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Revista Portuguesa de Imunoalergologia

versão impressa ISSN 0871-9721

Rev Port Imunoalergologia vol.23 no.3 Lisboa set. 2015

 

ARTIGO ORIGINAL

 

Fenótipos de sibilância em idade‑escolar e relação com persistência de asma até à adolescência

Preschool wheezing phenotypes and its relation to asthma persistence until adolescence

 

Helena Pité1,2, Ana Margarida Pereira1,3,4, Ângela Gaspar1, Mário Morais‑Almeida1

1 Centro de Alergia, CUF Descobertas Hospital e CUF Infante Santo Hospital, Lisboa

2 CEDOC, Centro de Estudos de Doenças Crónicas, Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Nova de Lisboa

3 Departamento de Ciências da Informação e Decisão em Saúde, Faculdade de Medicina da Universidade do Porto

4 Unidade de Imunoalergologia, CUF Porto Hospital e Instituto, Porto

 

Contacto

 

RESUMO

Introdução: Vários fenótipos de sibilância em idade pre‑escolar têm sido propostos. Para que possam ser clinicamente relevantes é importante avaliar a sua aplicação na prática clínica. Objetivos: Identificar fenótipos de sibilância em idade pre‑escolar num modelo estatístico multidimensional, independente de hipóteses formuladas a priori, e avaliar o prognóstico dos diferentes fenótipos encontrados respeitante à persistência de asma até à adolescência. Métodos: Estudo de coorte prospetivo incluindo 308 crianças com sibilância recorrente em idade pre‑escolar, Avaliadas sistematicamente ao final de 3, 8 e 13 anos de seguimento. Foi estimada a prevalência de asma em cada momento de avaliação e analisados, por regressão logística multivariada, os fatores de risco associados a persistência de asma na adolescência. Para identificação dos fenótipos foi usada como técnica principal de clustering a análise de clusters kmeans, incluindo variáveis obtidas por questionário médico e testes cutâneos por picada. Estes fenótipos foram comparados relativamente à prevalência de asma, uso de tratamento preventivo, parâmetros espirométricos e prova de broncodilatação em idade escolar e na adolescência. Resultados: A prevalência de asma foi de 58,3% (n=249) e de 53,5% (n=170), aos 8 e 13 anos de seguimento, respetivamente. Foram fatores independentes para persistência de asma na adolescência os antecedentes de atopia (odds ratio (OR) [intervalo de confiança a 95%]: 11,4 [3,8‑34,4]) e de rinite (OR 10,6 [3,7‑29,8]) em idade pre‑escolar. Identificaram‑se três fenótipos de sibilância em idade ‑escolar, denominados “persistente atópico”, “persistente não atópico” e “transitório não atópico”, preditivos para persistência de sintomas de asma e uso de tratamento preventivo em idade escolar e na adolescência (p<0,001). Conclusões: este estudo permitiu identificar, pela primeira vez numa coorte de crianças em Portugal, três fenótipos de sibilância em idade pré‑escolar. Estes fenótipos conciliam caraterísticas de outros previamente descritos na literatura. A persistência de asma em idade escolar e na adolescência diferiu significativamente entre os grupos.

Palavras‑chave: Asma, coorte, criança, fenótipo, prognóstico, sibilância.

 

