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Revista Portuguesa de Imunoalergologia

versão impressa ISSN 0871-9721

Rev Port Imunoalergologia vol.30 no.4 Lisboa dez. 2022  Epub 30-Dez-2022

https://doi.org/10.32932/rpia.2022.12.091 

Editorial

SPAIC 2020-2022: Um triénio desafiante

Manuel Branco Ferreira1  2 
http://orcid.org/0000-0002-4294-7003

1 Clínica Universitária Imunoalergologia, Faculdade de Medicina, Universidade Lisboa, Lisboa, Portugal

2 Serviço de Imunoalergologia, Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte, Lisboa, Portugal


Caros Colegas, chegamos agora ao final do mandato desta Direção que neste último ano acabou por conseguir organizar presencialmente a 43.ª reunião anual da nossa Sociedade. Nestes últimos anos a COVID dominou grande parte da nossa vida pessoal e profissional, como foi ainda patente em múltiplas sessões científicas da nossa reunião, onde as palavras pandemia, COVID ou SARS‑CoV2 foram ainda muitas vezes ecoadas. Contudo, elas já não impediram que todos os participantes pudessem voltar a apreciar o prazer da partilha de experiências, opiniões e de conhecimentos.

Creio que todos vamos guardar muito boas memórias deste reencontro.

Na 43.ª Reunião Anual da SPAIC tivemos o maior número de sempre de inscritos numa reunião anual (501 inscritos) e o maior número de cursos pré‑congresso (4 cursos). Os dois novos cursos, um sobre dessensibilização a fármacos em Oncologia e outro sobre revisão de artigos científicos, decorreram na manhã de 5.ª feira e tiveram ampla participação. Os dois cursos à tarde, um sobre imunoterapia com alergénios e outro sobre urticária, têm‑se mantido ao longo dos últimos 4 anos mas sempre com intensa renovação e inovação por parte dos seus coordenadores, o que tem justificado um interesse e uma procura contínua. Realizamos também o maior número de simpósios numa reunião anual (8 simpósios), tendo ocorrido pela primeira vez um simpósio no domingo de manhã, o que traduz o interesse da indústria farmacêutica na Alergologia e nos Alergologistas. É claramente reconhecido o papel fundamental que a SPAIC e os Alergologistas têm na promoção das melhores estratégias de saúde para todos os doentes com patologias imunoalérgicas, desde a criança ao idoso.

Salientam‑se ainda as mesas-redondas, os workshops e os 5 meet the professor lunch, muitos deles com uma procura que excedeu a capacidade das salas: 3 meet the professor sobre imunodeficiências primárias e 2 sobre alergénios, o que sublinha a diversidade e a riqueza da Imunoalergologia.

Nesta reunião anual, para além das nove sessões de apresentações de trabalhos científicos em comunicações orais, posters e casos clínicos, promovemos ainda um curso de formação em alergia alimentar e anafilaxia nas escolas, o que mais uma vez afirma o papel central e imprescindível dos alergologistas na gestão das problemáticas alergológicas graves no grupo etário pediátrico.

É exatamente a nossa capacidade de resolver os casos mais complicados do grupo etário pediátrico que afirma inequivocamente a superior competência dos Alergologistas para o acompanhamento clínico de quaisquer crianças com doença alérgica.

No entanto, creio firmemente que sempre teremos a ganhar em, com respeito mútuo e de igual para igual, colaborarmos com outras especialidades, que necessariamente têm outras formas de acompanhar doentes do seu foro, que nos acrescentam e a quem nós também trazemos valor acrescentado. E a SPAIC reflete isso mesmo, não só na composição diversa dos seus sócios, como também nesta reunião anual, onde a multidisciplinaridade foi tantas vezes abordada e apontada como a pedra angular para um melhor acompanhamento dos nossos doentes, em particular dos que têm patologias graves.

