SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.45O Estudo das Conjunturas Políticas e dos Partidos Políticos na Interseção entre História e Ciência Política - aplicação prática ao período 1890-1910Resolver o problema da “raça” índice de autoresíndice de assuntosPesquisa de artigos
Home Pagelista alfabética de periódicos  

Serviços Personalizados

Journal

Artigo

Indicadores

Links relacionados

  • Não possue artigos similaresSimilares em SciELO

Compartilhar


Sociologia

versão impressa ISSN 0872-3419

Sociologia vol.45  Porto ago. 2023  Epub 15-Ago-2023

https://doi.org/10.21747/08723419/soc45a5 

Artigos originais

Potencialidades, limites e desafios da prosopografia

Prosopography strenghts, limits, and challenges

Forces, limites et enjeux de la prosopographie

Fortalezas, límites y desafíos de la prosopografía

Cátia Cardoso1 

1Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra


Resumo

O presente texto visa apresentar e refletir sobre os pontos fortes e os limites da prosopografia, tendo em conta as suas vantagens e desafios. O artigo não pretende, assim, discutir, como outros autores têm apontado, se a prosopografia é uma técnica, um método, uma metodologia ou uma ciência exata, mas, antes, compreender como avaliar a sua utilização. Através de uma revisão bibliográfica, compreendemos que é mais adequado utilizá-la quando queremos estudar períodos históricos mais recentes, tendo sempre alguns cuidados na validação das informações obtidas.

Palavras-chave: prosopografia; metodologias de investigação; investigação sociológica

Abstract

This text aims to present and reflect on the strengths and limits of prosopography, having in consideration its advantages and challenges. The article therefore does not intend to discuss, as other authors have mentioned, whether prosopography is a technique, a method, a methodology or an exact science, but rather to understand how to evaluate its use. in this way and through a literature review, we understand that it is more appropriate to use it when we want to study more recent historical periods, however always being careful in what concerns validating the obtained information.

Keywords: prosopography; research methodology; sociological research

Resumé

Ce texte vise à présenter et à réfléchir sur les forces et les limites de la prosopographie, en tenant compte de ses atouts et de ses enjeux. L'article n'entend pas discuter, comme d'autres auteurs l'ont souligné, si la prosopographie est une technique, une méthode, une

méthodologie ou une science exacte, mais plutôt comprendre comment évaluer son utilisation. À travers une revue de la littérature, nous comprenons qu'il est plus approprié de l'utiliser lorsque nous voulons étudier des périodes historiques plus récentes, en prenant toujours soin de valider les informations obtenues.

Mot-clés: prosopographie; méthodes de recherche; recherche sociologique

Resumen

Este texto tiene como objetivo presentar y reflexionar sobre las fortalezas y límites de la prosopografía, teniendo en cuenta sus ventajas y desafíos. El artículo no pretende discutir, como han señalado otros autores, si la prosopografía es una técnica, un método, una metodología o una ciencia exacta, sino comprender cómo evaluar su uso. A través de una revisión bibliográfica, entendemos que es más adecuado utilizarlo cuando queramos estudiar periodos históricos más recientes, teniendo siempre cierto cuidado en validar la información obtenida.

Palabras-clave: prosopografía; metodologías de investigación; investigación sociológica

Introdução

Além da escolha do tema e da(s) pergunta(s) de partida, que justificam a pesquisa, uma investigação científica necessita de objetivos e da metodologia adequada para os alcançar. A investigação sociológica é pautada por diversos desafios que podem ser ultrapassados através de diferentes metodologias, muitas vezes, complementando métodos por forma a alcançar resultados mais satisfatórios. Sendo a sociologia uma área transdisciplinar, as formas de investigação dependem, em parte, dos temas que se pretende investigar, havendo uma amplitude considerável de metodologia a aplicar.

Importa salientar que, na investigação em ciências sociais, a verdade pode ser objetiva quando são verificadas as hipóteses, mas não deixa de ter um certo relativismo, já que é determinada por um consenso entre diferentes pontos de vista e depende de quem a produz e das metodologias utilizadas, bem como da forma de aplicação destas. Por outro lado, os factos são concretos, só que não podem ser acessados diretamente. Embora sejam criações humanas, há neles um certo relativismo, já que o ponto de vista de quem observa pode não ser sempre o mesmo.

Há, assim, que ter em conta a forma como, enquanto investigadores, nos colocamos perante o objeto (ontologia) e perante o conhecimento (epistemologia). A perspetiva ontológica reconhece que os atores sociais são elementos significativos da realidade e considera as suas formas de entendimento, os seus conhecimentos, interpretações e experiências. Já na perspetiva epistemológica, a forma de aceder a esses elementos significativos da realidade social passa pela conversa direta e interativa, com os atores sociais, fazendo-lhes questões, ouvindo-os de modo a dar conta das suas perceções e articulações, através da linguagem e da construção dos seus discursos, obtendo, assim, conhecimento.

