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Arquivos de Medicina

On-line version ISSN 2183-2447

Arq Med vol.25 no.1 Porto Feb. 2011

 

COMENTÁRIO

Novos Caminhos para a Saúde

Manuel Cardoso de Oliveira1

 

1Escola de Estudos Pós-Graduados e de Investigação, Universidade Fernando Pessoa, Porto

 

Correspondência

 

A complexidade da Saúde não pára de se manifestar, o que obriga a sucessivos e profundos ajustamentos e é um desafio para culturas organizacionais inovadoras, que não dispensam um ávido aproveitamento dos avanços científicos e tecnológicos, bem como o regular funcionamento de equipas multidisciplinares.

A indispensável adaptação a estas exigências resultou das enormes falhas no funcionamento dos Sistemas de Saúde e exige uma profunda mudança em toda a sua organização, enfatizando a importância dos micro-sistemas clínicos e da sua perfeita articulação com os meso e os macro-sistemas. O conceito da “Clinical Governance”, surgido em finais do século XX, reflecte essa necessidade e com ele estão relacionadas a qualidade e a segurança dos doentes, numa interligação em que todos se potenciam.

A transposição para a Saúde das regras de gestão doutros sectores da sociedade foi muito oportuna mas alguns exageros não tiveram em conta as especificidades muito próprias do sector, cabendo aos profissionais a ele mais particularmente ligados a obrigação de colocarem as coisas num plano de equilíbrio fundamentado que respeite os interesses e os direitos dos doentes mas também os seus deveres.

Ao governo e todas as estruturas ligadas à Saúde, bem como aos organismos de regulação e demais instituições, está colocado um tremendo desafio para ultrapassarem insuficiências bem identificadas. E se este trabalho é, efectivamente, de grande envergadura, que isso sirva para o encarar com a determinação indispensável e assim avançar para a criação de novas iniciativas.

A Saúde necessita de líderes com entusiasmo e sensibilidade a estas novas realidades, pessoas com experiências vividas e tempo disponível para se concentrarem na luta por uma melhor qualidade clínica e uma maior segurança para todos, não ignorando a importância da colocação dos doentes no centro destas preocupações. Sabe-se que a caracterização dos serviços de saúde e o seu funcionamento são melhores se a agenda da qualidade estiver actualizada. Por isso, alguns organismos internacionais de muito grande nomeada têm sido determinantes no apontar de novos caminhos, desenvolvendo directrizes, aptidões e experiências, sobretudo nesta última dezena de anos. Isto significa que se nós tivermos o discernimento de desde já aderirmos a este imparável movimento, podemos encurtar em muitos anos as distâncias a que dolorosamente estamos situados noutras áreas da sociedade. A formação e o treino dos profissionais mais directamente ligados à Saúde é uma componente fundamental para que mais facilmente se possam atingir os objectivos definidos. Necessitamos de um número crescente de pessoas que, nos diversos sectores onde estão a trabalhar, possam ser portavozes deste mundo, razoavelmente novo, no sector da Saúde e da Educação para ela. As universidades, pela sua própria natureza, não se devem excluir deste processo, cabendo-lhes assumir as iniciativas de ensino e treino desta área, adequando os seus planos de estudo a estas novas realidades.

São necessários novos caminhos para o pensamento e um aprofundamento dos temas ligados à governação clínica, de que a Qualidade, a Segurança e a Gestão do Risco são componentes de enorme importância. Os tipos de oferta possíveis são múltiplos e de duração variável, o que reforça a ideia da necessidade de tempo e disponibilidade, que muitas vezes não é possível com rotinas de elevada exigência profissional. Tornase, realmente, necessário, na sequência de experiências internacionais com provas dadas, criar infra-estruturas que sirvam de suporte para iniciativas de diferenciação crescente, ficando assim criado um ambiente próprio para o desenvolvimento das áreas já referidas. Não se pense que é uma tarefa dada a protagonismos individuais excessivos. Bem pelo contrário, temos de estimular o aproveitamento das tecnologias de informação e promover as mudanças organizacionais adequadas à implementação de planos operacionais executáveis com um carácter multidisciplinar evidente que ajude a melhorar comportamentos e a permitir uma melhor e mais humanizada integração de cuidados.

O conjunto destas iniciativas articuladas deverá conduzir a uma “task force” que futuramente seja o alicerce necessário para muitas outras acções de formação, bem como para a visão do futuro que não parará de nos desafiar. A possibilidade de nos associarmos a grupos internacionais de prestígio será o corolário natural de todo este trabalho.

 

Correspondencia:

Manuel Cardoso de Oliveira

Escola de Estudos Pós-Graduados e de Investigação Universidade Fernando Pessoa Praça 9 de Abril, 349 4249-004 Porto. Email: maco0410@gmail.pt

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