ABSTRACT

Introduction: Several preschool wheezing phenotypes have been proposed. In order to be clinically relevant, it is important to evaluate their application in clinical practice. Aims: To identify preschool wheezing phenotypes in a multidimensional statistical model, independent of predefined hypotheses, and to evaluate their prognosis regarding asthma persistence until adolescence. Methods: Prospective cohort study including 308 children with recurrent wheezing in preschool age, systematically evaluated at 3, 8 and 13 years of follow‑up. Asthma prevalence was estimated at each time point. Risk factors associated with asthma persistence in adolescence were analyzed by multivariate logistic regression. K‑means clusters analysis was used as the main clustering technique for identification of wheezing phenotypes, including variables obtained by medical questionnaire and skin prick tests. These phenotypes were compared for asthma prevalence, use of preventive treatment, spirometric parameters and bronchodilation tests results at school‑age and adolescence. Results: Asthma prevalence was 58.3% (n=249) and 53.5% (n=170), at 8 and 13 years of follow‑up, respectively. Having atopy (odds ratio (OR) [95% confidence interval]: 11.4 [3.8‑34.4]) and rhinitis (OR 10.6 [3.7‑29.8]) at preschool age were independent risk factors for asthma persistence in adolescence. We identified 3 preschool wheezing phenotypes, named “atopic persistent”, “non‑atopic persistent” and “non‑atopic transient”, which were predictive for asthma symptoms persistence and use of preventive treatment, in school‑aged children and adolescents (p <0.001). Conclusions: This study revealed, for the first time in a cohort of children in Portugal, 3 preschool wheezing phenotypes. These phenotypes reconcile features of others previously described in the literature. Asthma persistence at school age and adolescence differed significantly between the groups.

Keywords: Asthma, children, cohort, phenotype, prognosis, wheezing.

 

INTRODUÇÃO

A sibilância recorrente é uma entidade clínica muito frequente em idade pediátrica1 que pode traduzir diferentes diagnósticos e sobretudo diferentes prognósticos. Embora possa ser transitória, com recuperação total ao longo da infância, o início precoce dos episódios de sibilância está associado à persistência de sintomas brônquicos ao longo da vida e a umamaior deterioração funcional respiratória2,3, podendo haver alterações mantidas da função pulmonar4.

Tendo em conta a heterogeneidade clínica inerente à sibilância recorrente, tem sido procurada a definição de fenótipos. O maior contributo para o conhecimento sobre fenótipos de sibilância na criança derivou da realização de estudos longitudinais, salientando‑se quatro com início neonatal: Tucson2,5, Melbourne3, Perth6,7 e Bristol8. Estes estudos definiram três a seis fenótipos, de acordo com a evolução temporal e a persistência de sintomas. No entanto, as primeiras definições fenotípicas foram subjetivas, baseadas em características diretamente observáveis e em hipóteses formuladas a priori pelos autores, originando classificações distintas e dificilmente comparáveis. Ficou limitada a sua aplicação noutras idades ou a incorporação de outras características das crianças, restringindo a comparação de fenótipos entre diferentes coortes. Os critérios temporais limitaram ainda a sua aplicabilidade clínica pelo facto de a classificação fenotípica assim descrita só poder ser estabelecida retrospetivamente, para além de que várias crianças podem não se integrar nas categorias descritas ou mesmo alternar entre um fenótipo e outro9,10.

Na procura de uniformização e maior aplicabilidade na prática clínica, foi criada, em 2008, uma task force da European Respiratory Society, que sugeriu a divisão em dois fenótipos de sibilância definidos pelos desencadeantes (episódica (viral) vs. desencadeada por múltiplos estímulos), baseada nos vários estudos longitudinais e na opinião de peritos11. Esta classificação revelou‑se contudo de difícil aplicação por dificuldades diagnósticas e os padrões provaram ter pouca consistência ao longo do período de um ano, não estando o seu valor preditivo esclarecido1012.

Até ao momento, não é clara a relação existente entre os fenótipos definidos pelos diferentes estudos, não existindo uma classificação fenotípica consensual que possa refletir os mecanismos, a história natural da doença e respostas terapêuticas distintas.

Com o objetivo de ultrapassar estas limitações tem sido proposta, mais recentemente, a definição de fenótipos clínicos utilizando modelos estatísticos, de um modo independente de hipóteses formuladas a priorie que considerem em simultâneo diferentes dimensões da doença e o seu caráter dinâmico13. Estes métodos são usados para identificar grupos que podem não ser directamente observáveis, determinados exclusivamente a partir de caraterísticas objetivas. Para que os fenótipos possam ser clinicamente relevantes e para validar os resultados da aplicação destes modelos estatísticos é importante avaliar a sua aplicação na realidade clínica e, simultaneamente, analisar a sua validade prospetiva.