Ambas nos remetem para um certo empirismo, pois é admitido que o investigador faz parte da realidade que investiga e as suas produções consideram os seus pontos de vista e experiências. Isto também se aplica nas escolhas que este pode fazer no que concerne às metodologias a utilizar. As ciências sociais “têm por base investigações empíricas porque as observações deste tipo de investigação podem ser utilizadas para construir explicações ou teorias mais adequadas”, sendo que um trabalho empírico é “uma investigação em que se fazem observações para compreender melhor o fenómeno a estudar” (Hill & Hill, 2012: 19).

Creswell & Creswell (2018) destacam quatro visões que consideram mais pertinentes trazer para a investigação. Remetem para uma vertente transformadora, uma perspetiva mais política sobre a sociedade, que tem como objetivo introduzir a mudança, e para o pragmatismo que, por sua vez, desenvolve conhecimento para resolver problemas, (Creswell & Creswell, 2018: 41), sendo que estas duas últimas perspetivas preveem, ambas, a mudança.

É neste contexto que podemos enquadrar a prosopografia. Trata-se de um caminho possível, sobretudo para estudos que pretendam olhar para aspetos de determinadas elites, sejam políticas, sociais, económicas, culturais, ou outras, pois permite, através de um amplo conjunto de fontes, alcançar um nível considerável de informação sobre esses agentes, geralmente figuras mediáticas e de destaque nos meios em que se inserem. Contudo, também tem os seus limites ou perigos.

Neste artigo, começamos por olhar para algumas metodologias de investigação sociológica, nomeadamente as mais comuns no panorama português da ciência social, como é o caso do inquérito e da entrevista. Olhamos ainda para os retratos sociológicos e para o método etnográfico. O objetivo é que, deste modo, se torne mais fácil compreender as particularidades da prosopografia, que alguns autores receiam considerar uma metodologia. Posteriormente, refletimos sobre as debilidades da prosopografia e formas de as ultrapassar numa investigação, por exemplo, complementando a prosopografia, sem necessidade de anular a sua utilização, por entendermos que, não obstante os limites, as potencialidades justificam o seu uso em determinadas pesquisas, e os desafios que esta coloca são estimulantes.

Metodologias de investigação sociológica

Partimos para este texto com a consciência de que investigar não é apenas produzir conhecimento, mas também pode ser introduzir pequenas transformações na realidade, uma vez que ao trabalhar diretamente com pessoas estamos, de algum modo, a colocá-las a pensar sobre determinados assuntos da sua realidade, no caso de recorrermos a uma técnica de recolha de informação como a entrevista. Por isso, há nas entrevistas que ter o cuidado de colocar a pergunta de forma que esta não condicione - ou condicione o mínimo

- a resposta. Em todo o caso, o entrevistado vai apenas dizer-nos o que quer, podendo as suas respostas nem sempre estar em linha com a realidade (mesmo com a sua realidade: com aquilo que realmente pensa). Ao ser entrevistada, de certa forma, uma pessoa também se constrói e se adapta às circunstâncias. Se entrevistamos alguém e a pessoa sabe que os fins das suas palavras serão para investigação científica, as respostas poderão não ser as mesmas que daria se se tratasse de uma entrevista jornalística para publicar num jornal regional, por exemplo.

Já os retratos sociológicos usam a entrevista, porém, aplicam-na de uma forma particular. Ou seja, a técnica usada é a entrevista, sendo que os retratos acabam por ser o método, que, no caso, permite, olhar para o micro, traçando a vida de um indivíduo e, a partir de vários retratos, estabelecer perfis-tipo. Ao analisarmos a ação concreta do indivíduo, podemos encontrar a de um indivíduo com capacidade de adaptação e de mobilização de disposições distintas em função dos contextos de ação. Pode haver mobilidades diversas que obriguem a um trajeto social que acumula diferentes disposições. É neste contexto que a teoria de Lahire vem complementar a de Bourdieu, que defendia que tudo o que somos vem da nossa classe. Bourdieu trabalhava numa escala macro, enquanto os retratos sociológicos permitem trabalhar a partir do micro, sem deixar de procurar compreender o macro, até porque “inúmeras instituições sociais contribuem para forçar a unicidade da pessoa” (Lahire, 2004: 320). Lahire defende que “o social não se reduz ao coletivo” (2004: 326) e:

“Se o estudo dos coletivos obriga frequentemente à tipificação do grupo (de sua cultura, de duas propriedades) a descida progressiva para indivíduos singulares leva a ver diferenças invisíveis de longe, a perceber a heterogeneidade que uma outra visão contribuiria para tornar homogénea” (Lahire, 2004: 322)

Nos inquéritos, confiamos nas estatísticas, embora essas tendências fiquem condicionadas pela forma como o instrumento é produzido e utilizado, sendo que para recorrer a um inquérito, por exemplo, por questionário também é necessário estruturar uma “metodologia específica, da qual fazem parte os objetivos, o modelo e as técnicas de recolha de dados" (Cardoso, 2020: 63) e as conclusões podem não ser tão representativas como o desejado, dependendo do modelo de disseminação e até da forma como os inquiridos possam ou não interessar-se em responder ao mesmo. Para trabalhar com inquéritos é ainda importante testá-los, como se fez no inquérito às práticas culturais dos portugueses, em que além de terem sido considerados estudos nacionais e internacionais permitindo a comparabilidade foi ainda feito um pré-teste, com uma primeira versão do questionário e que foi:

“aplicado a 26 inquiridos com caraterísticas diversificadas do ponto de vista do sexo, idade e instrução, de forma a testar a duração média da entrevista, a compreensão das perguntas e as dificuldades sentidas pelos inquiridos, assim como avaliar o script de CAPI (Computer Assisted Personal interview). A partir dos resultados deste pré-teste foi produzida uma segunda e final versão do questionário” (Magalhães & Silva, 2022:47).

