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Medicina Interna

versão impressa ISSN 0872-671X

Medicina Interna vol.25 no.4 Lisboa dez. 2018

https://doi.org/10.24950/rspmi/SPMI/SEMI:4/2018 

PÁGINA DO PRESIDENTE / PRESIDENT PAGE

Medicina Interna e o seu Futuro nos Sistemas de Saúde: Posicionamento da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna e da Sociedade Espanhola de Medicina Interna

Internal Medicine and its Future in Health Systems: Positioning of the Portuguese Society of Internal Medicine and the Spanish Society of Internal Medicine

Luís Campos1, Antonio Zapatero Gaviría2, João Araújo Correia1, Ricardo Gómez Huelgas2, Jesús Díez-Manglano2, J. Vasco Barreto1

1Sociedade Portuguesa de Medicina Interna, Lisboa, Portugal
2Sociedade Espanhola de Medicina Interna, Madrid, Espanha

Correspondência

 

Palavras-chave: Espanha; Medicina Interna; Planos de Sistemas de Saúde; Portugal; Sociedades Médicas

 


 

Keywords:Health Systems Plans; Internal Medicine; Portugal; Societies, Medical; Spain

 


 

Introdução

A evolução demográfica, particularmente a resultante do aumento da esperança de vida, a crescente hiperespecialização induzida pelo rápido aumento do conhecimento e as ameaças à sustentabilidade do sistema tornam a Medicina Interna cada vez mais necessária para liderar novos modelos organizacionais mais adaptados a estas mudanças.

A Medicina Interna é uma especialidade versátil, multipotencial e eficiente, mantendo a sua capacidade holística em Portugal e em Espanha, países onde existe um modelo semelhante de Medicina Interna. Em ambos os sistemas de saúde, constitui a base da medicina hospitalar, afirmando-se como especialidade abrangente e integradora, com um papel decisivo na liderança de áreas multidisciplinares e na gestão de doentes agudos e crónicos, complexos e com multimorbilidade, nas situações clínicas mais prevalentes, nas doenças sistémicas e também nas doenças raras.

As Sociedades Portuguesa e Espanhola de Medicina Interna decidiram, nos Açores, elaborar a presente Declaração, onde reafirmam a importância desta especialidade para o futuro dos sistemas de saúde e manifestam:
1. O seu empenho na criação de práticas de alto valor que contribuam para a sustentabilidade do sistema de saúde;
2. O seu empenho na preservação da abrangência e da coesão da especialidade, favorecendo a criação consistente de áreas de competência e não de novas especialidades;
3. A necessidade de mudança do atual modelo hospitalar e a promoção de novos modelos organizacionais baseados em departamentos polivalentes geridos por internistas. Estes modelos devem incluir unidades diferenciadas, multidisciplinares e multiprofissionais;
4. A importância de reforçar a necessidade da liderança dos internistas nas múltiplas áreas de atividade assistencial, tais como serviços de urgência hospitalares, cuidados intermédios, cuidados paliativos oncológicos e não oncológicos, cuidados continuados e de longa duração;
5. A necessidade de disseminar nos hospitais programas de cogestão de doentes cirúrgicos, liderados por internistas;
6. A necessidade de promover a criação e o desenvolvimento de valências de medicina hospitalar de ambulatório (hospitais de dia, unidades de diagnóstico rápido e de hospitalização domiciliária) que garantam alternativas ao internamento para populações específicas;
7. A afirmação da importância do internista na integração de cuidados e na gestão de programas de doença crónica, em articulação com os cuidados primários e outros níveis de cuidados, assim como com a assistência social. É urgente começar a pensar a saúde e a assistência social em conjunto, porque é cada vez mais difícil separar estes problemas entre si;
8. O reconhecimento da capacidade para a realização de técnicas de diagnóstico e da autonomia para o tratamento das patologias do seu espetro de intervenção, repudiando qualquer limitação da capacidade de prescrição da Medicina Interna;
9. A importância de a Medicina Interna integrar as equipas de elaboração, implementação e monitorização das guidelines nacionais e da sua participação na organização dos programas e reformas da saúde;
10. A afirmação da importância da Medicina Interna no ensino pré e pós-graduado, nas Universidades e na investigação científica.

Conclusão

Com este documento, afirma-se o papel que a Medicina Interna pode e pretende ter na construção de um sistema de saúde eficaz, integrador, eficiente e sustentável, alertando para a importância de um forte apoio político a este conjunto de estratégias, que permita a sua efetiva prossecução.

 

Correspondência:João Araújo Correia joaoacorr@gmail.com
Presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna Rua da Tobis Portuguesa, nº 8, 2º Salas, 7, 8 e 9 – 1750-292, Lisboa

 

Conflitos de Interesse: Os autores declaram a inexistência de conflitos de interesse na realização do presente trabalho.

Fontes de Financiamento: Não existiram fontes externas de financiamento para a realização deste artigo.

Conflicts of interest: The authors have no conflicts of interest to declare.

Financing Support: This work has not received any contribution, grant or scholarship.

 

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