Os objetivos principais do presente estudo foram: (1) identificar e descrever fenótipos de sibilância em idade ‑escolar com base num modelo estatístico multidimensional, combinando caraterísticas da sintomatologia respiratória, história pessoal e familiar de doenças alérgicas, exposições ambientais e resultados de testes cutâneos; (2) avaliar o prognóstico dos diferentes fenótipos  encontrados, a respeito da persistência de asma, considerando sintomas, uso de tratamento preventivo e parâmetros funcionais respiratórios, em idade escolar e na adolescência.

MATERIAL E MÉTODOS

Desenho do estudo e participantes

Foi selecionada uma amostra de 308 crianças observadas consecutivamente durante 12 meses em primeiras consultas de um serviço de Imunoalergologia de um hospital terciário português no ano de 1993. Foram considerados critérios de inclusão ter menos de sete anos de idade e ter diagnóstico clínico de sibilância recorrente; foram excluídas outras causas potencialmente relevantes de sibilância, para cada caso clínico (Figura 1).

Todas as crianças efetuaram terapêutica preventiva com corticosteroides tópicos inalados, em dose média, por um período inicial de três meses, com reavaliação posterior e manutenção ou alteração da terapêutica de acordo com a evolução dos sintomas respiratórios. As crianças mantiveram‑se em observação com uma regularidade mínima semestral, nos três primeiros anos do estudo; após este período entrou‑se numa fase com observações, no âmbito do estudo, menos regulares, sendo mantido o seguimento médico, de acordo com as necessidades específicas de cada participante e a prática clínica habitual. Foram realizadas avaliações sistemáticas ao final de três, oito e treze anos. As avaliações realizadas em cada um destes momentos encontram‑se sistematizadas na Figura 1.

Foi obtido o consentimento informado dos pais de todos os participantes. O protocolo do estudo foi aprovado pela comissão de ética de uma unidade hospitalar portuguesa.

Instrumentos e colheita de dados

Questionário

O questionário utilizado para a colheita dos dados foi adaptado a partir do questionário do estudo ISAAC (International Study of Asthma and Allergies in Childhood)14. Foram adicionadas questões relativas à idade de início de sibilância, história pessoal de alergia alimentar e parental de asma, exposição ao fumo do tabaco, presença de animais domésticos e frequência de infantário. Este questionário foi aplicado por médicos treinados para o efeito no contexto das avaliações presenciais.

Testes cutâneos por picada

Os testes cutâneos foram efectuados de acordo com as recomendações internacionais15,16, utilizando lancetas metálicas (Prick Lancetter®, Hollister‑Stier Laboratories, EUA) e os seguintes extratos alergénicos:

Dermatophagoides pteronyssinus, Dermatophagoides farinae, mistura de pólenes de gramíneas, parietária, mistura de pólenes de árvores, mistura de fungos, cão e gato (Allergopharma Joachim Ganzer KG, Alemanha);

Blatella germanica, Periplaneta americana e Blatta orientalis (CBF Leti, Espanha);

– leite de vaca, ovo, peixe e trigo (Stallergènes Group, França).

Como controlo positivo foi utilizado o cloridrato de histamina a 10mg/ml e como controlo negativo soro fisiológico. Foi considerado positivo um diâmetro médio da pápula > 3 mm.

Avaliação funcional respiratória

A avaliação funcional respiratória foi efetuada, em 2001 e 2006, por espirometria basal e após prova de broncodilatação (pneumotacógrafo Vitalograph Compact II), segundo as recomendações internacionais17,18 e fora dos episódios de agudização.

Definições utilizadas no estudo

O diagnóstico de sibilância recorrente foi considerado conforme descrito na Figura 1.

Considerou‑se como critério para definição de assintomático a ausência de sintomas brônquicos nos últimos 12 meses em crianças sem terapêutica preventiva. O diagnóstico de asma foi efetuado de acordo com critério médico, após exclusão de outras causas possíveis de sintomas brônquicos; este diagnóstico foi considerado a partir da segunda avaliação (1996).

