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Nascer e Crescer

versão impressa ISSN 0872-0754

Nascer e Crescer vol.24  supl.2 Porto dez. 2015

 

RESUMO DOS POSTERS / POSTERS PRESENTATIONS - ABSTRACTS

 

PD_15

Infeção congénita por citomegalovírus: e quando um caso foge à regra?

 

 

Andreia Meireles1; Ana Luísa Santos1; Raquel Alves1; Isabel Martins2

1 Serviço de Pediatria, Unidade Local de Saúde de Matosinhos, Hospital Pedro Hispano
2 Serviço de Neonatologia, Unidade Local de Saúde de Matosinhos, Hospital Pedro Hispano

 

 

Introdução: A infeção por citomegalovírus (CMV) é a infeção congénita mais frequente nos países desenvolvidos. A maioria deve-se à primoinfeção materna durante a gravidez, embora possa também ocorrer em mulheres previamente imunes por reativação/reinfeção vírica. A demonstração de seroconversão IgG para o CMV é o melhor método para o diagnóstico de primoinfeção materna. Se a grávida apresenta IgG e IgM positivos não se pode assegurar que a infeção seja muito recente, sendo indispensável o estudo da avidez da IgG. A presença de baixa avidez indica uma primoinfeção materna recente, aconselhando-se a realização de estudos diagnósticos no feto e no recém-nascido (RN). A maioria é assintomática ao nascimento, porém é a principal causa de surdez neurossensorial e atraso psicomotor de origem infeciosa.

Caso Clínico: RN de termo, parto hospitalar por ventosa e com rotura de bolsa de águas prolongada. Nos antecedentes obstétricos destaca-se positividade de IgG e IgM para CMV, com baixa avidez no 2º trimestre e infeção do trato urinário por E. Coli no 3º trimestre. Ao exame objetivo não apresentava particularidades relevantes. Do estudo analítico salienta-se proteína C reativa elevada, pesquisa de CMV na urina por biologia molecular positiva e virémia de 822 cópias/mL. As ecografias transfontanelares (Eco TF) revelaram sinais sugestivos de vasculopatia lenticuloestriada e calcificações nos gânglios da base. As avaliações auditiva e oftalmológica não revelaram alterações. Iniciou terapêutica anti-vírica com valganciclovir.

Comentários: A altura da primoinfeção materna é o determinante mais importante das sequelas para o RN, uma vez que a gravidade da clínica é maior quando ocorre no 1º ou 2º trimestre. A decisão de tratar um RN com terapêutica antivírica é baseada na presença/ausência de sintomas e no seu estado imunológico. O caso clínico descreve um RN assintomático ao nascimento, sem alterações na avaliação auditiva, mas com alterações na Eco TF. De acordo com uma série de 141 doentes assintomáticos com vasculopatia isolada de artérias estriadas, demonstrada na Eco TF, verificou-se que 85% dos que não receberam tratamento desenvolveram hipoacusia, comparativamente aos 0% dos RN que foram tratados. Desta forma, com este caso os autores querem alertar para a importância do alto grau de suspeição, nomeadamente na seroconversão com avidez baixa, e para a nova abordagem terapêutica de doentes assintomáticos com alterações específicas na Eco TF como a vasculopatia.

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