SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.25 número4Lesão Renal Aguda Anúrica: Um Diagnóstico a Não EsquecerSíndrome antifosfolipídica índice de autoresíndice de assuntosPesquisa de artigos
Home Pagelista alfabética de periódicos  

Serviços Personalizados

Journal

Artigo

Indicadores

Links relacionados

  • Não possue artigos similaresSimilares em SciELO

Compartilhar


Medicina Interna

versão impressa ISSN 0872-671X

Medicina Interna vol.25 no.4 Lisboa dez. 2018

https://doi.org/10.24950/rspmi/imagem/102/4/2018 

IMAGENS EM MEDICINA / IMAGES IN MEDICINE

Infeções Urinárias Enfisematosas

Emphysematous Urinary Tract Infections

Raquel Barreira1, Margarida Correia1,2, João Valente1,2

1Serviço de Medicina Interna, Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia/ Espinho; Vila Nova de Gaia, Portugal
2Unidade de Cuidados Intermédios de Medicina, Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia/ Espinho; Vila Nova de Gaia, Portugal

Correspondência

 

Palavras-chave: Enfisema; Hospedeiro Imunocomprometido; Infecções Urinárias

 


 

Keywords: Emphysema; Immunocompromised Host; Urinary Tract Infections

 


 

Homem de 44 anos internado por anasarca, lesão renal aguda com sedimento urinário ativo e hepatopatia. Diagnosticada crioglobulinemia mista tipo III essencial, com atingimento renal, cutâneo, hepático e, presumivelmente, gastrointestinal, condicionando bacteriémias recorrentes por provável translocação bacteriana. Iniciada corticoterapia enquanto prosseguia estudo etiológico. Intercorrência com quadro de febre e agravamento renal, identificando-se, em tomografia computorizada (TC) abdominopélvica, ar na parede vesical e cálices do rim esquerdo, traduzindo infeção urinária enfisematosa (Fig 1 Fig 2). Algaliou-se e iniciou-se antibioterapia empírica com piperacilina/tazobactan, posteriormente alterada para ertapenem por isolamento de Klebsiella pneumoniae ESBL. Evolução favorável, com resolução do enfisema em controlo imagiológico.

 

 

 

 

A presença de ar no trato urinário pode resultar de procedimentos endoscópicos, instrumentação, trauma ou fistulização entérica.1,2 Mais raramente resulta da fermentação de glicose e lactato por bactérias, como a Escherichia coli e a Klebsiella pneumoniae.3 Clinicamente são indistinguíveis das infeções urinárias não enfisematosas, sendo o diagnóstico estabelecido por métodos de imagem; a TC é o método mais sensível, permitindo efetuar uma avaliação prognóstica e orientar a terapêutica.1,2 O enfisema pode ser evidente na bexiga (cistite), sistema excretor (pielite) ou envolver também o parênquima renal e/ou espaço peri-renal (pielonefrite).1 Obstrução do trato urinário e condições que favorecem o metabolismo anaeróbio, por hipoperfusão tecidular, ou associadas a compromisso da resposta imunológica, como diabetes mellitus, bexiga neurogénica ou imunossupressão, constituem fatores de risco para infeção urinária enfisematosa.3,5

Classicamente o prognóstico era reservado, com taxa de mortalidade de 40% a 50% e necessidade de nefrectomia emergente e/ou nefrostomia cirúrgica nos casos de pielonefrite.2,3 Nas últimas décadas a taxa de mortalidade diminuiu para 13,5%, reflexo de uma estratégia “poupadora de nefrónios” que defende a antibioterapia sistémica e controlo dos fatores predisponentes em todas as formas da doença, com drenagem percutânea nos casos de pielonefrite e nefrectomia eletiva posterior, se falência do tratamento conservador. 2,3

 

Referencias

1. Thomas AA, Lane BR, Thomas AZ, Remer EM, Campbell SC, Shoskes DA. Emphysematous cystitis: a review of 135 cases. BJU Int. 2007; 100:17-20. doi: 10.1111/j.1464-410X.2007.06930.x        [ Links ]

2. Somani BK, Nabi G, Thorpe P, Hussey J, Cook J, N'Dow J, et al. Is percutaneous drainage the new gold standard in the management of emphysematous pyelonephritis? Evidence from a systematic review. J Urol. 2008; 179:1844-9. doi: 10.1016/j.juro.2008.01.019.         [ Links ]

3. Ubee SS, McGlynn L, Fordham M. Emphysematous pyelonephritis. BJU Int. 2011;107:1474-8. doi: 10.1111/j.1464-410X.2010.09660.x.         [ Links ]

4. Schicho A, Stroszczynski C, Wiggermann P. Emphysematous cystitis: mortality, risk factors, and pathogens of a rare disease. Clin Pract. 2017; 7:930. doi: 10.4081/cp.2017.930.         [ Links ]

5. Tang HJ, Li C, Yen MY, Chen YS, Wann SR, Lin HH, et al. Clinical characteristics of emphysematous pyelonephritis. J Microbiol Immunol Infect. 2001; 34:125–30

 

 

Correspondência: Raquel Barreira barreiraquel@gmail.com
Serviço de Medicina Interna, Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia/ Espinho, Vila Nova de Gaia, Portugal
Rua Conceição Fernandes, S/n, 4434-502 Vila Nova de Gaia

 

Conflitos de Interesse: Os autores declaram a inexistência de conflitos de interesse na realização do presente trabalho.

Fontes de Financiamento: Não existiram fontes externas de financiamento para a realização deste artigo.

Direito à Privacidade e Consentimento Informado: Os autores declaram que nenhum dado que permita a identificação do doente aparece neste artigo.

Proteção de Seres Humanos e Animais: Os autores declaram que não foram realizadas experiências em seres humanos ou animais.

Conflicts of interest: The authors have no conflicts of interest to declare.

Financing Support: This work has not received any contribution, grant or scholarship.

Confidentiality of data: The authors declare that they have followed the protocols of their work center on the publication of data from patients.

Protection of human and animal subjects: The authors declare that the procedures followed were in accordance with the regulations of the relevant clinical research ethics committee and with those of the Code of Ethics of the World Medical Association (Declaration of Helsinki).

 

Recebido: 05/06/2018

Aceite: 29/07/2018

 

Creative Commons License Todo o conteúdo deste periódico, exceto onde está identificado, está licenciado sob uma Licença Creative Commons