As definições de rinite, eczema, alergia alimentar e infecções respiratórias recorrentes foram baseadas nas respostas aos questionários, tendo sido validados os diagnósticos por médicos especialistas em Imunoalergologia.

A existência de história parental de asma, exposição ao tabaco e uso de tratamento preventivo foi autorreportada, por resposta ao questionário.

Considerou‑se como critério de atopia a existência de pelo menos um teste cutâneo positivo.

A existência de obstrução brônquica e de prova de broncodilatação positiva foi definida de acordo com as normas internacionais para avaliação funcional respiratória17,18.

Análise estatística

As variáveis contínuas foram descritas pela média e desvio-padrão (DP). As variáveis categóricas foram descritas através de frequências absolutas e relativas, tendo as comparações sido realizadas utilizando o teste de Pearson qui-quadrado; nas comparações incluindo variáveis ordinais com mais de dois grupos foi considerado o valor de p para a tendência. Um valor de p <0,05 foi considerado estatisticamente significativo.

Foram desenvolvidos modelos de regressão logística univariada e multivariada para persistência de asma na adolescência utilizando variáveis independentes como possíveis fatores de risco. Na análise univariada foram consideradas, de forma abrangente, todas as variáveis avaliadas no estudo que possam ter relação com a persistência de asma, independentemente da relação entre si e do momento de avaliação. No modelo de regressão logística multivariada foram selecionadas preferencialmente variáveis relativas à avaliação feita em idade ‑escolar (excluindo as que foram avaliadas exclusivamente em 2001 e 2006) de acordo com o valor de p da análise univariada, incluindo na análise as que apresentaram p<0,250; nas situações em que as variáveis avaliadas apresentavam elevada colinearidade, foi selecionada apenas uma para integrar o modelo multivariado. A qualidade do ajuste do modelo foi avaliada pelo teste de Hosmer‑Lemeshow (considerado um bom ajuste do modelo para p>0,05) e a sua capacidade preditiva pela area under the curve da curva ROC (receiver operating characteristic). Os resultados dos modelos de regressão logística univariada e multivariada foram apresentados como odds ratio (OR) com intervalo de confiança a 95% (IC95%).

Foi usada metodologia de análise de clusters para classificação dos participantes em idade pre‑escolar, com uma abordagem em dois passos. Numa primeira fase foi usada análise de clusters hierárquica, com o método de Ward, tendo sido gerado um dendograma para estimação do número provável de clusters dentro desta população. Nesta análise foi estimado que o número provável de clusters seria três. Numa segunda fase, esta estimativa foi pre‑especificada numa análise de clusters kmeans, usada como técnica principal de clustering. As variáveis incluídas na análise de clusters foram selecionadas com base na análise de regressão logística feita e descrita previamente.

Os dados foram analisados usando o software SPSS® versão 21.0 para Windows (IBM SPSS, Chicago, IL, EUA); o cálculo do qui-quadrado para a tendência foi feito usando o programa MedCalc®, versão 12.2.1.0 para Windows (MedCalc Software bvba, Ostend, Bélgica).

RESULTADOS

Caraterísticas dos participantes

A Figura 1 representa o número de crianças observadas em cada momento de avaliação. Das 308 crianças incluídas na coorte foram avaliadas, no 13.º ano de seguimento, 170 crianças (55%). O Quadro 1 apresenta as caraterísticas dos participantes em cada momento. Não foram encontradas diferenças significativas entre os participantes em cada avaliação sistemática do estudo no que respeita às características basais, à entrada no estudo (p>0,33).

Prevalência de asma em idade escolar e na adolescência

O Quadro 2 expressa a prevalência de asma em cada momento de avaliação das crianças que cumpriram o seguimento de 13 anos. A maioria das crianças manteve‑se sintomática em todos os momentos de avaliação. A prevalência de asma foi de 53,5% em 2006, tendo sido significativamente superior nas crianças com idade ≥3 anos à data de inclusão no estudo, antecedentes de asma materna, história pessoal de rinite, eczema e atopia em idade pre‑escolar, tratamento preventivo de asma, obstrução brônquica e prova de broncodilatação positiva (Quadro 2). Nesta avaliação, não foram observadas diferenças estatisticamente significativas na prevalência de asma no que respeita à frequência de infantário antes dos 12 meses de idade, ao contrário do que havia sido evidente em 1996 e 2001 (Quadro 2).