Nas metodologias empíricas, podemos ainda falar da etnografia, sendo que o trabalho etnográfico implica a preocupação com uma “análise holística ou dialética da cultura”, a introdução dos atores sociais com “uma participação ativa e dinâmica e modificadora das estruturas sociais” e ainda uma preocupação “em revelar as relações e interações significativas de modo a desenvolver a reflexividade sobre a ação de pesquisar, tanto pelo pesquisar quanto pelo pesquisado” (Mattos, 2011: 49). A etnografia exige, portanto, uma certa proximidade com a população que se procura estudar, tendo em consideração “a especificidade das ações, as perspetivas e o significado dos atores sociais” (Mattos, 2011:67). Um exemplo é o trabalho da investigadora Susana Noronha (2012), que estudou o papel da arte em mulheres com cancro, produzindo inclusivamente objetivos artísticos a partir de testemunhos de pessoas dos seus círculos (familiares, sociais). Este tipo de pesquisa, contrariamente à prosopografia, é possível quando existe confiança entre o investigador e as pessoas investigadas e também quando há um conhecimento prévio de cada situação, bem como a sensibilidade adequada, quer do ponto de vista ético, quer do ponto de vista estético.

“O cancro faz-se arte, entre imaginação, conhecimento e ação, feito de muitas partes. Quem o fotografa, filma e desenha e quem se deixa fotografar e filmar, quer e pede que a doença oncológica seja vista, sentida e desfeita por todas/os, unindo doentes, resistentes, famílias e comunidade, no hospital, em casa e na rua, usando as redes e espaços da internet para chegar mais longe” (Noronha, 2018).

A prosopografia consiste na investigação “das características comuns de um grupo de atores na história por meio de um estudo coletivo de suas vidas” (Stone, 1971: 115) e permite também abordar dois dos “mais básicos problemas na história” (Stone, 1971:115/116): as origens da ação política (desvelamento de interesses, análise de afiliações sociais e económicas) e a estrutura e mobilidade social (mudanças, correlação de movimentos intelectuais ou religiosos com fatores sociais, geográficos, ocupacionais…).

Todavia, como todas as opções acima referidas, também na prosopografia existem desafios que, durante uma investigação, é necessário superar. Estes constituem-se como barreiras ao método ou, como lhes chamou Stone (1971), perigos, pelo que é necessário dedicar-lhes alguma atenção, no sentido de os evitar ou ultrapassar.

Importa igualmente sublinhar que, além de quaisquer outros limites, em qualquer metodologia utilizada existem fronteiras éticas que devem ser consideradas numa investigação sociológica. Bryman & Bell (2012) frisam a importância dos princípios éticos e morais numa pesquisa, desde o respeito pelas pessoas (sobretudo quando estas são envolvidas mais diretamente através de entrevistas, por exemplo), ao seu consentimento e cedência de informações sobre os fins das suas declarações ou objetos que possam ceder, garantindo que os resultados da investigação não prejudiquem os participantes (Bryman & Bell, 2012: 134-150).

Prosopografia ou um conjunto de biografias

O conceito de prosopografia é bastante antigo, remontando até, pelo menos, aos anos 1500 (Lalouette, 2006; Bulst, 2005). Já no século passado, houve eventos ligados à prosopografia medieval (Bulst, 2005). “Através dos diferentes períodos históricos, muitos grupos, de variada importância numérica, foram escolhidos como objetos de estudo prosopográfico” (Lalouette, 2006: 69). Foi sobretudo a partir do texto de Stone, escrito em 1971, que se começou a pensar a prosopografia enquanto método de investigação, sendo que nessa década também começaram a surgir alguns trabalhos sobre a Revolução Francesa, assim como de Bourdieu e dos seus seguidores, que aproximaram a prosopografia das questões da sociologia contemporânea (Monteiro, 2014).

