariamente, baseadas em práticas que contribuam para a redução do inóculo inicial, para tornar o ambiente menos propício às infecções pelos agentes patogênicos, aumentar a resistência das plantas às infecções e, principalmente, no uso de cultivares geneticamente resistentes. A disponibilidade de produtos de ação protetora ou curativa torna-se mais importante à medida que as práticas anteriores não são observadas ou, não são suficientes para reduzir as infecções e as perdas causadas pela doença. Assim, tendo em vista o facto de muitas das cultivares de tomate serem suscetíveis à estenfiliose, a identificação e validação de produtos de ação fungicida que atendam à legislação para agricultura biológica é necessária. O conhecimento do efeito destes produtos sobre o agente patogénico e no controlo da doença é importante para nortear suas prescrições (Reis et al., 2007).

O presente trabalho teve como objectivo investigar dois aspectos importantes para o desenvolvimento de alternativas para o controlo da estenfiliose do tomateiro em sistema biológico de produção: o efeito de extratos vegetais e caldas na germinação, crescimento micelial e esporulação de diferentes isolados de S. solani e a eficácia desses produtos no controlo da doença em condições de estufa.

 

MATERIAL E MÉTODOS

Sensibilidade in vitro de isolados de Stemphylium solani a extratos vegetais e caldas

Utilizaram-se cinco isolados de S. solani, SENA 301 e SENA 302, obtidos em lavoura comercial de tomate, cultivar ‘Forty’, no município de Paty do Alferes, RJ (Brasil) e SENA 101, SENA 102 e SENA 202, obtidos de plantas do acesso ENAS 1136 e das cultivares ‘Carolina’ e ‘Garrafinha Rosa’, respectivamente, cultivadas em sistema biológico no município de Seropédica, RJ. Estes isolados pertencem à coleção do Laboratório de Epidemiologia e Patologia de Sementes (LabEPS) da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Os isolados foram cultivados em meio V8 CaCO3 ágar (200 mL suco V8, 17 g Agar, 800 mL de água destilada e 3 g de CaCO3 – (Diener, 1952) e incubados em estufa B.O.D (25+2 ºC e 12 h de fotoperíodo).

Foram testados oito tratamentos: quatro extratos vegetais (alho, pimenta, canela e tabaco), quatro caldas químicas (bordalesa, viçosa, sulfocálcica e sulfocálcica em emulsão - EM) cedidos pelo CEPAO (Centro Estadual de Pesquisa em Agricultura Orgânica) da PESAGRO-RIO (Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro), além de duas testemunhas (água e clorotalonil a 1800 mg.L-1).

Para obtenção dos extratos, utilizaram-se bulbos de alho (A.sativum), frutos maduros de pimenta malagueta (Capsicum frutescens) e casca de canela (C. zeylanicum) secos em estufa com ventilação forçada (40ºC); e folhas prensadas de tabaco (N. tabacum). As amostras foram moídas e submetidas à extração alcoólica, com a utilização de álcool etílico a 70%, por 24 horas, em temperatura ambiente e na ausência de luz. O sobrenadante foi recolhido e o extrato concentrado em rotavapor. Ao extrato concentrado adicionou-se caulino na proporção de 1:2, respectivamente.

Utilizou-se calda bordalesa a 1% (25 mL de solução contendo 5 g de sulfato de cobre (CuSO4) + 25 mL de suspensão contendo 3,5 de cal virgem (CaO), calda viçosa a 1% (50 mL da calda bordalesa adicionada de 4,0 g de sulfato de magnésio (MgSO4), 0,75 g de ácido bórico (H3BO3) e 0,75 g sulfato de zinco (ZnSO4) (Cruz Filho e Chaves, 1989) e calda sulfocálcica a 1% (6,25g de enxofre (S) e 3,125g de cal virgem (CaO) em 50 mL de água). Preparou-se a calda sulfocálcica em panela de ferro sobre forno a iniciar-se pela adição da cal virgem a 25 mL de água quente com agitação constante. No início da fervura, misturou-se o enxofre previamente dissolvido em 25 mL de água quente. A calda ficou pronta quando a cor desta solução passou de vermelha para pardo avermelhada e densidade entre 25 e 28º Be (graus Baumé). A calda sulfocálcica em emulsão foi preparada pela mistura de 20 mL de óleo vegetal de milho e 11,11 mL de detergente líquido neutro, seguido de agitação e acréscimo de 20 mL de calda sulfocálcica. As concentrações foram definidas com base na recomendação feita aos produtores pela PESAGRO-RIO (Fernandes et al., 2008).

