SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.18 número2EditorialO protagonismo de alunos e pais no Ensino Médio brasileiro índice de autoresíndice de materiabúsqueda de artículos
Home Pagelista alfabética de revistas  

Servicios Personalizados

Revista

Articulo

Indicadores

Links relacionados

  • No hay articulos similaresSimilares en SciELO

Compartir


Revista Portuguesa de Educação

versión impresa ISSN 0871-9187

Rev. Port. de Educação v.18 n.2 Braga  2005

 

Educação em meio rural e desenvolvimento local

 

Abílio Amiguinho

Escola Superior de Educação de Portalegre, Portugal

 

Resumo

Neste artigo problematiza-se e analisa-se um processo de territorialização sócio-educativa em contexto rural. Corresponde a um desafio — assim o entendemos — para que sobre ele reflectíssemos, tendo como eixo estruturante a problemática da exclusão social ou a do desenvolvimento local. Optámos por nos situar neste último campo de análise, por razões tanto de natureza teórica como política que, numa primeira parte do artigo, explicitamos e discutimos. De uma investigação que realizámos, ao longo de vários anos, invocamos contributos que pretendem discutir e elucidar como pode a escola ser uma instância promissora de desenvolvimento local. A sua identificação e reconhecimento como instituição local, quer pelos que trabalham e vivem no seu interior, quer pelos que actuam no contexto envolvente, são passos decisivos para instituir a escola, progressivamente, em parceiro do desenvolvimento. A promoção dos valores locais e das raízes, a reconstrução de identidades sócio-pessoais e locais, a produção de sociabilidades e o equacionamento e solução de problemas comuns, foram vertentes de uma intervenção socioeducativa, assumidamente globalizante. Este quadro, como se argumenta, foi também, intencionalmente, o de transformação e de mudança deliberada da escola e da administração dos territórios educativos.

Palavras-chave

Exclusão social; Desenvolvimento local; Escola em meio rural; Identidades locais; Redes

 

 

Education in rural areas and local development

Abstract

The process of socio-educational territorialisation in rural contexts is the topic of this text. The theme corresponds to a challenge to address it having as main axis of discussion either the problem of social exclusion or that of local development. The reasons to locate the discussion in this last field of analysis are discussed in the first part of the text. Theoretical and political reasons are there articulated because the question is about projects whose intentions and practices call for the political both in the theoretical debate and in the choices that anticipate intervention. From research conducted for several years, I use contributions that aim at discuss and enlighten how school can be a potential locus of local development. Its identification and recognition as local institution (either because of those that work and live in it or because of those that act in the surrounding context) are crucial steps to progressively constitute school as a partner for development. The promotion of the local values and roots, the reconstruction of socio-personal and local identities, the production of sociabilities and the equation and solution of shared problems were the dimensions of a socio-educative intervention, markedly globalising. This scenario, as it is argued, was also, intentionally, one of transformation and of deliberate change of school and of the administration of the educative territoires.

Keywords

Social exclusion; Local development; Rural schools; Local identities; Networks

 

 

Éducation dans le monde rural et développement local

Résumé

Ce texte discute un procès de territorialisation socio-éducative dans le contexte rural. Il répond à un défi pour réfléchir sur ce thème ayant comme axe la problématique de la exclusion sociale ou celle du développement local. Nous avons choisi ce dernier champ d’analyse pour des motives expliqués dans une première partie du texte. Ces motives sont, au même temps, théoriques et politiques, dans une conjugaison a nos avis explicable, car ce sont des projets donc les intentions et pratiques appellent au politique, soit dans le débat théorique soit dans les choix avant l’intervention. D’une recherche réalisée au long de plusieurs années, nous convoquons des contributions qui visent discuter et élucider comme l’école peut être un contexte promoteur du développement local. Sa identification et reconnaissance comme institution locale (au même temps, a cause de ceux qui y travaillent et vivent et de ceux qui sont des agents dans le contexte entourant) sont des pas décisives pour instituer, progressivement, l’école comme un pair du développement. La promotion des valeurs et racines locales, la reconstruction des identités socio personnelles et locales, la production de sociabilités et l’équation et solution des problèmes partagés ont été les dimensions d’une intervention socio-éducative, explicitement globalisante. Ce scénario a été aussi, volontairement, celui de la transformation et de change délibérée de l’école et de l’administration des territoires éducatives.