Com a idade verificou‑se uma tendência particularmente significativa para o decréscimo da frequência de crianças asmáticas nas que tinham história paterna de asma, nas sem história pessoal de rinite em idade pre‑escolar ou sem uso de tratamento preventivo (Quadro 2).

Fatores de risco para persistência de asma na adolescência

O modelo de regressão logística univariada mostrou que a persistência de asma na adolescência se encontrava associada à idade ≥3 anos à data de inclusão no estudo, existência de história pessoal de rinite e de eczema e à presença de atopia em idade pre‑escolar, ao uso de tratamento preventivo e à presença de alterações funcionais respiratórias em idade escolar (Quadro 3). No modelo de regressão logística multivariada confirmaram-se como fatores de risco independentes a existência de história pessoal de rinite e de atopia em idade pré‑escolar (Quadro 3).

Identificação de fenótipos

A amostra usada para definição de fenótipos consistiu em 247 crianças com sibilância recorrente em idade pre‑escolar, sendo 153 (61,9%) do sexo masculino e a idade média (DP) de 3,6 (1,6) anos em 1993.

As variáveis utilizadas para definir os grupos foram a idade de início da sibilância recorrente, a história materna de asma, a história paterna de asma, a frequência de infantário, a história pessoal de rinite, a história pessoal de eczema e a atopia.

As caraterísticas de cada cluster encontram‑se resumidas no Quadro 4, sendo de salientar as seguintes:

Fenótipo 1: Sibilância persistente atópica.

Este grupo foi caracterizado essencialmente pela presença de atopia e de história pessoal de rinite em idade ‑escolar.

Fenótipo 2: Sibilância persistente nao‑atopica

Estas crianças caraterizaram‑se por serem não atópicas e terem tido início de sintomas de asma antes dos 48 meses de idade. A maioria tinha história pessoal de rinite. Caraterizaram‑se ainda por não terem frequentado infantário no primeiro ano de vida. Nenhuma tinha história paterna de asma e cerca de 2/5 tinham história materna de asma.

Fenótipo 3: Sibilância transitória não atópica

Apesar de, tal como no fenótipo anterior, se terem caraterizado pelo início de sibilância antes dos 48 meses de idade e não serem atópicas, estas crianças não tinham história de rinite, de eczema ou de alergia alimentar em idade pre‑escolar, nem antecedentes maternos de asma. Cerca de 40% frequentaram infantário antes dos 12 meses de idade.

O fenótipo 1 foi o mais frequente, seguido do fenótipo 3.

Comparação dos fenótipos em relação ao prognóstico

A persistência de asma foi significativamente diferente entre os três grupos, tendo sido consistentemente superior no fenótipo 1 e inferior no fenótipo 3 nas avaliações sistemáticas da coorte (Quadro 4). De igual forma, o uso de tratamento preventivo foi significativamente diferente entre os grupos, sendo mais frequente no fenótipo 1.

A figura 2 mostra a frequência cumulativa de asma de acordo com a idade para os diferentes fenótipos de sibilância definidos.

Houve diferença significativa na frequência de alterações funcionais respiratórias em idade escolar, tendo as crianças com fenótipo 3 tido menor percentagem de exames com obstrução brônquica e provas de broncodilatação positivas. Estas diferenças não foram observadas na avaliação em adolescentes (Quadro 4).

DISCUSSÃO

Neste estudo, pioneiro em Portugal, foram identificados três fenótipos de sibilância em idade pre‑escolar, tendo por base um modelo estatístico multidimensional desenvolvido usando dados objetivos e não definido a priori. Estes fenótipos foram preditivos de asma em idade escolar e na adolescência, conciliando caraterísticas de outros previamente descritos na literatura. Este estudo mostrou ainda que a existência de história pessoal de rinite e de atopia em idade pre‑escolar constituíram factores de risco independentes para persistência de asma na adolescência.

