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Revista Portuguesa de Educação

versión impresa ISSN 0871-9187

Rev. Port. de Educação v.18 n.2 Braga  2005

 

Reuniões Científicas

 

Congresso Galaico-Português de Psicopedagogia

O Congresso Galaico-Português é uma das facetas mais significativas do  convénio estabelecido entre as Universidades do Minho e da Corunha, em 1995, tendo vindo, ano após ano, a estender-se a toda a Espanha e Portugal, ao mesmo tempo que vai sendo cada vez mais significativa a participação de congressistas de países da América Latina e, muito particularmente, do Brasil. Nesta VIII edição, realizada na Universidade do Minho nos dias 14, 15 e 16 de Setembro de 2005, participaram quatro centenas de congressistas, provenientes da generalidade das Universidades e Institutos Superiores Politécnicos de Portugal, de todas as Universidades da Galiza, de Universidades de outras Regiões de Espanha e do Brasil.

Trata-se de um congresso que pelas suas temáticas reúne académicos, investigadores e um conjunto alargado de profissionais do ensino, da educação e da psicologia. Integrando a Educação uma panóplia de objectivos e concretizando-se em contextos e através de processos de marcada complexidade, antecipar-se-á a diversidade de congressistas presentes. Por outro lado, reconhecendo-se os contributos transdisciplinares na análise e resolução dos problemas educacionais, tendo estes impacto a nível dos indivíduos, dos grupos, das organizações e da comunidade em geral, este Congresso pela sua abrangência acaba por atrair investigadores e profissionais bem diferenciados em termos de interesses e de posicionamentos teóricos, técnicos e filosóficos.

Numa das áreas contempladas nesta VIII edição, intitulada "Temas transversais do currículo", as comunicações apresentadas salientam a necessidade da escola, cada vez mais, resistir à tendência reinante de menor co-responsabilização de tantas outras instituições de socialização pela formação integral dos indivíduos. A escola, nos nossos dias, assume um papel imprescindível de formação, que ultrapassa o currículo formal, integrando a aprendizagem e o desenvolvimento de competências nos domínios do "saber ser" e do "saber estar com os outros". Assim, integraram-se aqui várias reflexões teóricas e relatos de experiências no terreno sobre a educação ambiental, a educação para a saúde, a educação para os valores e a educação sexual, entre outras.

Na área da "Tecnologia e comunicação educativa" estiverem em foco as questões do uso educativo da internet e das modalidades de aprendizagem on-line (e-learning), temas que primam pela grande actualidade e relevância, criando quer expectativas positivas quer reacções negativas à sua volta. A sociedade da informação, não coincidindo necessariamente com "sociedade de conhecimento", apela a um uso adequado das novas ferramentas de registo, acesso e processamento da informação, ao mesmo tempo que alerta para algumas vicissitudes, nem sempre positivas ou traduzindo reais vantagens, nesse processo.

A terceira área designou-se "Necessidades educativas e adaptações curriculares". Trata-se de uma área tradicionalmente confinada às dificuldades de aprendizagem, às deficiências cognitivas e às realidades do ensino especial, tendo emergido neste Congresso a abertura a experiências educativas dirigidas aos alunos mais capazes, mais talentosos ou com características de sobredotação. Para toda esta diversidade de alunos, todos eles com direitos a uma "escola inclusiva", vários trabalhos apresentados tomaram a "flexibilidade curricular" e os "currículos alternativos" como mecanismos de suporte à diferenciação pedagógica e à satisfação das "NEEs" de todo e cada um destes alunos particularmente diferenciados nas suas características.

Uma quarta área teve a ver com os estudos e os relatos de experiências de "mediação", entre a comunidade, a família e a escola. Considerou-se que no quadro dos modelos ecológicos do desenvolvimento e da educação, importa atender aos contextos de referência e de pertença dos alunos, às relações e interacções entre os vários subsistemas do modelo ecológico proposto por Bronfenbrenner. Como temas de referência, emergiram as problemáticas do bem-estar e qualidade de vida das crianças, dos maus-tratos infantis e dos abandonos escolares, problemas estes de ampla envolvência familiar e social, e cuja complexidade aconselha abordagens mutidimensionais e sistémicas, ou seja, um espaço particular para a "mediação social".