Mots-clé

Exclusion sociale; Développement local; École rurale; Identités locales; Réseaux

 

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text only available in PDF format.

 

Referências

ALBINO, José Carlos (2002). Há uma vitória brutal da cultura do Norte. Seara Nova, 76, pp. 6-10.        [ Links ]

ALMEIDA, João Ferreira (1998). Agricultura nos processos de desenvolvimento. In J. M. Pinto & A. Dornelas, Perspectivas de Desenvolvimento do Interior. Lisboa: Imprensa Nacional, pp. 23-30.

AMARO, Rogério R. (1993). As novas oportunidades do desenvolvimento local. A Rede, 8, pp. 15-22.

AMARO, Rogério R. (1998). Desenvolvimento local em Portugal: as lições do passado e as exigências do futuro. A Rede, Edição Especial, pp. 60-64.

AMIGUINHO, Abílio (2004). A Escola e o Futuro do Mundo Rural. Lisboa: Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Lisboa (tese de doutoramento não editada).

AMIGUINHO, Abílio; D’ESPINEY, Rui & CANÁRIO, Rui (1994). Escolas e processos de desenvolvimento local: o exemplo do Projecto das Escolas Isoladas. In R. D’Espiney (org.), Escolas Isoladas em Movimento. Setúbal: ICE, pp.10-33.

AMIGUINHO, Abílio; CORREIA, Hermenegildo; VALENTE, Amândio & MANDEIRO, Maria José (1999). Da dinâmica educativa ao agrupamento de escolas, Aprender, 23, pp. 78-87.

AMIGUINHO, Abílio; VALENTE, Amândio & CORREIA, Hermenegildo (2003). Projecto das Escolas Rurais — Nordeste alentejano. In J. A. Correia & M. Matos (Orgs.), Violência e Violências da e na Escola. Porto: Afrontamento, pp. 95-102.

AUTÈS, Michel (2004). Três formas de desligadura. In Saul Karsz (org.), La Exclusión: Bordeando sus Fronteras. Definiciones y Matices. Barcelona: Gedisa, pp. 15-54.

BARROSO, João (2005). Políticas Educativas e Organização Escolar. Lisboa: Universidade Aberta.

BASTIEN, Bernard (2003). Il n’y a pas seulement dans les grandes villes que l’exclusion fleurit…. Ville-École-Intégration Enjeux. Le Rural: Terre d’Exclusion? 134, pp. 48-59.

CANÁRIO, Rui (2003). Exclusão social: um conceito pertinente? In J. A. Correia & M. Matos (Orgs.), Violência e Violências da e na Escola. Porto: Afrontamento, pp. 91-93.

CASTEL, Robert (2004). Encuadre de la exclusión. In S. Karsz (org.), La Exclusión: Bordeando sus Fronteras. Definiciones y Matices. Barcelona: Gedisa pp. 55-86.

DEMAILLY, Lise & VERDIÈRE, Juliette (1998). Les Limites de la Coopération dans les Partenariats en ZEP. Mns. policopiado.

D’ESPINEY, Rui (2003a). Eixos estratégicos na intervenção do Projecto de Escolas Rurais do ICE. Aprender, 28, pp. 38-43;

D’ESPINEY, Rui (2003b). Educação, desenvolvimento e cidadania: fundamentos de uma intervenção alternativa em meio rural. Espacio para la infancia — Bernard Van Leer Foundation, 20, pp. 6-11.

DUBET, François (2003). Le Travail sur Autrui en Mutation. Lovaina: Henac (Rentrée académique 2003-2004).

DUBET, François (2004). Entretien avec François Dubet — par Marie Raynal. VilleÉcole-Intégration Enjeux, 137, pp. 5-12.

FERNANDES, Luís (1998). O Sítio das Drogas. Lisboa: Editorial Notícias.

FERNANDES, Luís & CARVALHO, M. (2000). Problemas no estudo etnográfico de objectos fluídos. Educação, Sociedade e Culturas, 14, pp. 38-59.