A inclusão de um grupo de mais de 300 crianças com sibilância recorrente, acompanhadas sistematicamente desde a idade pre‑escolar até à adolescência, com avaliações seriadas em alturas-chave do desenvolvimento da criança, permitiu a avaliação prospetiva da evolução da sibilância e fatores associados. A selecção da amostra em primeiras consultas da especialidade, se bem que possa estar associada a alguns fatores de enviesamento, constituiu uma condicionante de homogeneidade no que respeita à clínica e gravidade da sibilância. Foram colhidos de forma sistemática dados referentes à sintomatologia respiratória, história pessoal e familiar de doenças alérgicas e exposições ambientais. Todas as variáveis respeitantes a diagnósticos foram confirmadas por médicos especialistas em Imunoalergologia. As variáveis “atopia”, “obstrução brônquica” e “prova de broncodilatação positiva” foram objetivadas pelos resultados de testes cutâneos por picada e provas funcionais respiratórias, respetivamente.

A aplicação do modelo estatístico multivariávelpara a definição de fenótipos baseada exclusivamente em caraterísticas objectivas, independente de hipóteses a priori, representa um complemento importante em relação à definição de grupos com base em critérios arbitrários ou diretamente observáveis. Acresce como vantagem do estudo a avaliação do prognóstico dos diferentes fenótipos encontrados no que diz respeito à persistência de asma em idade escolar e na adolescência.

As principais limitações do estudo relacionam‑se com a perda de seguimento de crianças nos vários momentos temporais, com a ausência de marcadores objetivos de exposição ambiental, nomeadamente tabágica e de uso de medicação preventiva. A perda de seguimento de crianças atingiu 55% ao final de 13 anos. No entanto, a coorte manteve‑se homogénea a respeito das suas características basais, não tendo sido encontradas diferenças significativas nos três momentos de avaliação sistemática.

A identificação de fenótipos de sibilância é relevante do ponto de vista clínico e de investigação. A sua definição é útil na descrição da história natural da doença, na identificação dos mecanismos fisiopatológicos relevantes e consequentes respostas terapêuticas distintas.

O estudo longitudinal de Tucson foi um dos mais relevantes desenhado para a identificação de fatores de risco para sibilância5,19. Foi recrutado um grupo de 1246 recem‑nascidos e acompanhada a coorte numa base comunitária não hospitalar. Nesse estudo definiram‑se três fenótipos de sibilância: sibilância persistente (início antes dos três anos, persistindo aos seis anos de idade), sibilância tardia (ausente antes dos três anos mas presente aos seis anos) e precoce transitória (início antes dos três anos e ausente aos seis anos). No presente estudo, à semelhança do descrito, foi evidente a existência de grupos com prognóstico distinto a respeito da persistência de asma na idade escolar e na adolescência. Foram identificados três grupos, que nomeámos em consonância com os fenótipos descritos anteriormente, de “sibilância persistente atópica”, “persistente não atópica” e “transitória não atópica”. O método estatístico utilizado tem a vantagem de evitar a necessidade de definir fenótipos pelo aparecimento de sibilância numa idade pre‑definida e considerar simultaneamente várias dimensões da doença.

A maioria das crianças manteve‑se sintomática ao longo do estudo, ao contrário do descrito no estudo de Tucson20, em que 60% das crianças com sibilância em idade pre‑escolar deixaram de ter queixas em idade escolar.

Esta diferença deve‑se provavelmente aos diferentes critérios de seleção das crianças, sendo o nosso estudo caraterizado por maior gravidade clínica, tendo em conta que eram crianças selecionadas numa consulta de especialidade e já com pelo menos três (vs. um20) episódios de sibilância. Não é contudo de excluir a hipótese de que as crianças com resolução total de sintomas possam ter tido maior expressão no grupo de perda de seguimento.