Inicialmente, avaliou-se o efeito dos tratamentos sobre a germinação de conídios. Depositaram-se alíquotas de 10µL de suspensão de cada isolado (2x104 conídios.mL-1) em lâminas de vidro, acrescentando-se em seguida 10 µL dos extratos, caldas e testemunhas correspondentes aos tratamentos. As lâminas foram acomodadas em caixas Gerbox contendo papel de filtro umedecido com 20 mL de água e mantidas em B.O.D. por 24 horas a 25oC sob escuro contínuo. Foram avaliados 100 conídios por parcela, consideraram-se como germinados aqueles com tubos germinativos de tamanho igual ou superior ao maior comprimento do conídio.

O delineamento foi inteiramente casualizado com cinco repetições, em esquema bifatorial 5x10, composto por cinco isolados e 10 tratamentos. Cada repetição era composta por uma lâmina de vidro.

A avaliação do crescimento micelial e da esporulação foi realizada em placas de Petri contendo meio V8CaCO3 ágar (Diener, 1952). Adicionaram-se os extratos e as caldas ao meio fundente na proporção desejada, seguido de agitação e distribuição nas placas. Para aos extratos de alho, canela, pimenta e tabaco, adicionaram-se 0,8 g a 100 mL de meio visando obter a concentração de 0,8%. Para as caldas sulfocálcica e sulfocálcica em emulsão, adicionaram-se 200 e 400 µL para cada 100 mL de meio, para obter as concentrações de 0,5 e 1%, respectivamente. Para as caldas bordalesa e viçosa, adicionaram-se 10 mL a cada 90 mL de meio, obtendo a concentração de 1%.

Em seguida, discos de micélio (5,0 mm Ø), retirados dos bordos de colônias dos cinco isolados foram transferidos para o centro das placas de Petri contendo os respectivos tratamentos. As placas foram acondicionadas em B.O.D a 25ºC e fotoperíodo de 12 h por 11 dias, seguido de 9 dias a 15 oC para indução da esporulação.

O crescimento micelial foi avaliado diariamente até o 11º dia da montagem do ensaio, medindo-se os diâmetros (mm) das colônias em dois sentidos perpendiculares, sendo o valor de crescimento a média das duas medidas. Os dados foram integralizados no tempo para calcular a área abaixo da curva do crescimento (AACC) (Shaner e Finney (1977) conforme mostrado na equação 1.

 

 

Equação 1: Área baixo da curva do crescimento. Onde, Yi = diâmetro da colônia naquela avaliação, Xi = tempo (dias) na avaliação ith e n = número total de avaliações.

Vinte dias após repicagem, determinou-se o diâmetro final das colônias e a produção de conídios. Para tanto, adicionou-se 5,0 mL de água destilada esterilizada em cada placa, seguida de leve raspagem do micélio com pincel de cerdas macias para remoção dos conídios. Determinou-se o número de conídios em três amostras por placa por meio de contagem em hemacitômetro e, em seguida, calculou-se o número de conídios por mm2 de colônia e por placa.

O delineamento foi inteiramente ao acaso com cinco repetições em esquema bifatorial 5 (isolados) x10 (tratamentos). Cada repetição era composta por uma placa de Petri.

Efeito de extratos vegetais e caldas no desenvolvimento da estenfiliose, em condições de estufa

O ensaio foi realizado de outubro a dezembro de 2014, em estufa climatizada, com temperaturas variando de 15 a 37ºC. Utilizaram-se plantas do híbrido Serato, suscetível à doença (Domingues, 2012). As plântulas foram produzidas por sementeira em bandejas de polipropileno preenchidas com substrato comercial. Após 30 dias , quando apresentavam dois pares de folhas definitivas, efetuou-se a transplantação para vasos plásticos de 8 L que continham mistura de solo e estrume de coelho, na proporção de 3:1. Cada vaso continha duas plantas conduzidas verticalmente. A inoculação foi realizada aos dois dias após transplantação (DAT) com suspensão contendo 104 conídios.mL-1 de S. solani, pulverizada até ponto de escorrimento. Regaram-se as plantas, manualmente, sem molhar as folhas. Aplicaram-se os demais tratos culturais tradicionais da cultura como retirada dos rebentões semanalmente, poda da haste principal e fertilização com 0,5 L de estrume bovino por vaso aos 37 DAT, quando as plantas continham dois cachos florais.