O propósito da prosopografia passa por “dar sentido à ação política, ajudar a explicar a mudança ideológica ou cultural, identificar a realidade social e descrever e analisar com precisão a estrutura da sociedade e o grau e a natureza dos movimentos em seu interior”, sendo usada crescentemente por historiadores sociais (Stone, 1971: 116). A prosopografia é afluente a outras disciplinas como a sociologia, a ciência política e a antropologia, sendo que a sociologia foi pioneira no uso de instrumentos (inquéritos e entrevistas) que permitem identificar a origem social de um coletivo (Ferrari, 2010). É “a análise do indivíduo em função da totalidade da qual faz parte” (Bulst, 2005: 52), sendo que o interesse é o “conjunto ou a totalidade, constantemente considerando o indivíduo” (Bulst, 2005: 55). Ora, por outras palavras, a prosopografia é uma análise de grupo a partir das caraterísticas comuns dos elementos que o compõem. Isto porque o principal objeto de estudo não é o indivíduo, mas a história e a estrutura em que este se insere (Broady, 2002), embora, durante o processo, seja necessário acumular um conjunto de dados biográficos dos indivíduos.

Falamos de informações sobre os seus percursos, como as escolas que frequentaram, afiliação, habilitações e profissão dos pais, ligações familiares, entrevistas que deram, textos e obras que produziram sobre o campo em estudo, (Broady, 2002), sendo que se a população em estudo for do campo político podemos considerar o seu percurso social e biográfico (profissão, status), bem como a sua trajetória política (cargos ocupados, vínculos com movimentos e associações) e ainda o seu comportamento político (Braga & Nicolás, 2008), incluindo propostas apresentadas e, tratando-se de governantes, devemos considerar também políticas implementadas pelas áreas que tutelaram.

Por outro lado, estudar “o indivíduo a partir da sua totalidade em que está imerso” é ter também em conta que “a narrativa acerca de um indivíduo precisa de levar em conta sua coletividade, uma vez que é ela que moldará a sua individualidade” (Ribeiro, 2018:

151).

“As operações básicas da prosopografia assemelham-se às da sociologia descritiva” (Codato & Heinz, 2015: 251), distinguindo-se pelo facto de os prosopógrafos descreverem as propriedades sociais de grupos, numa perspetiva diacrónica, comparando o período e monitorizando alterações (Codato & Heinz, 2015: 251). A prosopografia pode, deste modo, ser vista como uma base de dados que reúne um conjunto de evidências feitas pelo pesquisador, através de uma pesquisa minuciosa (Codato & Heinz, 2015: 251).

Enquanto a biografia é algo que se faz, geralmente, de pessoas consideradas importantes, para compreender melhor a sua personalidade, a prosopografia interessa-se no coletivo e procura chegar a informações sobre estratificação social, mobilidade social, tomada de decisões e funcionamento das instituições (Verboven; Carlier & Dumolyn, 2007).

Do ponto de vista prático, fazer uma prosopografia exige que se trace a população que se pretende estudar e o número de fichas prosopográficas a produzir, se essa for a forma eleita de organizar a informação.

“Uma vez reunida a documentação, e esta é a parte mais longa do trabalho, o exame dos dados pode recorrer a técnicas múltiplas, quantitativas, qualitativas, contagens manuais ou informatizadas, quadros estatísticos ou análises fatoriais, segundo a riqueza ou sofisticação do questionário e das fontes” (Charle, 2006b: 41).

No caso das fichas prosopográficas, estas devem indicar, de forma clara, quais as informações que se pretende obter e qual o objetivo com a sua obtenção. Há ainda que fazer uma listagem de possíveis fontes de informação a utilizar, podendo aquelas que forem mais difíceis de validar ser excluídas. Dessa lista podem constar desde notícias e reportagens publicadas em órgãos de comunicação; investigações científicas; páginas na internet oficiais de instituições; arquivos de diversos formatos (escritos, fotografias ou vídeos); redes sociais das pessoas abrangidas pela prosopografia em causa (com alguma cautela no uso das informações que daí sejam retiradas, dada a informalidade de alguns espaços); livros e textos da autoria dos indivíduos ou sobre os indivíduos em estudo. Autores como Broady (2002) e Codato & Heinz (2015) dão exemplos de pontos a incluir nas fichas prosopográficas, desde os dados educativos e relativos à ocupação dos pais, à delineação de um perfil social, passando por atividades frequentadas, situação económica e carreira política, bem como conexões interpessoais e posições ideológicas.

Potencialidades: contextos adequados para o uso da prosopografia

Antes de decidir utilizar a prosopografia, é importante analisar se esta se adequa ao contexto, sobretudo histórico, à população em estudo e aos fins pretendidos. Não obstante a falta de consenso sobre se a prosopografia é uma técnica, um método, uma ciência auxiliar ou uma metodologia, podemos verificar que as suas potencialidades são várias e que esta pode ser uma opção adequada, dependendo da população, do contexto e dos objetivos do que se pretende estudar.

Primeiramente, entre as potencialidades da prosopografia, destaca-se a possibilidade de compreender melhor o funcionamento de determinadas instituições, estudando os seus membros, representantes e/ou líderes.

