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Nascer e Crescer

versión impresa ISSN 0872-0754

Nascer e Crescer v.19 n.3 Porto sep. 2010

 

Contracepção e Gravidez na Adolescência – Mesa Redonda

 

Gravidez na Adolescência

 

Rosa Maria Rodrigues1

1 Centro Hospitalar do Porto

 

INTRODUÇÃO

Habitualmente pouco pacífica, a adolescência constitui uma fase de desenvolvimento caracterizada por profundas transformações a nível físico, psicológico, afectivo, social e familiar.

A progressiva maturação fisiológica é normalmente acompanhada pela súbita descoberta de novas relações e experiências, de ordem afectiva e sexual, muitas vezes geradoras de intensos conflitos. Estes sentimentos devem-se frequentemente a uma desarmonia entre o desenvolvimento corporal, sexual e mesmo intelectual e a aquisição de maturidade emocional.

Preocupada com a imagem corporal e o estabelecimento de relações cada vez mais projectadas para o exterior da família a adolescente manifesta importantes carências informativas relativamente à sexualidade, contracepção e risco de gravidez.

 

INCIDÊNCIA

A gravidez na adolescência é um fenómeno universal, tendo as suas origens no passado, existe connosco no presente e, se não for prevenida, continuará no futuro.

A incidência da gravidez na adolescência é variável consoante os países e as épocas.

A verdadeira incidência deste fenómeno é difícil de conhecer porque em termos estatísticos unicamente são contabilizadas as taxas de natalidade que, como sabemos, só representam uma pequena parte do número de gravidezes.

Portugal é o segundo país da Europa Ocidental a registar maior número de grávidas adolescentes, muito embora na última década se verifique um decréscimo. Todos os dias doze adolescentes dão à luz em Portugal.

 

FACTORES DE RISCO

A gravidez na adolescência não é um fenómeno novo. Encontram-se grávidas adolescentes em todos os estratos sociais, contudo parece ser mais prevalente nas classes mais desfavorecidas.

Constituem factores de risco o abandono escolar, o baixo nível de escolaridade da adolescente, companheiro e família, a ausência de planos futuros, e a repetição de modelo familiar (mãe também adolescente).

Outras características são também associadas com a maternidade na adolescência como o início precoce da actividade sexual, a baixa auto-estima, o abuso de álcool e drogas, a falta de conhecimento a respeito da sexualidade e o uso inadequado da contracepção.

A gravidez na adolescência é sempre uma situação que motiva angústias e incertezas. Contudo muitas vezes a adolescente tem orgulho em ter o filho, funcionando a maternidade como auto-gratificação e auto-compensação afectiva.

Dependendo do contexto social em que está inserida a adolescente, a gravidez pode ser encarada como evento normal, não problemático, aceite dentro das suas normas e costumes.

 

CONSEQUÊNCIAS

A gravidez na adolescência, habitualmente mal vigiada, tem sido associada á maior morbilidade materna e fetal podendo interferir negativamente no desenvolvimento pessoal e social sendo considerada um problema de saúde pública.

As complicações mais associadas com a gravidez na adolescência são a pré-eclampsia, a anemia, as infecções, o parto pré-termo, as complicações no parto e puerpério e perturbações emocionais bem como as consequências associadas à decisão de abortar.

A maior incidência de recém-nascidos prematuros e de baixo peso ao nascer está relacionada com factores biológicos (imaturidade e ganho de peso inadequado) e factores socioculturais como pobreza e estilos de vida adoptados pelas adolescentes.

Alguns estudos, contudo, não encontram diferenças significativas relativamente à gravidez e parto quando se compara a adolescente com a população geral.

Embora o número de gravidezes na adolescência tenha diminuído na última década, torna-se necessária a promoção de programas que respeitem os direitos sexuais e reprodutivos dos adolescentes, contribuindo desta forma para a redução da incidência de abortamento e a reincidência da gravidez nesta faixa etária.

No futuro que começa agora, compete à Família, à Escola e às Instituições de Saúde contribuir para a formação dos adolescentes.

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