Os tratamentos testados foram: caldas bordalesa 1%, viçosa 1%, sulfocálcica 1% e sulfocálcica EM 1%; extratos de alho 8%, canela 12%, tabaco 6% e de pimenta 16%, e duas testemunhas: mancozebe a 0,22% de princípio ativo (formulação 750g.kg-1 e dosagem 3.L-1) e água. O preparo dos extratos e das caldas foi realizado conforme descrito anteriormente. Realizaram-se as pulverizações nas folhas até o ponto de escorrimento aos 3, 10, 17, 24, 31, 38, 45 e 52 DAT, a totalizar oito aplicações.

A quantificação da severidade da estenfiliose iniciou-se a partir do surgimento dos primeiros sintomas aos dez dias após a transplantação, seguido de mais oito avaliações aos 17, 24, 31, 38, 45, 52, 59 e 63 DAT. Nestas, estimou-se a percentagem de área foliar infectada nos três folíolos terminais de todas as folhas de cada planta (n = 80 plantas), utilizando a escala diagramática de Boff et al. (1991). Os dados de severidade por parcela foram integralizados no tempo para se calcular a área abaixo da curva da progressão da doença (AACPD) (Shaner e Finney, 1977).

A produção foi avaliada em uma única colheita, aos 63 DAT, onde determinou-se a massa fresca (g) e número de frutos por planta (total e comercial). Consideraram-se como comerciais os frutos íntegros e, como não comerciais, todos aqueles com sintomas ou sinais de doenças, ataques de pragas ou anomalias fisiológicas.

Adotou-se o delineamento de blocos ao acaso, com quatro repetições. Cada parcela foi constituída de um vaso contendo duas plantas, a totalizar 80 plantas.

Os dados obtidos nos ensaios in vitro e in vivo foram submetidos à análise de variância (ANOVA) e ao teste de Tukey (p<0,05), para comparação das médias com auxílio do programa estatístico SISVAR.

 

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Sensibilidade in vitro de isolados de Stemphylium solani a extratos vegetais e caldas

Observou-se efeito significativo de tratamento, de isolado e da interação entre estes sobre a germinação dos conídios, o crescimento micelial e a produção de conídios.

A germinação dos conídios dos cinco isolados variou de forma significativa quando expostos aos tratamentos testados. Esses, de forma geral, apresentaram maior percentagem de germinação no tratamento testemunha-água (65 a 82% de germinação), excepto o isolado SENA 102 que se caracterizou por comportamento atípico comparado aos demais isolados e, baixa percentagem de germinação neste tratamento (11,6%). Tendo em consideração a média dos cinco isolados, observou-se maior percentagem de germinação na testemunha água e na calda sulfocálcica em emulsão (EM). Ainda, a calda sulfocálcica não afetou a germinação dos conídios. A menor percentagem de germinação de conídios foi observada nos tratamentos com calda bordalesa, calda viçosa e clorotalonil (Quadro 1). Os extratos de alho, tabaco, canela e pimenta, comparado à testemunha, também reduziram a germinação dos conídios, porém, em menor intensidade que os três tratamentos anteriormente mencionados (Quadro 1). Os conídios dos isolados SENA 310, SENA 202, SENA 302 e SENA 101 tiveram significativa redução da germinação quando expostos às caldas viçosa e bordalesa e ao clorotalonil e, apenas pequena redução quando expostos às caldas sulfocálcica ou sulfocálcica EM. O extrato de alho promoveu resposta variável conforme o isolado, tendo reduzido a germinação dos conídios dos isolados SENA 101 e SENA 202 e não afetado a dos isolados SENA 302 e SENA 310. Esta diferença pode estar associada à origem geográfica dos isolados ou aos sistemas de cultivo adotados nas lavouras das quais foram obtidos. Os isolados SENA 302 e SENA 310 foram obtidos de culturas na região de Paty do Alferes, caracterizadas pelo uso contínuo de fungicidas como tebuconazole, mancozebe, clorotalonil, oxicloreto de cobre e difenoconazole. Os demais isolados são provenientes de áreas onde era adotado sistema de cultivo biológico. Os extratos de tabaco e pimenta reduziram a germinação dos conídios de quatro isolados (SENA 310, SENA 202, SENA 302 e SENA 101) e o extrato de canela de outros quatro isolados (SENA 202, SENA 302, SENA 101 e SENA 102). O isolado SENA 102, caracterizado pela baixa germinação dos conídios, respondeu de forma diferente comparado aos quatro demais – seus conídios foram estimulados a germinar quando expostos às caldas sulfocálcica e sulfocálcica EM e aos extratos de tabaco, pimenta e canela. Por outro lado, as caldas bordalesa e viçosa e o clorotalonil não afetaram a germinação dos conídios desse isolado (Quadro1).