As crianças com pior prognóstico, no que diz respeito à persistência de sintomas de asma e uso de medicação preventiva, eram na sua maioria atópicas e tinham história pessoal de rinite em idade pre‑escolar, em concordância com o descrito noutras coortes2022.

A atopia em idade pre‑escolar foi identificada como um fator de risco independente para persistência de asma na adolescência, com um OR de 11,4. Estes resultados reforçam que a sibilância recorrente nos primeiros anos de vida tem pior prognóstico se associada a sensibilização alergénica23 e apoia a importância da realização de provas de sensibilização cutânea como exame complementar de diagnóstico desde idades precoces. Uma revisão sistemática recente mostrou que a redução da exposição a múltiplos alergénios reduz para cerca de metade a probabilidade do diagnóstico de asma ativa em crianças com elevado risco para esta doença (definido neste estudo pela história familiar de primeiro grau de asma)24. A demonstração de sensibilização alergénica deve assim ser mais um elemento a favor do diagnóstico de asma25, podendo as medidas de controlo ambiental estar associadas a um prognóstico mais favorável24.

A rinite é um fator de risco para asma em adultos e crianças26,27, estando frequentemente associada a atopia nas crianças27. No presente estudo, a existência de rinite em idade pre‑escolar foi também identificada como um fator de risco para pior prognóstico, com um OR de 10,6, independente da existência ou não de atopia, ao contrário do anteriormente reportado27. Para além do fenótipo de sibilância persistente atópica, neste estudo identificou‑se um outro fenótipo de sibilância persistente não associado a atopia. Este fenótipo, persistente não atópico, difere do fenótipo de melhor prognóstico, transitório não atópico, no facto de a maioria das crianças ter rinite.

A prevalência de rinite em idade pre‑escolar foi recentemente estimada no nosso país como sendo cerca de 43%28.

Apesar da elevada prevalência, a rinite continua a ser uma patologia subdiagnosticada, em especial na idade pediátrica28.

O presente estudo vem reforçar a importância da avaliação e valorização dos sintomas nasais das crianças desde idades precoces. Outros autores documentaram a existência de associação entre a gravidade e/ou o controlo da rinite e da asma, incluindo crianças29.

A presença de eczema em idade pre‑escolar foi também identificada como um fator associado à persistência de clínica de asma na adolescência, à semelhança do descrito na literatura19,23,25,30. Uma das caraterísticas distintivas encontradas no fenótipo de sibilância transitória foi a ausência de eczema. Contudo, ajustando para possíveis fatores de confundimento, o eczema em idade pre‑escolar não se revelou como fator de risco independente para persistência de asma. Este facto pode dever‑se à existência de associação entre eczema e rinite e/ou atopia em idade pre‑escolar.

Apesar de no Índice Preditivo de Asma30 a rinite ser considerada como critério minor e o eczema como critério major, os resultados do presente estudo sugerem, na nossa população, a rinite, e não o eczema, como um fator independente para persistência de asma.

Outra caraterística distintiva do fenótipo de sibilância transitória não atópica em relação ao fenótipo persistente não atópico diz respeito à frequência de infantário no primeiro ano de vida. As crianças que frequentaram infantário em idades precoces apresentaram persistência de sintomas em idade escolar em número significativamente inferior. Contudo, este efeito protetor parece perder‑se com a idade, não tendo sido observado na adolescência. Mais se acrescenta que não se observaram diferenças a respeito da frequência de infantário entre os grupos com pior (sibilância persistente atópica) e melhor (transitória não atópica) prognóstico, o que pode sugerir que o eventual efeito protector dependerá do contexto clínico de cada grupo de crianças. Esta hipótese está de acordo com estudos anteriores que demonstraram que o efeito protetor da frequência de infantário em relação à existência de sensibilização e desenvolvimento de sibilância dependia de variantes genéticas31, factos que carecem contudo de confirmação.

