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Portugaliae Electrochimica Acta

Print version ISSN 0872-1904

Port. Electrochim. Acta vol.40 no.2 Coimbra Apr. 2022  Epub Apr 30, 2022

https://doi.org/10.4152/pea.2022400201 

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Professor Doutor José Luís Fontes da Costa Lima (1945 - 2022)

Victor M.M. Lobo1 

1 On behalf of the Sociedade Portuguesa de Electroquímica


Fiz a apresentação do Sr. Professor Doutor José Luís Fontes da Costa Lima no dia 20 de Outubro de 2021, quando a Sra. Professora Doutora Ana Lopes, Presidente da Sociedade Portuguesa de Electroquímica (SPE), lhe entregou o Prémio da SPE, na cerimónia de abertura do XXIV Meeting of the Portuguese Electrochemical Society (SPE 2021). Estava muito longe de pensar que, passados 3 meses, iria, em nome da SPE, e em meu nome, ao seu funeral no Porto.

O Sr. Professor Doutor Costa Lima foi Presidente da SPE e um notável cientista electroquímico. Permitam-me destacar alguns aspectos do seu percurso.

Em 1977, licenciou-se em Química, na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP).

Após a conclusão da sua licenciatura, ingressou no Departamento de Química da FCUP como assistente de investigação.

Ainda, em 1977, iniciou o seu trabalho de investigação com o Professor Adélio Machado, orientador da sua tese de doutoramento, sobre eléctrodos selectivos de iões.

Durante este período, estagiou na Universidade do País de Gales, sob orientação dos professores G. J. Moody e J. D. R. Thomas, desenvolvendo a sua investigação no âmbito da Eletroquímica.

Em 1985, doutorou-se em Química, na especialidade de Química Analítica, na FCUP, tendo sido aprovado por unanimidade com distinção e louvor, após defesa da tese “Eléctrodos selectivos de iões com suporte de resina conductora”.

Em 1986, transitou da FCUP para a Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto (FFUP), como professor auxiliar, a convite do Professor Roque da Silva, que pretendia fundar na Faculdade um grupo na área da Química Analítica aplicada às Ciências Farmacêuticas. Este desafio resultou na criação de uma Escola que deu origem a mais de 60 doutores, possibilitando já mais duas gerações de novos doutores nesta área científica.

Em 1992, passou a exercer funções como professor associado da FFUP.

Em 1995, prestou provas públicas para a obtenção do título de agregado, ascendendo à categoria de professor catedrático em 1996.

No dia 4 de Dezembro de 2015, deu a sua última aula no Salão Nobre do complexo ICBAS (Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar) /FFUP.

A 22 de Março de 2017, nas comemorações do dia da Universidade do Porto, foi distinguido com o título de Professor Emérito.

Ao longo da sua carreira académica na FFUP, orientou cerca de 25 estágios de investigação de estudantes de pós-graduação e de doutoramento, ao abrigo de programas de intercâmbio com universidades espanholas e brasileiras. Regeu as unidades curriculares de Química Analítica e Métodos Instrumentais de Análise no ensino pré-graduado. Foi regente da unidade curricular de Controlo Químico e Físico no Mestrado em Controlo de Qualidade, e da unidade curricular de Métodos de Análise em Toxicologia Analítica no Mestrado em Toxicologia Analítica Clínica e Forense, de 2009 a 2015. Também na FFUP, exerceu diversos cargos de gestão, entre os quais: Presidente do Conselho Directivo, em 1998 e 1999; Presidente do Conselho Científico, em 2000 e 2001; e Director da Faculdade, de 2011 a 2015, correspondendo este mandato à fase de transição e instalação da FFUP nas atuais instalações.

Externamente à Universidade do Porto, colaborou com a Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica, onde regeu as unidades curriculares de Química Analítica e Métodos Instrumentais do ensino pré-graduado, de 1985 a 2010.

Foi Presidente do Instituto de Ciências e Tecnologias Agrárias e Agro-alimentares, de 1998 a 2012, e membro da Comissão Científica e Técnica do LAQV-REQUIMTE (Laboratório Associado para a Química Verde - Rede de Química e Tecnologia), de 2001 a 2008.

Foi coordenador e investigador executivo de mais de quatro dezenas de projectos de investigação financiados, tendo os seus trabalhos de maior impacto na comunidade científica versado a automatização de procedimentos analíticos, privilegiando o desenho, construção e o uso de detectores potenciométricos e voltamétricos de configuração tubular, e a sua fixação rígida aos sistemas automáticos. Nos seus trabalhos na área da automatização, as equipas por si lideradas geraram novos conceitos de gestão de fluidos, com a introdução de elementos de comutação múltipla em redes de fluxo, por multi-comutação e por multi-impulsão, duas técnicas de automatização baseadas em condições de não-equilíbrio químico, no momento da execução das medições analíticas. Estes conceitos foram depois usados, de forma generalizada, no desenvolvimento de novos métodos de análise. Muito recentemente, liderou a participação de uma equipe portuguesa num projeto da Agência Espacial Europeia (ESA), que visava o controlo de águas da cabine espacial em condições de pressão nula.

Foi autor ou co-autor de um número superior a 570 publicações científicas indexadas nas áreas da Química Analítica Fundamental, e do Controlo Alimentar, Biológico e Ambiental, as quais foram publicadas em mais de 100 revistas científicas, nacionais e estrangeiras, e proferiu acima de 3000 comunicações em Congressos Nacionais e Internacionais, apresentando um índice h=63, e mais de 28 000 citações.

Estabeleceu colaborações com cerca de 50 instituições de 14 países, especialmente com o Brasil e Espanha.

Além do Prémio da SPE já referido, recebeu muitos prémios e distinções:

  1. Em 1991, o Prémio Científico Luso-Galego de Química - Produção Científica, atribuído pela Associação Nacional de Químicos de Espanha.

  2. Em 2004, o Prémio de Excelência na Investigação, da Fundação para a Ciência e Tecnologia.

  3. Em 2008, o FIA Honor Award for Science pela Japan Society for Analytical Chemistry, e pela Japanese Association for Flow Injection Analysis.

  4. Em 2012, o Prémio Ferreira da Silva atribuído pela Sociedade Portuguesa de Química.

  5. Em 2005, foi nomeado membro estrangeiro da Academia Brasileira de Ciências.

  6. Em Setembro de 2016, foi homenageado pela Divisão de Química Analítica da Sociedade Brasileira de Química, em reconhecimento do seu contributo para o ensino e a investigação no Brasil.

  7. Em 2018, foi distinguido pela Associação Nacional dos Químicos de Espanha, aquando do XXV Encontro Luso-Galego de Química, invocando as suas 25 participações como membro da Comissão Diretiva de todos os Encontros realizados até ao momento.

  8. Em 2018, foi nomeado sócio de mérito da Sociedade Portuguesa de Química.

Colaborou muito de perto com diversas Sociedades Científicas Portuguesas:

  1. Sociedade Portuguesa de Eletroquímica, de que foi: sócio desde a sua fundação; e Presidente de 2000 a 2002.

  2. Sociedade Portuguesa de Química, de que foi: Vice-presidente da Direção, de 2004 a 2006; Presidente da Divisão de Química Analítica, de 1996 a 1998, e de 2000 a 2003; e Presidente da Delegação do Porto, de 2007 a 2012.

  3. Sociedade Portuguesa de Ciências Farmacêuticas, de que foi: sócio fundador; Presidente da Direcção, de 2010 a 2015; e Presidente da Assembleia Geral, de 2016 até à data do seu falecimento.

Victor M. M. Lobo

Em nome da SPE

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