As caldas bordalesa e viçosa inibiram totalmente o crescimento micelial dos cinco isolados testados, enquanto o clorotalonil e a calda sulfocálcica e sulfocálcica EM reduziram, significativamente, o crescimento do micélio da maioria dos isolados. Os extratos de pimenta, tabaco e alho proporcionaram efeito variável conforme o isolado. Os extratos de pimenta e tabaco, de forma geral, estimularam o crescimento do micélio quando comparados à testemunha. O extrato de canela não afetou o crescimento do micélio de nenhum dos isolados (Quadro 1). De modo geral, os isolados SENA 302 e SENA 102 destacaram-se como os de maior crescimento micelial e os isolados SENA 202 e SENA 101 os de menor crescimento, obtendo-se respostas variáveis de crescimento conforme os tratamentos.

Quanto ao efeito dos tratamentos na produção de conídios, observou-se estímulo com a adição de calda sulfocálcica EM ao meio V8 e nenhum efeito dos demais tratamentos comparado à testemunha. De forma geral, a produção de conídios foi baixa, excepto no isolado SENA 310 cultivado em meio V8 + calda sulfocálcica EM. Não foi avaliado o efeito dos tratamentos caldas viçosa e bordalesa sobre a produção de conídios, pois não houve crescimento de nenhum dos cinco isolados nesses tratamentos (Quadro 1).

Entre os produtos testados, maior constância nas respostas foi observada para as caldas viçosa e bordalesa que inibiram completamente o crescimento micelial e reduziram a germinação dos conídios de todos os cinco isolados de S. solani testados em 80 a 90%. O desempenho das caldas bordalesa e viçosa, in vitro, de um modo geral, foi igual ou superior ao do fungicida clorotalonil. Outra informação relevante é o facto destas caldas terem ação apenas protetora e não curativa (Schwengber et al., 2007).

Quanto aos extratos de alho, tabaco, canela e pimenta, pode-se afirmar com base nos ensaios in vitro que estes não são boas opções para o controlo da estenfiliose. Os resultados do presente trabalho contrariam relatos de ação fungitóxica de extratos de alho feita por outros autores. Pedroso et al. (2009) e Domingues et al. (2009) relatam inibição do crescimento micelial de A. solani com extrato de bulbos de alho a partir da concentração de 10% e 1%, respectivamente. Sallam (2011) verificou que extratos de folhas de alho nas concentrações de 1% e 5% inibiram o crescimento micelial de A. solani em 32% e 42%, respectivamente. Domingues et al., (2009) relatam 100% de inibição da germinação de conídios de A. solani com extrato hexânico de bulbilho de alho, a partir de concentração de 0,1%. Estes resultados, porém, podem estar associados tanto às diferenças de sensibilidade dos isolados/espécies como à forma de obtenção e manuseio dos extratos. Existem também relatos de ausência de efeito de extratos destas plantas contra vários outros agentes patogénicos, concordando com parte dos resultados do presente estudo. Carvalho et al. (2002), por exemplo, não observaram efeito do extrato de bulbos de alho no crescimento micelial de Curvularia eragrostides e na germinação dos conídios de Colletotrichum acutatum, respectivamente.

Efeito de extratos vegetais e caldas no desenvolvimento da estenfiliose, em condições de estufa

Foram observados os primeiros sintomas da estenfiliose aos 10 DAT, com maiores incrementos de severidade a partir do 24º dia, especialmente no tratamento testemunha. Verificou-se, no geral, baixa severidade da doença (até 8% de área foliar lesionada), o que pode estar relacionado com as condições climáticas predominantes - temperaturas altas, chegando a alcançar 37ºC, baixa humidade relativa e ausência de molhamento foliar. Para o estabelecimento e desenvolvimento da estenfiliose em plantas suscetíveis de tomateiro a condição ideal é dada por temperaturas diurnas próximas de 25ºC e noturnas mais amenas, em torno de 15ºC (Kowata-Dresch, 2014).

Ao se analisar a AACPD, observa-se que todos os tratamentos reduziram significativamente o desenvolvimento da estenfiliose em relação à testemunha (Quadro 2). Os menores valores de AACPD foram observados no tratamento com a calda bordalesa. No entanto, esta redução não foi suficiente para afetar significativamente a produção total e comercial (massa e número de frutos) (Quadro 2).

Registrou-se baixa produtividade por planta, não havendo diferenças estatísticas entre os tratamentos testados. Deve-se considerar, porém, que só foi feita uma colheita aos 63 DAT, quando o habitual é a realização de várias colheitas com o ciclo de produção se estendendo até os 120 DAT, aproximadamente. A baixa produção também pode estar relacionada às elevadas temperaturas registradas durante o ensaio. Temperaturas acima de 32ºC induzem o aborto floral e inibem o desenvolvimento dos frutos (Fontes, 2005).