“as estruturas políticas e sociais de certos grupos, fenômenos, como a continuidade e a descontinuidade, a ascensão e o declínio de sistemas políticos, de instituições eclesiásticas ou seculares, a ação política, a mobilidade social, a transformação social e tantos outros, não podem ser analisados com precisão sem o conhecimento prévio das pessoas. É apenas graças a esse conhecimento que é possível relacionar diferentes grupos, considerando que certos indivíduos se encontram frequentemente no campo de ação de mais de um grupo” (Bulst, 2005: 58)

As pessoas moldaram as instituições e também foram impregnadas por elas, mesmo que de diferentes formas, e tal deve ser considerado em cada análise prosopográfica, tal como defende Bulst (2005: 28). Ou seja, há uma ligação entre os indivíduos e as instituições que faz com que uma parte ajude a moldar a outra e vice- versa. Nesta perspetiva, se tivéssemos, por exemplo, o objetivo de fazer a prosopografia de Ministros da Cultura portugueses, o resultado poderia dar pistas para ajudar a compreender o funcionamento da instituição Ministério da Cultura, tal como uma prosopografia de dirigentes de um determinado partido político pode ajudar a compreender o funcionamento dessa estrutura e as suas bases ideológicas (Roque, 2022). Através de uma prosopografia pode tornar-se possível apreender informações globais, a partir de algo mais particular:

“o detalhe, o particular e o inusitado também se relacionam e, por isso mesmo, podem explicar o mais abrangente: as análises das ações individuais e grupais concorrem para elucidar questões relativas aos contextos mais amplos onde elas ocorrem, sendo então possível revelar regularidades, indicar diversidades, e apreender a realidade dos problemas sociais através daquilo que há de concreto em uma vida” (Pasti e Junior, 2019: 39)

Embora não seja consensual entre os investigadores que têm olhado para a prosopografia se esta é uma metodologia, uma técnica, uma abordagem, uma ciência auxiliar (o que Bulst, 2005 discorda) ou um método (como desde logo considerou Stone, 1971 e como entendem Verboven; Carlier & Dumolyn 2007, há estímulos para a pesquisa prosopográfica, que diferentes autores têm vindo a enumerar. No entender de Codato & Heinz (2015: 251), há a possibilidade de obtenção de “ganhos explicativos no desvelamento de padrões de comportamento político, de reprodução e /ou renovação de famílias ideológicas e na explicitação de continuidades e recorrências de longa duração na sociedade e na política”.

Para Ferrari 2010, a prosopografia permite descobrir o que está por trás da retórica dos atores em causa, algo que consideramos particularmente pertinente de analisar em casos do campo político. Já Bulst acredita que, independentemente da categorização da prosopografia, esta propõe novas questões e aponta novos caminhos, olhando para soluções de problemas que exigem um “amplo expecto de métodos especificamente históricos, mas também, em parte, de outras disciplinas” para poderem ser resolvidos (Bulst, 2005: 57).

A prosopografia tem potencial para estudar ações políticas e é adequada para responder a algumas questões, todavia, pode não o ser para responder a outras, já que a sua eficiência depende dos objetivos da pesquisa (Verboven; Carlier & Dumolyn, 2007). Outra circunstância que se pode revelar uma vantagem é que é facilmente possível trabalhar em grupo com a prosopografia, por exemplo, dividindo pelos elementos da equipa um determinado período histórico ou um determinado ator (Verboven; Carlier & Dumolyn, 2007).

Segundo Christophe Charle (2006a), nas últimas décadas tem havido uma onda de trabalhos sobre elites ou de orientação prosopográfica, o que se pode explicar pelo fascínio dos historiadores: “analisar as elites é procurar a fundo penetrar em um dos meios que detém o poder e conhecer os seus mecanismos concretos” (Charle, 2006a: 30). Além disso, dá a possibilidade aos historiadores de “combinar uma abordagem objetivista e um substrato individualizado porque repousa sobre um fundamento biográfico, com dois percursos possíveis: teoricista e socializante ou, ao contrário, empirista e monográfico” (Charle, 2006a: 30).

Portanto, parece que a prosopografia é um caminho que pode ajudar a entender os atores históricos e as suas motivações dentro do grupo para a tomada de determinadas situações, ajudando igualmente a compreender algumas dinâmicas sociais, (Verboven; Carlier & Dumolyn, 2007).

É de salientar ainda, como alerta Charle (2006b), que as vantagens no uso da prosopografia podem ser maiores se o período de análise for mais recente em termos históricos, havendo, neste caso, menos risco de cair em alguns dos perigos, dos quais falamos no capítulo seguinte.

Limites e desafios para aspirantes a prosopógrafos

No que diz respeito aos limites da prosopografia, entre os mais mencionados pelos autores que escreveram sobre o assunto, está o excesso de informação obtida ou, por outro lado, a escassez, bem como as dificuldades que podem surgir em validar e/ou contextualizar a informação, uma vez que ao longo do tempo, se estivermos a trabalhar com materiais mais antigos, os seus significados, na interpretação, podem sofrer alterações significativas à luz da atualidade. Os obstáculos à interpretação da informação recolhida também podem condicionar a investigação, há que considerar a época e o contexto em que os mesmos foram produzidos para evitar interpretações falaciosas.