A quinta área, designada por "Processos e estratégias de aprendizagem", corporizou um volume substancial de trabalhos, facto também registado nas edições anteriores do Congresso. Integraram-se, aqui, estudos nos domínios dos processos e estratégias de aprendizagem, falando-se logicamente de processos pedagógicos de ensinar e aprender, nos métodos de estudo, nos processos cognitivos envolvidos nas aprendizagens bem e mal sucedidas, assim como nas metodologias específicas de ensino para determinados subgrupos de alunos ou para determinadas disciplinas curriculares.

A sexta área, designada "Interculturalidade e educação" reflecte a aposta em não circunscrever o Congresso às escolas e ao ensinoaprendizagem na sala de aula. Falar em educação é alargar horizontes, fixar missões e objectivos mais latos para as instituições educativas. No seu seio, estiveram em destaque trabalhos orientados para a questão dos grupos étnicos, da mobilidade e inclusão social, e da diversidade cultural, emergindo como curiosidade neste Congresso alguns trabalhos versando a problemática da educação para a morte.

A sétima área reportou-se aos "Modelos e dispositivos de formação". As questões das competências científicas e pedagógicas integraram esta área de comunicações, contemplando quer a formação inicial quer a formação contínua, considerando-se esta última como uma exigência face às mudanças técnico-científicas, às mudanças sócio-culturais, aos novos desafios e solicitações à escola e à educação, devendo por isso ter o devido impacto na carreira e no desenvolvimento profissional dos formandos.

A oitava área abordou as "Políticas e práticas de avaliação", animando o debate na matéria a discussão em torno das diversas concepções sobre avaliação, objectivos e formatos, em particular quando passamos a incluir, para além dos alunos, os professores, os departamentos e as próprias escolas. Por outro lado, reflectindo a autonomia crescente das escolas, debateu-se a avaliação como "prestação pública de contas" e os indicadores recolhidos para se apreciar a qualidade das práticas educativas e a eficiência das instituições.

A nona área temática agregou trabalhos sobre o "Desenvolvimento vocacional e a orientação para a carreira", aqui ganhando particular relevância as questões dos projectos de vida e os processos como os sujeitos os elaboram, implementam e redefinem, num conceito mais desenvolvimental, interactivo e identitário da orientação vocacional. Os trabalhos apresentados afastam-se da leitura "traço-factor" mais clássico, ou seja, na crença do "encaixe" entre características individuais e exigências do posto de trabalho, assumindo-se a carreira, menos como "descoberta" e mais como uma faceta da identidade em construção.

Finalmente, a décima área reportou-se ao "Ensino Superior" e o número substancial de trabalhos apresentados, num crescendo observado ao longo das últimas edições deste Congresso, reflecte a importância crescente desta área nas investigações dos académicos presentes. Tratando-se de um subsistema em acentuada agitação e instabilidade, com vários temas em análise, por exemplo, a autonomia e financiamento, a organização e funcionamento pedagógico, a avaliação e qualidade dos cursos ministrados, a reestruturação dos cursos e dos níveis de ensino à luz da Declaração de Bolonha…, vários dos trabalhos apresentados debateram os processos de transição do ensino secundário para o ensino superior por parte dos alunos, os seus processos de adaptação e de aprendizagem, a qualidade da sua formação e do seu desenvolvimento psicossocial, as práticas pedagógicas instituídas e a instituir, a organização dos estágios profissionalizantes e as saídas para o mercado de trabalho.

Os interessados podem encontrar um bom número dos trabalhos apresentados nas Actas do VIII Congresso Galaico-Português de Psicopedagogia, editadas em CD-Rom. Trata-se de um extenso volume, contento os resumos das 470 propostas de comunicações apresentadas e os 294 textos completos enviados, num total de 3915 páginas, mas fácil de manusear dadas as funções interactivas do CD.

 

Bento D. Silva

Coordenador da Comissão Organizadora — Universidade do Minho