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Nascer e Crescer

versão impressa ISSN 0872-0754

Nascer e Crescer vol.25  supl.2 Porto dez. 2016

 

RESUMO DOS POSTERS

 

PO16_02

Doença celíaca em idade pediátrica – a importância do seguimento

 

 

Sara Miranda1; Cristina Costa2

1 Unidade de Saúde Familiar de Espinho
2 Serviço de Pediatria do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho

 

 

Enquadramento: A doença celíaca (DC) é uma enteropatia crónica do intestino delgado, mediada imunologicamente, precipitada pela exposição ao glúten da dieta em indivíduos geneticamente predispostos. Estima-se que 1 a 3% da população portuguesa seja celíaca. Tipicamente, a DC apresenta-se com sintomas de mal-absorção, nomeadamente diarreia/ esteatorreia, perda de peso e/ou atraso de crescimento. Por vezes a doença manifesta-se com sintomas menos típicos constituindo um desafio diagnóstico.

Descrição do Caso: Criança de 8 anos, com história  de vómitos esporádicos e comportamento irritável com inicio aos 12 meses a que se associou anorexia e obstipação marcada aos 18 meses; evolução ponderal no P25-50 até aos 15 meses, com cruzamento de percentis desde então, pelo que iniciou seguimento em consulta de Pediatria. Posteriormente encaminhada para consulta de Gastroenterologia Pediátrica (GP), por suspeita de DC. Na primeira consulta de GP, aos 27 meses, apresentava-se irritada, prostrada, emagrecida, com abdómen globoso e distendido e com hipotrofia muscular. O estudo realizado confirmou o diagnóstico de DC, anticorpos antigliadina e antitransglutaminase e antiendomisio positivos e biópsia intestinal compatível (classificação de Marsh modificada: estádio 3c). Verificou-se adesão inicial à dieta sem glúten, com melhoria da sintomatologia nos primeiros 2 meses. Por falta às consultas médicas consecutivas, foram sinalizados os serviços sociais. Compareceu à consulta quatro meses depois, a 31-01-2011, com sinais evidentes de desnutrição por incumprimento da dieta. Em 09-03-2011 por manter incumprimento terapêutico, perda ponderal, anemia microcítica hipocrómica (Hb 9,5g/dL, VGM 61,4fL, CHGM 30,10g/ dL), foi internada no Serviço de Pediatria. Apresentou uma evolução ponderal favorável, pelo que teve alta, medicada com ferro oral e dieta sem glúten. Desde então tem mantido seguimento regular em consultas de GP e cumprido a dieta sem glúten, apresentando uma evolução estaturo-ponderal adequada e mantendo-se assintomática.

Discussão: A DC é comum e tem múltiplas formas de apresentação, não devendo o clínico esquecer as manifestações menos frequentes da doença. O tratamento da DC é simples, consistindo numa dieta sem glúten, porém a adesão terapêutica pode ser extremamente complexa. O Médico de Família e o Pediatra podem ter, neste contexto, um papel fundamental na compreensão e aceitação do diagnóstico e da importância da manutenção dos cuidados alimentares ao longo da vida.

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