Em 1971, Stone já apontava alguns desses limites, considerando-os “os perigos” da prosopografia, referindo-se a 1) deficiências dos dados (a prosopografia está limitada pela quantidade e qualidade dos dados acumulados, e o objeto mais popular são as elites já que os documentos são cada vez mais pobres quanto mais se desce no sistema social); 2) erros na classificação dos dados (uma vez que nenhuma classificação é universal e as categorias de classes, profissionais, de cargos podem variar em termos de status; uma falha em subdivisões importantes e tratar conjuntamente indivíduos que diferem significativamente não sendo notada a tempo pode tornar-se tarde demais para fazer todo o trabalho de novo); 3) erros na interpretação dos dados (os prosopógrafos podem tirar conclusões erradas a partir de informações não confiáveis ou enviesadas ou distorcidas); 4) limitações da compreensão histórica: “estudos cerrados das manobras políticas das elites podem obscurecer mais do que iluminar as profundezas dos processos sociais”, (Stone, 1971: 126).

Por outro lado, será que qualquer tema pode ser abordado a partir da prosopografia? Se o tema da investigação se centrar nas políticas culturais no Portugal democrático, por exemplo, até que ponto se podem obter ganhos com uma prosopografia? Nesse caso, a população a estudar teria de abranger aqueles que, estando numa posição destacada da generalidade das pessoas, criam e implementam as políticas, ou seja, políticos / governantes. Considerando esta perspetiva, se, por exemplo, realizássemos uma prosopografia dos/das Ministros/as da Cultura, em Portugal, desde que existe um Ministério da Cultura (1998), que informações poderíamos obter que nos ajudassem a interpretar a evolução das políticas culturais? Se a pesquisa não fosse completada com outras metodologias, provavelmente, seriam escassas as informações nesse sentido, já que as conclusões iriam permitir, antes, traçar um perfil de quem ocupou aquele cargo, tendo nessa situação a vantagem de se estar perante um período histórico recente. Apesar disso, não deixa de existir uma série de fatores que podem condicionar o trabalho de quem governa, já que esses agentes passaram pelo Ministério em diferentes momentos (crise económica, pós austeridade, crise pandémica, enquadramento europeu, etc) e, portanto, os instrumentos à sua disposição também se foram alterando. Neste caso, o uso da prosopografia, por si só, seria insuficiente para atingir os objetivos, podendo mesmo não compensar, pois também a relação custos/benefícios coloca o investigador numa situação que deve ser bem ponderada, já que há a exigência de localizar fontes, identificar maneiras de participação em redes de sociabilidade, práticas e lógicas de ação (Ferrari, 2010).

Bulst (2005: 59) alerta que “o aporte prosopográfico não é adequado para a pesquisa da maior parte dos grupos sociais”. Além disso, “as vantagens da quantificação do material prosopográfico abrigam o risco - que não deve ser menosprezado - de que a convergência casual de certos fenômenos crie a falsa impressão de causalidade” (Bulst, 2005: 58), sendo importante ter a consciência de que quando se estudam os laços familiares o que se pretende é analisar a sua relação com o exterior, na ação política e com o(s) grupo(s) e não analisar as relações familiares internas.

Verboven, Carlier & Dumolyn (2007) alertam para limitações no tratamento dos dados (qualitativos e quantitativos, neste caso, por exemplo, quando se procura converter a informação em percentagens) e para a lógica defeituosa a que pode levar a prosopografia (muitas probabilidades ou possibilidades), considerando fundamental a cronologia.

Note-se ainda que o desenvolvimento do digital veio acelerar a produção de conteúdos, alargando essa possibilidade a qualquer pessoa. A classe política é frequentemente alvo de fake news. Também governantes da área da cultura já foram alvo de polémicas criadas no digital, sendo exemplo uma fotografia manipulada da ministra Graça Fonseca, em que esta surgia a fazer um gesto obsceno durante um evento oficial, tendo a imagem espoletado nos internautas um conjunto de mensagens insultuosas1 . Programas como o Polígrafo2 mostram algumas das estratégias de identificar conteúdos falaciosos (fact check) e validar informação. Nesse sentido, entendemos que no desenvolvimento de uma prosopografia é imprescindível que se tenha muito cuidado no uso de plataformas digitais, considerando necessário, ao desenhar a investigação, estabelecer, desde logo, alguns critérios para validação da informação a utilizar nas fichas prosopográficas.

A prosopografia é também inadequada para estudar grupos menos notórios, já que “quanto menos notório é o indivíduo no seu tempo e na sua sociedade, maior é a probabilidade de inexistirem elementos confiáveis sobre a sua vida e trajetória” (Codato & Heinz, 2015) e isto permite-nos compreender as dificuldades de estudar, por exemplo, classes e status inferiores, através de uma prosopografia

Ademais, “a abordagem biográfica exclui a diacronia, que é um aspeto quase essencial de muitas pesquisas prosopográficas” (Bulst, 2005: 56), pelo que para utilizar a prosopografia há que considerar se esta se enquadra de forma conveniente no período histórico em que vivem ou viveram as individualidades que se pretende estudar.