FERRÃO, João (2002). O papel das organizações cívicas e solidárias: um novo mapa cognitivo para a acção social. Seara Nova, 76, pp. 14-16.

FERREIRA, Vitor & GUERRA, Isabel (1994). Identidades sociais e estratégias locais. In Associação Portuguesa de Sociologia, Dinâmicas Culturais, Cidadania e Desenvolvimento Local. Lisboa: APS, pp. 299-319.

FRAGOSO, António (2005). Contributos sobre o debate teórico para o desenvolvimento local. Um ensaio baseado em experiências investigativas. Revista Lusófona de Educação, 5, pp. 63-83.

GIDDENS, Anthony (1992). As Consequências da Modernidade. Oeiras: Celta Editora.

HENRIQUES, Maria Adosinda (2002). Globalização e integração diferenciadora dos espaços rurais. In J. Reis & M. I. Baganha (Orgs.), A Economia em Curso: Contextos e Mobilidades. Porto: Afrontamento, pp. 154-171.

JEAN, Yves (2003). Écoles rurales. Diversité sociale des structures scolaires et des politiques municipales. Ville-École-Intégration, Enjeux — Migrations-Formations, 134, pp. 112-128.

LAFOND, Viviane & MATHIEU, Nicole (2003). Jeunes ruraux en difficulté et interventions pour l’insertion. Incidence et prise en compte des spécificités liées aux contextes territoriaux. Ville-École-Intégration, Enjeux — Le rural terre d’exclusion? 134, pp. 31-47.

LEE, Peter (2003). Cómo se "disfruta" de la vida rural en las Tierras Altas de Escocia. Espacio para la infancia — Bernard Van Leer Foundation, 20, pp. 20-25.

MABILEAU, Albert (1993). Variations sur le local. In A. Mabileau (Dir.), A la Recherche du "local". Paris: L’Harmattan, pp. 21-28.

MELO, Alberto (1988). O desenvolvimento local como processo educativo. Cadernos A Rede, 2, pp.58-63.

MELO, Alberto (2002). O desenvolvimento local como movimento de resistência ao domínio totalitário da globalização financeira. Seara Nova, 76, pp. 11-13.

MOURATO, Isilda (2000). O Centro de Recuperação de Menores do Assumar: de Instituição Segregadora a Factor de Desenvolvimento Local. Portalegre: Escola Superior de Educação (Dissertação de CESE).

MORENO, Luís (2002). Desenvolvimento Local em Meio Rural: Caminhos e Caminhantes. Lisboa: Universidade de Lisboa/Faculdade de Letras.

PINTO, José Madureira (2000). Estruturas Sociais e Práticas Simbólico-ideológicas nos Campos. Elementos de Teoria e de Pesquisa Empírica. Porto: Afrontamento.

PRÉVOST, Paul (2004). Projet L’École éloignée en réseau. Les collaborations écolecomunauté au Québec: Une perspective de développement local au moyen de quatre études de cas. Québec: Cefrio (www.cefrio.qc.ca – consulta de Agosto de 2005).

REIS, José (1998a). Uma nova política pública: o desenvolvimento local. A Rede, Edição Especial, pp.32-33.

REIS, José (1998b). Interior, desenvolvimento e território. In J. M. Pinto & A. Dornelas, Perspectivas de Desenvolvimento do Interior. Lisboa: Imprensa Nacional, pp.77-86.

SARMENTO, Manuel (2000). As Lógicas de Acção nas Escolas. Lisboa: Instituto de Inovação Educacional/Ministério de Educação.

SARMENTO, Manuel (2003). Educação em meio rural: lógicas de acção e administração simbólica da infância. Aprender, 28, pp. 62-73.

SILVA, Augusto Santos (1994). Tempos Cruzados. Porto: Afrontamento.

VACHON, Bernard (2000). Desenvolvimento Local não é um produto, é um processo que não acabará. A Rede, 15, pp. 22-26.

 

Toda a correspondência relativa a este artigo deve ser enviada para: Abílio Amiguinho, Escola Superior de Educação de Portalegre, Apartado 125, 7300 Portalegre, Portugal. e-mail: abilio.amiguinho@mailesep.ipportalegre.pt