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Medicina Interna

versão impressa ISSN 0872-671X

Medicina Interna vol.23 no.4 Lisboa dez. 2016

 

EDITORIAL / EDITORIAL

Formação Médica Permanente e Recertificação

Continuing Medical Education and Recertification

João Sá 1
Editor-Chefe

1Hospital da Luz, Lisboa, Portugal

 

“A Sabedoria Precisa de Tempo Mas o Tempo Destrói a Sabedoria”

“Wisdom Needs Time But Time Destroy Wisdom”

António Barreto, DN, 27/11/2016

Na época em que vivemos os progressos na investigação e a velocidade com que se apuram resultados rigorosos transformam decisiva e rapidamente o nosso quotidiano. O conhecimento cresce de modo dificilmente mensurável nas várias ciências. E a ciência médica não é excepção obrigando os clínicos das várias disciplinas a esforços permanentes na actualização, despertando tensões que decorrem da necessidade de alocação de tempo subtraído a um exercício profissional de contornos cada vez mais exigentes.

A preocupação com a manutenção da cultura teórica e da prática clínica, e a obrigatoriedade na integração de avanços que permitem obter melhores resultados assistenciais, tem estado na base dos processos de recertificação.

Nos Estados Unidos da América 79% dos médicos licenciados (i.e. com autorização para o exercício profissional) estão certificados pelo American Board of Medical Specialities (ABMS).1

E em Portugal, ao contrário do que sucede nas comunidades médicas fortemente auto-reguladas, a recertificação não tem sido ponderada pelas instâncias responsáveis como a Ordem dos Médicos, que regula outros aspectos como o licenciamento para a prática, a titulação e a disciplina.

As ferramentas de aperfeiçoamento profissional são diversas. Mas, e como foi apontado em artigo de perspectiva muito recente da autoria de dois responsáveis do American Board of Internal Medicine (ABIM), devem ser testadas e os processos sujeitos a avaliação.2

Este mesmo corpo de especialidade (ABIM) estuda agora um modelo de ensino médico permanente diferente, uma espécie de via, ou caminho, que permita aos clínicos demonstrarem continuadamente a manutenção de conhecimentos e a sua actualização. Assim se poderá substituir o conhecido e exigente conjunto de provas a que os candidatos à recertificação se submetem de 10 em 10 anos.

Nesta edição da Medicina Interna um grupo de jovens médicos apresenta uma iniciativa de ensino das bases em investigação clínica – Clinical Research Bootcamp.3 Há poucos meses, na Secção Regional Norte da Ordem dos Médicos, pude acompanhar alguns dos trabalhos que me impressionaram pelo seu rigor e exigência. Não obstante as dificuldades e incertezas da vida dos serviços, departamentos e instituições, as iniciativas de investigação clínica, ou das ciências básicas aplicadas à clínica, devem ser empreendidas e apoiadas. Assim será possível conhecer a realidade da prática médica, particularmente a sua qualidade, abrindo caminho ao progresso mediante a adopção de soluções correctoras e a integração de modalidades actualizadas no diagnóstico e na terapêutica.

Tomo a liberdade de chamar a vossa atenção para um artigo de síntese da actividade da Medicina Interna, da autoria da Editora-Associada Dra. Ana Filipa Malheiro.4 Os progressos e a celeridade do processo de revisão de trabalhos aliados ao aumento do número de artigos propostos deixa-nos satisfeitos. Mas o caminho a percorrer até um patamar de notoriedade ainda é longo. Relembro a absoluta necessidade de submissão de trabalhos originais de boa qualidade por constituírem a alma da revista. E não ficam esquecidos os apontamentos clínicos, como as imagens e os casos que, logo que aprovados, conhecem difusão imediata da Revista online de Casos Clínicos em Medicina Interna.

Como poderão ter constatado houve necessidade de mudar a empresa de edição e publicação, agora a Ad Médic, que dispõe de um passado de colaboração fértil com a revista e a SPMI. E os efeitos positivos em termos de qualidade já se fizeram notar no nº3/2016 pelo que é justo um cumprimento à Dra. Paula Cordeiro e à equipa que lidera.

E estando o ano a terminar endereço, em meu nome e no dos editores, um agradecimento à nossa equipa de consultores e aos revisores, de quem depende o progresso e o sucesso da Medicina Interna.

 

Referências

1. Young A, Chaudry HJ, Pei X, Halbesleben K, Polk DH, Dugan M. A census of actively licenced physicians in the United States, 2014. J Med Regul. 2015;101:8-23.         [ Links ]

2. Baron RJ, Braddock CH 3rd. Knowing what we don’t know – improving maintenance of certification. N Eng J Med. 2016;375:2516-7.         [ Links ]

3. Villas-Boas A, Machado JF. Clinical Research Bootcamp – Novas formas de aprender a investigação clínica. Med Intern. 2016;375:2516-7.         [ Links ]

4. Malheiro AF. Revista de Medicina Interna – Alguns dados dos últimos anos. Med Intern. 2016;375:2516-7        [ Links ]

 

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