De uma forma geral, verifica-se que a prosopografia não é suficiente para produzir uma investigação científica profunda, necessitando se de ser complementada com outros métodos. Ainda assim, torna-se um caminho desafiante quando se está perante objetivos que dialogam com a sociologia, mas também com a história e a ciência política.

Considerações finais

Ao longo deste texto, procuramos apresentar a prosopografia, refletindo sobre quando esta pode ser o caminho mais adequado numa investigação e olhando também para as suas vantagens e limitações. Assim, pressupondo-se “que os valores e padrões de comportamento são influenciados poderosamente pela experiência passada e pela educação, o poder do método dificilmente pode ser negado” (Stone, 1971: 128), de maneira que mesmo não tendo todas as respostas, a prosopografia é adequada para “revelar as redes de vínculos sociopsicológicos que mantêm um grupo unido” (Stone, 1971: 128), mesmo que, como alguns autores defenderam posteriormente, a prosopografia possa não ser um método, nem uma ciência auxiliar.

A prosopografia deve ser “um recurso para organizar, a partir de um problema sociológico determinado, os dados biográficos de um grupo para, aí então, se pensar as regularidades” (Codato & Heinz, 2015: 255), e refletir sobre uma forma de a sociologia contribuir para a resolução desse mesmo problema.

Tendo em conta a reflexão subjacente a este ensaio, podemos considerar que:

“ao considerarmos os prós e os contras da prosopografia, seus limites e suas possibilidades, as vantagens parecem ter mais peso e oferecer amplas e novas possibilidades de pesquisa. Certamente, os limites da prosopografia não são maiores do que os de outras tentativas de aproximação dos fenômenos políticos, sociais ou econômicos da Idade Média” (Bulst, 2005: 60)

Nesse sentido, entendemos que a prosopografia se assume como uma solução face a uma pretensão para o estudo de questões que versem simultaneamente sobre questões da sociologia, da ciência política e da história. Ademais, a existência de limitações (ou perigos) não destoa de outros caminhos (métodos) de pesquisa, que também têm as suas limitações. Se, neste caso, as linhas que separam as potencialidades dos perigos podemser mais ténues, tal deve servir de estímulo para uma maior concentração e empenho na pesquisa prosopográfica.

Importa, contudo, que quem se propõe fazer uma prosopografia esteja ciente de que a “multiplicidade de fontes, táticas, soluções ad hoc, a peregrinação por um sem- número de endereços é a única estratégia possível para estabelecer a biografia coletiva de um grupo, capturar suas especificidades e regularidades” (Codato & Heinz, 2015), assim como ter em consideração a interdisciplinaridade que requer a prosopografia, sendo necessário atentar nas fronteiras entre as diferentes especializações da história e entre as diferentes ciências sociais e humanas (Verboven; Carlier & Dumolyn, 2007).

Quanto a estudantes de doutoramento e respetivas teses, Stone defendia que a prosopografia permitia aos mais novos chegar a uma “variedade de fontes”, ensinando- lhes a “a avaliar as evidências e aplicar o seu julgamento para resolver as contradições” e “a organização das informações de maneira metodológica”, ao mesmo tempo que “oferece um tópico que pode ser facilmente expandido ou reproduzido pela modificação do tamanho da amostra de modo a adequar-se aos requerimentos dos recursos e prazos disponíveis” (Stone, 1971: 132).

Se o objetivo for traçar um perfil de governantes da cultura, então a prosopografia dos/das Ministros/as da Cultura seria um caminho adequado, sem prejuízo de vir a ser completada com outras técnicas como a entrevista, considerando inclusivamente que a população se encontra num período histórico recente e não é totalmente inacessível. Todavia, se o foco da investigação já forem as políticas culturais, a prosopografia será um caminho limitador, podendo revelar-se numa perda de recursos, tanto em termos de tempo, como de dinheiro, pois a informação obtida pode ser escassa, conforme vimos. Então, caso o objeto de estudo seja uma política cultural, e considerando que a prosopografia trabalha com dados biográficos / pessoas, estamos perante uma situação em que será mais prudente optar por outro modelo metodológico.

Em suma, a prosopografia é, pelas suas vantagens, mas sobretudo pelos riscos elencados, um caminho desafiante, que se pode transformar num conjunto diverso de estímulos no decorrer da investigação, conforme referimos. Tendo em conta a natureza da prosopografia de um raciocínio indutivo, cremos, como Verboven, Carlier & Dumolyn (2007), que uma vez recorrendo à prosopografia deve haver uma diversificação dos métodos, no sentido de a complementar (ou até mesmo validar) alguma informação.

Depois de se entender que o período histórico se adequa, assim como a população que se pretende estudar e os objetivos da investigação, então, este pode ser um caminho a percorrer e no âmbito do qual se poderá colher conhecimentos (alguns que o tempo poderia ter quase apagado) de relevo para o presente e futuro da ciência política, da história, e, sobretudo, da sociologia, pela sua transdisciplinaridade.

