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Revista Portuguesa de Imunoalergologia

Print version ISSN 0871-9721

Rev Port Imunoalergologia vol.20 no.2 Lisboa Apr. 2012

 

Editorial

 

Ângela Gaspar

Editor da RPIA

 

Caros Colegas,

Neste número da nossa revista começamos a publicar uma série de artigos sobre anafi laxia, reacção de hipersensibilidade sistémica grave, com carácter imediato e potencialmente fatal, cuja incidência tem vindo a aumentar nos últimos anos, particularmente em idade pediátrica. A falta de reconhecimento e a defi ciente abordagem desta emergência médica é preocupante e deve ser colmatada. O tratamento de eleição de acordo com a evidência científica e os guidelines internacionais, recentemente revistos pela WAO (World Allergy Organization), é a adrenalina. Não obstante este facto bem documentado, a ausência ou atraso na administração deste fármaco é inexplicavelmente frequente, sendo factor de risco para anafi laxia bifásica, refractária e mesmo letal. Salientamos a importância da promoção de formação médica contínua nesta área, e da referenciação mais célere à especialidade de Imunoalergologia, permitindo uma adequada abordagem diagnóstica e a instituição de estratégicas de prevenção e de tratamento.

O primeiro artigo original representa um importantíssimo marco para a melhoria do conhecimento epidemiológico da anafilaxia induzida por fármacos no nosso país, sendo pela primeira vez publicados os resultados do registo nacional de anafilaxia implementado pela SPAIC. Neste artigo são apresentadas as notificações de anafilaxia a fármacos de 313 doentes, recebidas durante um período de quatro anos (2007 a 2010). As principais causas de anafilaxia induzida por fármacos foram os anti-inflamatórios não esteróides, os antibióticos e os agentes anestésicos; outros fármacos implicados em menor frequência foram os citostáticos, os corticosteróides, os inibidores da bomba de protões, os meios de contraste iodados e as vacinas, entre outros. Contamos, nos próximos números da RPIA, trazer-vos os resultados integrais do registo nacional de anafilaxia implementado pela SPAIC, incluindo todas as notificações de anafilaxia recebidas durante o referido período e respectiva análise etiológica, um artigo de revisão sobre as particularidades da abordagem da anafilaxia em idade pediátrica, desde o lactente ao adolescente, e as experiências de alguns centros hospitalares.

Seguem-se dois artigos originais sobre asma, a que foram atribuídos prémios da SPAIC, respectivamente Prémio SPAIC – Bioportugal/ALK-Abelló 2011 (1.º Prémio) e Prémio SPAIC – AstraZeneca 2011 (2.º Prémio).

O segundo artigo original avalia o efeito da imunoterapia específica no controlo da asma. Os autores estudaram 96 asmáticos em seguimento especializado, por questionário clínico e ACT (Asthma Control Test), comparando os doentes tratados com imunoterapia específica e farmacoterapia e os que receberam apenas farmacoterapia, intuindo do benefício clínico de uma acção imunomoduladora da imunoterapia específica.

O terceiro artigo original é dedicado ao estudo dos valores das adipocinas produzidas pelo tecido adiposo – resistina, adiponectina e leptina – em doentes com asma e excesso de peso. Foram incluídos 28 asmáticos com excesso de peso, 26 não asmáticos com excesso de peso e 26 asmáticos com peso normal, tendo os autores encontrado um aumento dos níveis de leptina em asmáticos com excesso de peso, mais evidente no sexo feminino, com potencial repercussão na persistência da resposta inflamatória.

O quarto artigo original aborda o tratamento do angioedema hereditário, patologia rara para a qual existe, ainda hoje em dia, desconhecimento por parte da classe médica em geral. Este artigo reflecte a experiência do Serviço de Imunoalergologia do Hospital de Santa Maria – Centro Hospitalar Lisboa Norte com a utilização de icatibant, antagonista selectivo dos receptores B2 da bradicinina, no tratamento de crises graves de angioedema hereditário, numa série de 9 doentes, concluindo da sua utilização eficaz e segura nesta patologia.

O caso clínico deste número é de uma doente com alergia alimentar grave mediada por IgE à semente de girassol.

Este caso destaca-se pela particularidade da doente apresentar anafilaxia ao óleo de girassol, pois a maioria dos doentes com alergia a esta semente tolera a pequena quantidade de proteína alergénica contida no óleo de girassol, o que poderá ser explicado pela sensibilização a LTPs.

Gostaríamos ainda de contar com a vossa atenção para a rubrica dos Artigos comentados e para a rubrica das Notícias, com destaque para um breve relato sobre a XI Reunião da Primavera da SPAIC, evento de sucesso que decorreu em Chaves no dia 24 de Março subordinado ao tema “A asma começa na criança”.

Para todos os sócios da SPAIC, é com grato prazer que no presente número da RPIA procedemos à divulgação de um novo prémio promovido pela SPAIC, o prémio da Sociedade Luso-Brasileira de Alergia e Imunologia Clínica (SLBAIC), que este ano tem como finalidade estimular a pesquisa e difusão de conhecimentos específicos sobre o tema “Asma”, sendo o prazo da candidatura o dia 30 de Agosto de 2012. Aproveito para salientar que o prazo da candidatura aos restantes prémios da SPAIC, no total de sete prémios, cujos regulamentos são publicados na RPIA, é o próximo dia 31 de Julho.

Esperando contar para breve com a vossa contribuição para a RPIA, desejo a todos uma profícua leitura dos artigos publicados.

Ângela Gaspar

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