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Nascer e Crescer

Print version ISSN 0872-0754On-line version ISSN 2183-9417

Nascer e Crescer vol.31 no.4 Porto Dec. 2022  Epub Dec 31, 2022

https://doi.org/10.25753/birthgrowthmj.v31.i4.28943 

Editorial

Revisiting Harlow

Revisitar Harlow

1. Head of the Department of Child & Adolescent Psychiatry of Centro Hospitalar Universitário do Porto. Portugal; zcorreia.pedopsiquiatria@chporto.min-saude.pt


It will take a wake-up call!

Revisiting Harlow, Watson, and even the outcast Bettelheim to think about the effects of war on children's development. Who do they cling to in shelters, who feeds them, what are they taught to do, and how are they taught to react? Who listens to them and is able to reciprocate?

When Harlow demonstrated that early attachment is much more than simply meeting basic needs, he confronted us with the ability to understand and develop secure and developmentally protective relationships. By conducting the famous "wire mothers" experiments with rhesus monkey cubs, he made us question what willingness mothers in war can have to comfort their babies and provide them with more than only shelter and food. On the other hand, through Watson's controversial Little Albert Experiment, we know how a neutral stimulus coupled with an aversive stimulus can trigger fear and anxiety reactions, which is different from innate fear. Deconditioning was never solved, and the baby developed fear and hypervigilance reactions to numerous stimuli. These are the circumstances that infants exposed to warning sirens face, often with traumatic consequences when those circumstances are over.

While having all our basic needs guaranteed, we let despots, "emperors," decide our destiny and bring the horrors of war into our little corner. Not only children who have been left in the war scene and experienced the conditioning of sirens, bunkers without light, and explosions are affected in their development. We know that post-traumatic stress injuries are permanent, and that the hippocampus is permanently affected in war victims, as well as planning ability, memory, and emotional regulation. Fear and anxiety conditioning reduces cognitive potential, emotional regulation, and affection. The effects of exposure to war scenarios have been studied and well-established since the publication of DSMIII in 1980. We also know that these effects are more common in women, who are the main caregivers of children in war setting. Although children have a unique expression of symptoms, they experience a greater impact of war for being at different stages of development. It is possible that isolation is already determining adaptive responses in children and young people on both sides of the conflict in Europe, that the permanent stress of the struggle for survival and the violence of what they see and hear have already generated permanent trauma, and that it causes illness in the future for those who survive. As a non-specialized observer, Bruno Bettelheim described the importance of stimuli deprivation and the need for security (also considered a basic need by Lorenz). In the case of little Joey, affection deprivation ultimately causes him to withdraw and "thingify". Studies from the middle of the last century and even later have demonstrated the impact of traumatic situations on cognitive, emotional, and memory development, and thus in the development of the full individual capacity.

When war puts children, even away from the direct conflict, in these conditions, it affects the possibility of more fruitful and developed future generations. Similarly, it jeopardizes the possibilities of Portuguese children, raised by parents threatened with unemployment, uncertainty regarding life conditions and economic capacity, and uncertainty about future planning. Given that we already live with 60% social vulnerability, can we hope to build a future if this percentage is even higher?

Será necessário acordar!!

Revisitar Harlow, Watson e mesmo o proscrito Bettlelheim, para pensar sobre os efeitos da guerra no desenvolvimento das crianças. A quem se agarram nos abrigos, quem as alimenta, que são ensinadas a fazer e a reagir? Quem as ouve e é capaz de ser recíproco?

Quando Harlow demostrou que a vinculação precoce é muito mais que a simples satisfação das necessidades básicas, colocou-nos face à capacidade de compreender e desenvolver relações seguras e protetoras dum adequado desenvolvimento; ao fazer as famosas experiências das “ mães de arame” com as crias de macaco rhesus, faz-nos pensar que disponibilidade têm as mães na guerra, para confortar os seus bebés e proporcionar mais do que abrigo e alimento. Por outro lado, com a controversa experiência do bebé Albert de Watson, sabemos como um estimulo neutro associado a outro aversivo é possível desencadear reação de medo e ansiedade, sendo esta reação diferente do medo inato. Nunca foi resolvido o descondicionamento, e o bebé desencadeou reações de medo e hipervigilância a inúmeros estímulos. É nestas circunstâncias que são colocadas crianças que são condicionadas por sirenes de alerta, que quando findam têm muitas vezes resultados traumáticos à espera no exterior.

Como é possível não nos recordarmos, dos mecanismos da agressão de Lorenz. Quando já temos todas as necessidades básicas garantidas, deixámos que déspotas, “imperadores”, decidam os nossos destinos, e nos façam trazer os horrores da guerra para o nosso cantinho. Não só as crianças que ficaram no cenário de guerra, que têm o condicionamento das sirenes, dos bunkers sem luz, do rescaldo de explosões, que são afetadas no seu desenvolvimento. Sabemos que as lesões do stress pós traumático são permanentes, que o hipocampo fica afetado de forma permanente nas vítimas de guerra , a planificação e a memória, bem como a regulação emocional.. O condicionamento do medo e ansiedade reduz o potencial cognitivo, a regulação emocional e os afetos. Desde a publicação do DSMIII em 1980, que ficaram bem estabelecidos e estudados os efeitos da exposição a situações de guerra; sabemos também que é mais frequente em mulheres, que são basicamente as cuidadoras das crianças em cenário de guerra; apesar de as crianças terem uma expressão diferente dos sintomas, o impacto é maior por estarem em etapas de desenvolvimento diversas. É possível que o isolamento já esteja a condicionar respostas adaptativas nas crianças e jovens dos dois lados do conflito na Europa, que o stress permanente da luta pela sobrevivência, que a violência do que vêm e ouvem já tenha gerado traumas permanentes e que condicione também doença no futuro dos que sobrevivem. Bruno Bettlelheim, enquanto observador, que não especialista, fez a descrição da importância da privação de estímulos e da necessidade de segurança, também considerada uma necessidade básica por Lorenz. No caso do pequeno Joey, a privação de afeto acaba por fazer com que se retraia e se “coisifique”. Os estudos de meados do século passado, e mesmo posteriores, demonstraram o impacto de situações traumáticas no desenvolvimento cognitivo, emocional, da memória, e consequentemente das capacidades plenas dos indivíduos.

Quando uma guerra põe as crianças nestas condições, afeta todas as possibilidades de gerações mais profícuas e desenvolvidas, mesmo distantes do conflito direto, tal como as crianças portuguesas, criadas por pais ameaçados de desemprego, de incerteza das condições de vida, de capacidade económica e de planear o seu futuro. Já vivemos com 60% de debilidade social, mas será possível aumentar esta percentagem e esperar que se construa um futuro?

References

1. Martin A, Volkmar FR. Lewis's Child and Adolescent Psychiatry: A Comprehensive Textbook. 4th edition. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins; 2007. [ Links ]

2. Yudofsky SC, Hales RE. Neuropsiquatria e Neurociências na Prática Clínica. 4th edition. Porto Alegre: Artmed Editora; 2006. [ Links ]

3. McLeod S.A. Harry Harlow, monkey love experiments. Simply Psychology. September, 2020. Available at: http://www.simplypsychology.org/harlow-monkey.htmlLinks ]

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