A SPAIC e os alergologistas nacionais também ampliam os seus horizontes através da colaboração com alergologistas de países irmãos. A nossa colaboração vem de longe e seguramente tem capacidade para ir muito mais longe. E aqui o objetivo não pode ser só a participação cruzada nas reuniões de cada sociedade irmã (o que já é bom) nem mesmo só a organização conjunta de reuniões (o que é muito bom). O objetivo tem de ser realizarmos trabalhos conjuntos, levarmos a cabo projetos transnacionais: de investigação básica, clínica ou translacional, elaboração de guidelines ou documentos de consenso, registos comuns e transnacionais de determinadas patologias ou então projetos em parceria com as associações de doentes de cada país. Hoje em dia, com as ferramentas digitais que possuímos, todos estes “sonhos” podem perfeitamente ser “obras que nascem”. E esta deve ser uma ideia estruturante para o nosso futuro coletivo.

As sociedades científicas têm de ter os olhos postos no futuro. E eu sou dos que vejo o futuro da SPAIC com otimismo, apesar do que sempre disseram e ainda dizem muitos profetas da desgraça. Uma sociedade científica tem de ser avaliada pela qualidade das suas bases, porque como é óbvio são as bases de hoje que serão as lideranças de amanhã. E quando olhamos hoje não só para os trabalhos premiados mas para a generalidade dos estudos que foram apresentados nesta reunião, quando vemos que a grande maioria tem bases metodológicas muito sólidas e que já existem exemplos de trabalhos cooperativos entre vários centros do nosso país, só podemos concluir que a qualidade da nossa sociedade e dos nossos sócios é muito boa. E creiam‑me que isso é bem reconhecido por quem nos conhece.

Vejam hoje em dia a representatividade dos sócios da SPAIC em sociedades alergológicas internacionais, onde constatamos uma crescente representação de alergologistas portugueses, e em particular de jovens alergologistas portugueses, nos vários grupos e secções e, em alguns casos, em participações de sócios da SPAIC ao mais alto nível em termos de cargos diretivos em sociedades internacionais. No entanto, é ainda necessário e conveniente que se consiga reforçar progressivamente o número de sócios da SPAIC nos diferentes órgãos das sociedades internacionais.

Ao longo dos últimos 3 anos houve vários aspetos que perpassaram por todo o mandato desta Direção e que julgo que, naturalmente, irão ter continuidade nos próximos anos. Quero sublinhar em particular três aspetos que considero absolutamente essenciais para a vida e para o futuro da SPAIC:

1) A enorme importância que os grupos de interesse têm na vida da SPAIC. Sempre defendi que os grupos de interesse são a espinha dorsal da SPAIC e que é deles que deve emanar o trabalho científico da SPAIC, numa lógica totalmente de baixo para cima. Precisamos de grupos de interesse dinâmicos e os seus coordenadores sabem que podem contar com a Direção da SPAIC para os projetos que sejam úteis prosseguir.

2) A enorme importância do bom ambiente que se vive na nossa sociedade, um ambiente de tranquilidade e de boa disposição. É fundamental acarinhar e cuidar bem deste ambiente que potencia a realização de obras conjuntas entre pessoas que se conhecem, que se apreciam e que convivem e se divertem juntas.

3) A enorme importância da SPAIC conseguir continuar a inovar, em termos educacionais, comunicacionais e em termos de projetos de investigação. Só neste caminho será possível continuar a angariar o interesse e o apoio dos nossos parceiros, cujo número felizmente tem vindo a aumentar continuamente.

Neste que é um momento de transição, no qual desejo o maior dos sucessos à nova Direção, não posso deixar de sublinhar o enorme papel desempenhado pela nossa secretária‑geral, a Dra. Emília Faria. Sem ela, sem a sua qualidade científica e organizativa, sem o seu apoio e empenho esta Direção não teria conseguido fazer muito do que foi realizado. Também não posso deixar de agradecer penhoradamente à nossa past‑president, a Dra. Elisa Pedro, que com a sua sabedoria tranquila e trato afável foi sempre uma inspiração essencial, para mim e para esta Direção. Por último, mas não em último, a todos os sócios, em particular a todos aqueles que, através do seu esforço e da sua dedicação, colaboraram com esta Direção, permitindo‑nos levar a bom porto a missão que iniciamos há 3 anos, o meu MUITO OBRIGADO.

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