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Revista Portuguesa de Educação

versión impresa ISSN 0871-9187

Rev. Port. de Educação vol.33 no.1 Braga jun. 2020

https://doi.org/10.21814/rpe.20472 

EDITORIAL

 

Maria Helena Martinho

Íris Susana Pires Pereira

José António Fernandes

 

Raramente uma capicua nos deixa indiferentes. Talvez precisamente porque, como um sólido geométrico ou um poema, a podemos captar seja qual for o sentido que tomamos (da esquerda para direita, da direita para esquerda) ou o ponto de partida. De algum modo é também esse o desafio da Educação: o desenvolvimento do humano na humanidade de cada um e na diversidade das suas circunstâncias.

Também uma revista cresce na multiplicidade de direções, na diversidade de leituras, na voz plural a que dá corpo. Ao iniciar a publicação do volume 33, a Revista Portuguesa de Educação toma tal capicua como pretexto para recordar aos que a fazem, como autores, leitores, editores e revisores, o olhar abrangente e diverso que promove no campo da Educação. Este número é mais um bom exemplo disso mesmo.

Exemplo pelo conteúdo, sem dúvida. Os artigos aqui reunidos percorrem caminhos na história da educação, abordam questões curriculares, problematizam políticas educativas, analisam aspetos do processo de aprendizagem e da avaliação.

Exemplo pela gênese dos artigos que reúne. A colaboração entre diferentes instituições e investigadores de diferentes países (Portugal, Brasil, Espanha e Reino Unido) está patente neste número. Divulgar mais trabalhos em colaboração e incorporar mais textos em diferentes línguas são dois dos objetivos que iremos perseguir.

Exemplo pela forma. A revista adota neste número uma nova imagem gráfica. Não tanto para “refrescar” a face, como para a tornar mais adequada à leitura digital, dando corpo a uma opção de publicação que é a nossa. Assim, assume-se o texto a uma só coluna, a localização em nível de leitura das notas auxiliares, um tipo de letra serifada que facilita a leitura em suportes não impressos. Genericamente, optou-se por uma imagem porventura mais austera, despida de adornos, que, assim o esperámos, guiará mais diretamente a atenção do leitor para o essencial do nosso esforço comum: os artigos que, após um longo e cuidado processo de revisão, aqui fazemos públicos. Em breve, de resto, daremos mais um passo na consolidação da edição digital da revista com a constituição do arquivo digital dos números publicados entre 1988 e 2007, correntemente apenas disponíveis em versão impressa.

Este primeiro número do volume 33 da revista inicia-se com dois artigos em torno da história da Educação. O primeiro, intitulado As missões francesas e o modernismo na fundação da filosofia acadêmica no Brasil, de Ricardo Henrique Resende de Andrade e de André Luís Machado Galvão, discute a génese da filosofia académica na Universidade de São Paulo a partir de 1934, no período inicial da afirmação do modernismo. O segundo artigo, de Rui Trindade, intitulado A difusão da obra pedagógica de Dewey em Portugal: O contributo de Adolfo Lima, foca-se na apropriação de uma obra central em pedagogia por um pedagogo português e na discussão da sua relação com o Movimento da Escola Nova.

O tópico seguinte incide no jogo como instrumento educativo, reunindo dois artigos. O artigo Avaliação de jogos educativos no ensino de conteúdos acadêmicos: uma revisão sistemática da literatura, de Myenne Mieko Ayres Tsutsumi, Paulo Roney Kilpp Goulart, Mauro Dias Silva Júnior, Verônica Bender Haydu e Érika Larissa de Oliveira Jimenéz, percorre um conjunto vasto de artigos empíricos e de estudos de caso publicados em inglês ou português, de janeiro de 2006 a setembro de 2019. Se o estudo aí relatado sublinha o potencial dos jogos na melhoria do desempenho académico dos alunos, o artigo seguinte procede a uma avaliação detalhada de um programa específico em Educação Básica. Da autoria de uma equipa envolvendo investigadores de universidades da Galiza, Minho e Açores, nomeadamente José Eugénio Rodríguez-Fernández, Vânia Pereira, Isabel Condessa e Beatriz Pereira, o artigo Avaliação de um programa de intervenção em escolas: Aprender através do jogo, sublinha o potencial de programas de intervenção lúdica na criação de oportunidades práticas e diversificação do tipo de jogos praticados em contexto escolar.