Deve-se considerar, ainda, que este ensaio foi realizado em condições de estufa em ciclo curto, 63 dias, e com condições menos propícias a ocorrência de infecções pela ausência de molhamento foliar. Ainda, como as plantas receberam irrigação localizada e não estavam expostas à chuva, não houve lavagem dos produtos pela água. A persistência dos produtos e a duração do seu efeito protetor não foram avaliadas.

As caldas sulfocálcica e sulfocálcica em emulsão são mais usadas para o controlo de pragas como ácaros e cochonilhas, apesar de também preconizadas para controlo de algumas doenças na produção biológica (Fernandes et al., 2008). Estas duas caldas reduziram o crescimento micelial dos cinco isolados, porém, este efeito foi menor que o promovido pelo fungicida clorotalonil. Ainda, em média, as mesmas não foram eficazes em reduzir a germinação dos conídios na maioria dos isolados, tendo inclusive estimulado a sua germinação. Com base nestes resultados, apesar da eficiência intermediária destas duas caldas no controlo da doença em estufa, pode-se afirmar que as mesmas não devem ser recomendadas para o controlo da estenfiliose.

A grande maioria dos trabalhos com extratos de plantas relatam resultados obtidos em ensaios in vitro, sendo escassos aqueles realizados em condições de estufa ou campo. Diniz et al. (2006) relatam eficiência intermediária dos extratos de pimenta, pimenta-do-reino, cravo, açafrão-da-índia e alho quando comparadas ao fungicida metalaxyl e à testemunha no controlo da requeima do tomateiro (Phytophtora infestans), em condições de campo, concordando com os resultados obtidos neste ensaio.

Os ensaios in vitro servem para uma avaliação prévia do efeito de caldas e extratos sobre os agentes patogénicos. Entretanto, a eficácia destes no controlo das doenças causadas pelos respectivos agentes somente pode ser aferida em testes em condições de campo ou de estufa. Nestas condições, são inseridos outros componentes do sistema como a interação planta x patogénio e o efeito do ambiente que podem afetar a resposta do patogénio, a reação da hospedeira e a própria ação do produto. Os extratos vegetais, por exemplo, produzem compostos voláteis que podem estimular ou inibir a germinação ou o crescimento de microorganismos, ou desencadear alterações no desenvolvimento das plantas (French, 1992).

No ensaio em estufa, observou-se redução da AACPD pelos tratamentos com extratos, comparado à testemunha, apesar de alguns destes não terem inibido satisfatoriamente a maioria dos isolados nos testes in vitro. Estas variações entre os resultados obtidos in vitro e em estufa corroboram relatos de diferentes autores.

A aplicação de caldas e de extratos de plantas é uma das poucas estratégias curativas permitidas pela legislação para a agricultura biológica. No entanto, como muitas vezes tem o seu preparo caseiro, ou sem a observação de protocolos na preparação, podem existir variações em sua composição em função do lote, da procedência e armazenamento. Estas variações podem implicar em inconstâncias nos resultados no campo. Aliado a esta informação, a alicina, por exemplo, presente no extrato de alho, substância tóxica que inativa os microorganismos, tem a sua ação antimicrobiana in vivo questionada, em decorrência da sua alta instabilidade (Amagase et al., 2001). Outra possível explicação para variações entre resultados de testes in vitro e in vivo e entre resultados de diferentes autores é a diferença quanto à sensibilidade de distintos isolados, conforme mostrado no presente trabalho.

Pode-se concluir que as caldas viçosa e bordalesa apresentam alta fungitoxidade a S. solani com inibição completa do crescimento micelial de diferentes isolados in vitro. Os extratos de alho, tabaco, pimenta e canela e a calda sulfocálcica não afetam a esporulação de S. solani. A calda sulfocálcica em emulsão pode estimular a esporulação de S. solani. Existe grande variabilidade entre diferentes isolados de S. solani quanto à sensibilidade a extratos de alho, tabaco, pimenta e canela e as caldas bordalesa, viçosa e sulfocálcica. Todos os extratos e caldas testados proporcionaram redução da doença em estufa. Melhor controlo da doença foi obtido com a calda bordalesa.

 

AGRADECIMENTOS

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ) e ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelo apoio na forma de bolsas e auxílio financeiro.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Recebido/received: 2015.09.25

Recebido em versão revista/received in revised form: 2016.05.18

Aceite/accepted: 2016.08.08

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