Referências

BRAGA, Sérgio Soares; NICOLÁS, Maria Alejandra (2008), “Prosopografia a partir da web: avaliando a mensurando as fontes para o estudo das elites parlamentares brasileiras na internet”, Revista de Sociologia e Política ”, vol. XVI, pp. 107-130. [ Links ]

BROADY, Donald (2002), “French Prosopography: Definition and Suggested Readings”, Poetics, vol. XXX, pp. 381-385. [ Links ]

BRYMAN, Alan; BELL, Emma (2012), Business Research Methods (Fourth Edition), Oxford University. [ Links ]

BULST, Neitbard (2005) “Sobre o objeto e o método da prosopografia”, Politeia - História e Sociedade, vol. V, pp. 47-67. [ Links ]

CARDOSO, Cátia (2020), O cinema na televisão pública portuguesa: um olhar sobre os magazines cinematográficos atualmente exibidos na RTP, Dissertação de Mestrado em Cinema, Covilhã, Faculdade de Artes e Letras, Universidade da Beira Interior. [ Links ]

CHARLE, Christophe (2006a), “Como anda a história social das elites e da burguesia? Tentativa de balanço crítico da historiografia contemporânea” in Heinz, Flávio M.(ed.), Por outra história das elites, Rio de Janeiro, FGV Editora, pp. 19-39. [ Links ]

CHARLE, Christophe (2006b), “A prosopografia ou biografia coletiva: balanço e perspetivas”, in Heinz, Flávio M. (ed.), Por outra história das elites, Rio de Janeiro, FGV Editora. pp. 41-53. [ Links ]

CODATO, Adriano Nervo; HEINZ, Flavio M. (2015), “A prosopografia explicada para cientistas políticos”, in Renato, Perissinotto; Codato, Adriano Nervo (org.), Como estudar elites, Curitiba, Paraná, Brasil, Editora UFPR, pp. 249-75. [ Links ]

CRESWELL, John W & CRESWELL, J. David (2018), Research Design. Qualitative, quantitative, and mixed methods approaches, Los Angeles, Sage. [ Links ]

FERRARI, Marcela (2010), “Prosopografía e historia política: Algunas aproximaciones”, Antíteses, vol. III, pp. 529-550. [ Links ]

HILL, Manuela Magalhães; HILL, Andrew (2012), Investigação por questionário, Lisboa. Edições Sílabo. [ Links ]

LAHIRE, Bernard (2004), Retratos Sociológicos. Disposições e variações individuais, Porto Alegre, Artmed Editora. [ Links ]

LALOUETTE, Jacqueline (2006), “A prosopografia ou biografia coletiva: balanço e perspetivas”, in Heinz, Flávio M. (ed.), Por outra história das elites, Rio de Janeiro, FGV Editora, pp. 55-74 [ Links ]

MAGALHÃES, Pedro; SILVA, Jorge Rodrigues da (2022), “Aspetos metodológicos e sociografia dos inquiridos”, in Pais, José Machado; Magalhães, Pedro; Antunes, Miguel Lobo (coord.), Práticas culturais dos portugueses, Lisboa, Instituto de Ciências Sociais, pp. 47-54. [ Links ]

MATTOS, Carmem Lúcia Guimarães de (2011), “A abordagem etnográfica na investigação científica”, Etnografia e educação: conceitos e usos. Campina Grande, EDUEPB, pp. 49-83. [ Links ]

MONTEIRO, Lorena (2014), “Prosopografia de grupos sociais, políticos situados historicamente: método ou técnica de pesquisa?”, Pensamento Plural, vol. VII, pp. 11-21. [ Links ]

NORONHA, Susana (2018), “Cancro, arte e ação: experiências e projetos de mulheres e homens Portugueses”, Configurações, vol. XXII, pp. 101-116. [ Links ]

PASTI, Renato & JUNIOR, Gilson Brandão Oliveira (2019), “Biografia e Prosopografia: investigações de Trajetórias, Valorização das Experiências”, Revista Expedições, vol. X, pp. 29-44. [ Links ]

ROQUE, Jaime (2022), A repetição dos trânsitos: uma prosopografia do CHEGA, Dissertação de Mestrado em Sociologia. Coimbra. Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. [ Links ]

STONE, Lawrence (1971/2011), “Prosopografia”, Revista de Sociologia e Política, vol. XIX, pp. 115-37. [ Links ]

VERBOVEN, Koenraad; CARLIER, Myriam; DUMOLYN, Jan (2007), “A Short Manual to the Art of Prosopography”, in Keats-Rohan, Katharine S. B. (ed.) Prosopography Approaches and Applications: A Handbook, Prosopographica et Genealogica, vol. 13, pp. 36-69. Oxford. Unit for Prosopographical Research. [ Links ]

Notas

1https://poligrafo.sapo.pt/fact-check/imagem-viral-de-gesto-obsceno-da-ministra-da-cultura-e-autentica

2https://poligrafo.sapo.pt/

Recebido: 05 de Maio de 2023; Aceito: 29 de Maio de 2023

Creative Commons License Este é um artigo publicado em acesso aberto sob uma licença Creative Commons