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Medicina Interna

versão impressa ISSN 0872-671X

Medicina Interna vol.26 no.3 Lisboa set. 2019

https://doi.org/10.24950/rspmi/CE/144/19/3/2019 

CARTAS AO EDITOR / LETTERS TO THE EDITOR

A Propósito de “Ventilação Não Invasiva: Como Identificar a Resposta Terapêutica?”

On “Non-Invasive Mechanical Ventilation: How to Identify Response?”

 

Luís Correia1
https://orcid.org/0000-0001-9476-9141

Jéssica Chaves1
https://orcid.org/0000-0002-1718-2731

José Barros1
https://orcid.org/0000-0002-0663-5053

 

1Serviço de Medicina Interna, Hospital Central do Funchal, Hospital dos Marmeleiros, Funchal, Portugal

Correspondência

 

Palavras-chave: Insuficiência Respiratória; Respiração Artificial; Ventilação Não Invasiva/ tratamento.

 


 

Keywords: Noninvasive Ventilation; Respiratory Insufficiency; Respiration, Artificial


 

No trabalho Duarte et al1 publicado na Revista da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna, a variação do pH nas primeiras 24 horas de utilização de ventilação não invasiva (VNI) foi apontada como o melhor preditor entre os indicadores gasimétricos de falência desta terapêutica em doentes admitidos numa unidade intermédia, devido a, maioritariamente, edema agudo do pulmão cardiogénico e exacerbação aguda de doença pulmonar obstrutiva crónica (EADPOC) com insuficiência respiratória grave.

Partilhamos o reconhecimento do papel VNI na intervenção terapêutica das patologias mencionadas, em particular na EADPOC.2 Contudo, a sua utilização em ambiente não crítico, nomeadamente no que concerne aos critérios de falência e ao seu reconhecimento precoce, carece de validação robusta. Deste modo, saúdam-se trabalhos como o de Duarte et al. Porém, conforme salientado, o estudo é limitado pela dimensão da amostra e constrangimento pela sua duração. Assim, serve a presente carta, em primeiro lugar para partilhar a nossa experiência que, embora também limitada, levou a conclusões similares.

Considerando parâmetros de vigilância e critérios de falência terapêutica idênticos, analisámos uma amostra de 62 doentes em situação de EADPOC com necessidade de VNI em contexto de urgência hospitalar, unidade intermédia ou enfermaria de Medicina Interna ao longo de dois anos. A Tabela 1 resume os resultados obtidos. Um pH arterial inferior a 7,35 persistiu em 37 casos (59,7%) após uma hora de VNI e em 14 casos (22,6%) após 24 horas. Em 16 casos (25,8%), verificaram-se critérios de falência terapêutica, incluindo 4 doentes (6,5%) que foram submetidos a ventilação mecânica invasiva e 10 óbitos (16,1%). Através de análise das curvas “receiver operating characteristic” das variações dos indicadores gasimétricos, identificou-se a variação de pH nas primeiras 24 horas como principal preditor de falência terapêutica (área abaixo da curva 0,951, p < 0,001) à semelhança do estudo de Duarte et al.

Em segundo lugar, reflectimos sobre a diferença entre as média das Simplified Acute Physiology Scores II (SAPS II) dos subgrupos do trabalho de Duarte et al. Entendendo que este índice deriva da ponderação de parâmetros cardiovasculares (pressão arterial sistólica e frequência cardíaca), neurológicos (escala de coma de Glasgow) e metabólicos (uremia, débito urinário e HCO3-) entre outros3; e que estes estão implicados na fisiopatologia da compensação da acidose respiratória e na necessidade de instituição de ventilação mecânica invasiva4; revestia-se de importância a exploração da evolução destes indicadores, e do seu impacto no desfecho dos casos, bem como da sua interação com os indicadores gasimétricos. Por conseguinte, sugere-se a realização desta análise em trabalhos futuros.

 

Referências

1. Duarte T, Pocinho R, Pires P, Antunes L, Baptista I. Ventilação não invasiva: como identificar a resposta terapêutica? Rev da Soc Port Med Interna. 2019; 26: 113-9.         [ Links ]

2. Osadnik CR, Tee VS, Carson-Chahhoud KV, Picot J, Wedzicha JA, Smith BJ. Non-invasive ventilation for the management of acute hypercapnic respiratory failure due to exacerbation of chronic obstructive pulmonary disease. Cochrane Database Syst Rev. 2017;7:CD004104. doi: 10.1002/14651858.CD004104.pub4        [ Links ]

3. Le Gall JR, Lemeshow S, Saulnier F. A New Simplified Acute Physiology Score (SAPS II) Based on a European/North American Multicenter Study. JAMA. 1993;270:2957-63.         [ Links ]

4. Hess DR. Noninvasive ventilation for acute respiratory failure. Respir Care. 2013;58:950–72.         [ Links ] doi: 10.4187/respcare.02319

Correspondência: Luís Correia – lmcorreia@live.com
Serviço de Medicina Interna, Hospital Central do Funchal, Hospital dos Marmeiros, Funchal, Portugal Estrada dos Marmeleiros, 9050-495, Funchal

 

Publicado / Published:20, de Setembro de 2019

Received/Recebido:19/07/2019

Accepted/Aceite:18/08/2019

 

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