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Revista Portuguesa de Imunoalergologia

versão impressa ISSN 0871-9721

Rev Port Imunoalergologia vol.31 no.2 Lisboa jun. 2023  Epub 30-Jun-2023

https://doi.org/10.32932/rpia.2023.06.112 

EDITORIAL

Celebrando os 40 anos da Imunoalergologia em Portugal: Avanços e conquistas

1 Serviço de Imunoalergologia, Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte, Lisboa, Portugal

2 Clínica Universitária de Imunoalergologia, Faculdade de Medicina, Universidade de Lisboa, Lisboa, Portugal


Neste ano de 2023 celebramos os 40 anos do reconhecimento da Imunoalergologia como especialidade médica pela Ordem dos Médicos.

Ao longo destas quatro décadas testemunhamos um progresso notável no campo da Imunoalergologia, desenhamos uma trajetória repleta de avanços e conquistas que transformaram a forma como compreendemos, diagnosticamos e tratamos as doenças imunoalérgicas em Portugal.

Importa agora refletir o passado, perspetivando os desafios da Imunoalergologia no século xxi. A Imunoalergologia emergiu como uma resposta necessária face ao número crescente de doentes alérgicos e à dificuldade na abordagem destas doenças complexas pela comunidade médica em geral.

Em Portugal, na década de 60 surgiram progressivamente as primeiras consultas de Imunoalergologia. O trabalho pioneiro de um grupo de médicos internistas, pneumologistas e pediatras, comprometidos com o objetivo de melhorar a qualidade de vida dos doentes alérgicos, permitiu criar as bases da futura especialidade, nomeadamente na abordagem sistémica da doença alérgica, dos grupos etários pediátricos ao adulto. Este trabalho persistente culminou com o reconhecimento oficial da Imunoalergologia como especialidade médica pela Ordem dos Médicos, com a aprovação do Regimento do Colégio de Imunoalergologia em 1983. E em 1984, após a aprovação do despacho da criação da especialidade pela Dr.ª Leonor Beleza, ministra da Saúde, foram constituídos os primeiros quadros hospitalares nos Hospitais de Santa Maria e Dona Estefânia em Lisboa, nos Hospitais da Universidade de Coimbra e no Hospital de S. João, no Porto.

Em 1987 ocorre o início do primeiro Internato Complementar de Imunoalergologia. Desde então, verificou‑se um investimento na formação de um número crescente de Imunoalergologistas, que permitiu gradualmente a constituição de novos serviços e unidades de Imunoalergologia, abrangendo atualmente uma rede crescente de hospitais em todo o continente e ilhas. Num futuro próximo, um dos principais objetivos da Imunoalergologia compreende a consolidação desta rede de cuidados de saúde de Imunoalergologia de proximidade, garantindo a equidade na acessibilidade das populações a centros diferenciados para que possam usufruir dos progressos médicos e científicos que têm vindo a ser introduzidos no âmbito da prevenção, diagnóstico e tratamento das doenças imunoalérgicas.

Uma das principais concretizações ao longo destes 40 anos foi a consolidação da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC) como catalisador na promoção da atualização do conhecimento científico, da investigação e da colaboração entre profissionais, incentivando o intercâmbio de conhecimentos e experiências, bem como a promoção da literacia em saúde.

E num futuro próximo, é importante a promoção da proximidade das diferentes áreas da especialidade à população com doença imunoalergológica, interagindo com os vários intervenientes como associações de doentes, política de saúde e média, o que será crucial para permitir que a especialidade se assuma como parceiro da comunidade na promoção da saúde do doente alérgico.

Equacionando o passado recente, não podemos esquecer o papel da Imunoalergologia na pandemia Covid 19 como importante parceiro para a promoção da saúde da comunidade em geral no âmbito do processo de vacinação.

Nos últimos 40 anos verificou‑se um avanço da imunopatologia que permitiu o diagnóstico molecular e pesquisa de biomarcadores que conduziu ao desenvolvimento da imunoterapia com alérgenos e à implementação de terapêuticas biológicas. Estes avanços e conquistas científicas colocam novos desafios para o futuro, o posicionamento do Imunoalergologista como o especialista capacitado para a abordagem sistémica da doença alérgica com recurso à medicina de precisão.

A abordagem sistémica da doença alérgica acarreta vários desafios a nível da dinâmica hospitalar e nos cuidados de saúde primários, onde o Imunoalergologista assumirá um papel de interlocutor dinamizador da multidisciplinaridade inerente à doença imunoalérgica, o grande desafio da Imunoalergologia no século XXI.

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