Seguem-se dois artigos sobre questões de avaliação. O primeiro, Escala de avaliação de aprendizagem (Ensino Profissionalizante): Adaptação e estudos psicométricos, de Carla Priscila da Silva Pereira, Acácia Aparecida Angeli dos Santos e Adriana Satico Ferraz, discute a validade, potencial e propriedades da Escala de Avaliação das Estratégias de Aprendizagem utilizada no Brasil no ensino fundamental, quando adotada num projeto piloto no âmbito do ensino profissionalizante. De novo no contexto português, o artigo PISA, TIMSS e PIRLS em Portugal: uma análise comparativa, de Vítor Rosa, João Sampaio Maia, Daniela Mascarenhas e António Teodoro, faz uma análise comparativa dos efeitos e interpretações desses três questionários internacionais em Portugal. Este último artigo explicita pontes de contacto entre as perceções sociais de fenómenos e dinâmicas no sistema educativo e o desenvolvimento de políticas públicas. O texto de Ana P. Antunes, Leandro Almeida, Lúcia C. Miranda, Joana O. Xavier, Conceição Ramos e Johanna M. Raffan, intitulado A sobredotação na Região Autónoma da Madeira: Desenvolvimento de políticas e práticas educativas, discute o desenvolvimento dos mecanismos de atendimento e de enquadramento legal de alunos com elevadas capacidades implementados, precisamente como políticas públicas pioneiras, na Região Autónoma da Madeira desde os anos 90 do século passado.

Seguem-se dois artigos sobre aprendizagem em contextos digitalmente mediados. Coincidentemente, o tópico adquiriu uma insuspeita e inesperada relevância nos últimos meses com os desafios colocados pela pandemia associada à Covid-19 ao funcionamento das escolas e à consolidação de propostas educativas efetivas com mediação digital. Neste número, Joana Viana e Helena Peralta escrevem sobre Aprender na era digital: do currículo para todos ao currículo de cada um interrogando-se sobre o papel que o currículo formal ainda poderá ter como referencial enquadrador da aprendizagem individual nos contextos de aprendizagem mediados pela Internet. O modo como, no ensino profissionalizante, as metodologias ativas, inspiradas no conjunto de fenómenos que contextualizam a Indústria 4.0, podem apoiar as estratégias pedagógicas, é discutido no artigo Metodologias ativas numa escola técnica profissionalizante, de Ederson Carlos Silva, Helena Brandão Viana e Guanis de Barros Villela Jr.

Num contexto muito diferente, o artigo Educação de Jovens e Adultos e Desenvolvimento Local em Comunidades Quilombolas Rurais Brasileiras, de Luciane Bacheti, Armando Lourino, Artur Cristóvão e Alexandra Salles, aborda o papel deste tipo de programas educativos enquanto catalisadores de processos de participação comunitária e de desenvolvimento local, a partir de uma experiência concreta numa comunidade rural brasileira.

Finalmente, os dois artigos que encerram este número da RPE focam-se em aspetos relacionais e motivacionais nas dinâmicas educativas. O primeiro, Autoeficácia, estratégias de coping e os efeitos das relações interpessoais e organizacionais de discentes de Ciências Contábeis, de Alison Martins Meurer, Iago França Lopes e Ramualdo Douglas Colauto, apresenta um estudo de natureza quantitativa sobre as relações interpessoais e organizacionais enquanto mediadoras entre a autoeficácia académica e as estratégias de coping. O segundo, Um panorama sobre engajamento escolar: uma revisão sistemática, de Lygia Vallo e Campos, Juliana Campos Schmitt e Francis Ricardo dos Reis Justi, apresenta uma revisão sistemática da literatura sobre envolvimento escolar concluindo pela premência de mais estudos experimentais neste domínio.

Como habitualmente, este número termina com uma recensão crítica de uma obra recente e elaborada por Pablo Joel Santana Bonulla. Trata-se do livro Hacia una literacidad del fracaso escolar y del abandono temprano desde las voces de adolescentes y jóvenes. Resistencias, «cicatrices» y destinos, editado em 2018 sob coordenação de Rosa Vásquez Recio.

A equipa editorial agradece a todos os investigadores que colaboram como avaliadores dos diferentes artigos bem como aos autores que escolhem a Revista Portuguesa de Educação para divulgação dos resultados de investigação. Esperamos que este primeiro número de um volume capicua possa ele próprio ser ponto de partida em múltiplas e insuspeitas direções.

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