Por fim, outra caraterística diferenciadora entre os fenótipos descritos de sibilância persistente não atópica e transitória não atópica diz respeito à história parental de asma. O grupo com melhor prognóstico caraterizou‑se pela ausência de história de asma materna.

Pelo contrário, a ausência de história paterna de asma carateriza as crianças com sibilância persistente não atópica. A presença de asma materna foi um fator associado à prevalência de asma na adolescência, observando‑se uma tendência, com a idade, para o decréscimo da percentagem de crianças sem história de asma materna com persistência de asma. Pelo contrário, não se documentaram diferenças significativas a respeito da asma paterna. Apesar destes resultados carecerem de confirmação pela avaliação médica dos familiares, outros estudos têm sugerido uma maior influência materna no desenvolvimento de asma, em relação à paterna32,33.

Cookson e colaboradores mostraram que a transmissão de atopia é detetável apenas pela linha materna33.

Há várias razões possíveis para explicar um impacto diferente entre caraterísticas maternas e paternas no desenvolvimento de asma dos seus descendentes, sendo sobretudo salientados mecanismos epigenéticos por exposições ambientais maternas durante a gravidez ou o aleitamento32.

A exposição ao tabaco durante a gravidez tem sido um dos fatores ambientais associados à asma em crianças25,32,34, o que não foi confirmado no presente estudo.

No entanto, é importante salientar que este facto pode ter resultado de um viés de ocultação por parte dos pais, uma vez que a exposição tabágica das crianças foi apenas autorreportada.

A presença de alterações funcionais respiratórias associou‑se à persistência de asma na adolescência. As crianças com sibilância transitória não atópica tiveram o melhor prognóstico em todas as caraterísticas estudadas, incluindo no que respeita aos parâmetros funcionais respiratórios em idade escolar, nomeadamente menor prevalência de obstrução brônquica e de prova de broncodilatação positiva. Na adolescência não se registaram diferenças significativas entre os fenótipos no que respeita aos parâmetros funcionais respiratórios estudados, sendo de referir uma menor proporção de obstrução brônquica e de provas de broncodilatação positivas em todos os grupos. Estes achados estão de acordo com o descrito por outros grupos22,35, mas contrastam com o estudo de Tucson19, que descreve alterações funcionais respiratórias na adolescência no grupo com sibilância transitória, bem como ausência de alterações significativas em qualquer dos fenótipos, desde a idade escolar à adolescência18.

Em resumo, os fenótipos identificados neste estudo conciliam outros previamente reportados8,19,20,22. Os fenótipos de sibilância persistente atópica e transitória não atópica são consensualmente descritos e o terceiro fenótipo, persistente não atópico, é semelhante ao fenótipo de asma não atópica descrito pelo grupo de Tucson5.

O prognóstico, no que diz respeito à persistência de asma em idade escolar e na adolescência, diferiu significativamente entre os grupos.

CONCLUSÕES

O presente estudo, com duração de 13 anos, que pela primeira vez incluiu uma coorte de crianças seguidas em Portugal, vem apoiar a distinção entre sibilância persistente atópica e transitória não atópica, reconhecendo a existência de um terceiro fenótipo que, não sendo atópico, é na sua maioria persistente.

O desenvolvimento de modelos estatísticos multidimensionais e adaptados ao caráter dinâmico desta patologia podem ajudar a compreender a variabilidade fenotípica caraterística da sibilância e identificar fenótipos clinicamente relevantes no que respeita ao prognóstico e às decisões terapêuticas. É importante validar estes resultados noutras coortes independentes.

 

REFERÊNCIAS

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Contacto:

Helena Pité

Centro de Alergia

Hospital CUF Descobertas,

Rua Mário Botas

1998‑018 Lisboa, Portugal

Tel. +351‑962790162

Fax. +351‑213582301

E‑mail helenampite@gmail.com

 

Financiamento: Nenhum.

 

Declaração de conflitos de interesse: Nenhum.

 

Data de receção/Received in: 03/11/2014

Data de aceitação/ Accepted for publication in: 20/04/2015

 

1.º Prémio SPAIC‑Bial Aristegui 2014

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