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Medicina Interna

versão impressa ISSN 0872-671X

Medicina Interna vol.26 no.3 Lisboa set. 2019

https://doi.org/10.24950/rspmi/CE/148/19/3/2019 

CARTAS AO EDITOR / LETTERS TO THE EDITOR

A Propósito de “Sete Anos de Neutropenias Febris num Serviço de Medicina Interna”

Letter About “Seven Years of Febrile Neutropenia in Internal Medicine Department”

 

Margarida R. Fonseca1
https://orcid.org/0000-0001-9066-2830

Inês Jorge2
https://orcid.org/0000-0003-4826-1093

Gabriela Rodrigues2
https://orcid.org/0000-0001-8277-0954

 

1Serviço de Medicina I, Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, Lisboa, Portugal

1Serviço de Urgência Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, Lisboa, Portugal

Correspondência

 

Palavras-chave:Antineoplásicos/efeitos adversos; beta-Lactâmicos; Neutropenia Febril/induzida quimicamente; Neutropenia Febril Induzida por Quimioterapia.

 


 

Keywords: Antineoplastic Agents/ adverse effects; beta- -Lactams; Chemotherapy-Induced Febrile Neutropenia: Febrile Neutropenia/ chemically induced


 

Caro editor, Saudamos a publicação do artigo “Sete Anos de Neutropenias febris num Serviço de Medicina interna”1 que apresenta os resultados do estudo retrospetivo de 187 internamentos por neutropenia febril (NF) no Centro Hospitalar de Entre o Douro e Vouga.

A NF uma importante causa de morbilidade nos doentes oncológicos - frequentemente associada a adiamentos e reduções de dose de tratamentos.2 Estamos interessados em compreender de que forma podem ser prevenidas complicações major, cujo risco é de 25 a 30%. A mortalidade descrita na literatura é entre 5 e 11%, podendo chegar aos 50% se evolução com choque séptico.3 O índice de MASCC (Multinational Association of Suportive Care in Cancer) é o método de estratificação de risco mais utilizado e permite identificar, com base numa série de características clínicas, os doentes de baixo risco e que podem ser tratados em ambulatório.4

Num estudo retrospetivo que reviu os doentes com NF secundária a toxicidade medular por quimioterapia observados no Serviço de Urgência (SU) da nossa instituição em 2015 e 2016 identificámos 40 episódios de urgência, correspondendo a 38 doentes. Ao contrário do estudo citado, 53% dos doentes eram do sexo feminino com média de idades sobreponível - 68 anos. Verificaram-se 82,5% de internamentos. A contagem média de neutrófilos foi de 137/mcL, sendo inferior a 50/mcL em 35% dos episódios. A taxa de mortalidade global foi de 10%. O índice de MASCC médio foi de 21 (entre 11 e 26) sendo que em 62,5% dos casos foi igual ou superior a este valor. O índice calculado nos óbitos foi de 15 (entre 11 e 19). Nesta casuística, e tendo por base o índice de MASCC, a maioria dos doentes seriam considerados de baixo risco e com possibilidade de tratamento em ambulatório. Também um estudo americano5 refere que 98% dos doentes com NF e baixo risco receberam tratamento discordante com as orientações.

No estudo referido1 são revistos 187 internamentos por NF, a maioria com doença oncológica em estadio avançado e cerca de 40% com neutropenia severa. A taxa de mortalidade foi de 17% - muito semelhante ao descrito na literatura. Os autores não fazem referência ao índice de MASCC dos doentes analisados – facto que poderia ser alvo de reflexão já que permitiria avaliar a possibilidade de os doentes terem sido tratados em ambulatório, reduzindo a morbilidade associada a um internamento. O índice de MASCC médio de 21 na nossa casuística poderia explicar a diferença positiva da mortalidade em relação ao estudo apresentado.

Sabendo que o tratamento em ambulatório está associado não só a redução de mortalidade e menor risco de infeções nosocomiais, mas também a uma melhoria da qualidade de vida e a redução de custos, porque continuam doentes com baixo risco a ser internados?

 

Referências

1.Pinho M, Rodrigues C, Guedes L, Costa E, Gonçalves E, Sete Anos de Neutropenias Febris num Serviço de Medicina Interna. Rev Soc Port Med Interna.2019;26:97-105.         [ Links ]

2.Klastersky J, de Naurois J, Rolston K, Rapoport B, Maschmeyer G, Aapro M, et al. Management of febrile neutropaenia: ESMO Clinical Practice Guidelines. Ann Oncol. 2016;27:v111-v118.         [ Links ]

3.Taplitz RA, Kennedy EB, Bow EJ, Crews J, Gleason C, Hawley DK, et al. Outpatient Management of Fever and Neutropenia in Adults Treated for Malignancy: American Society of Clinical Oncology and Infectious Diseases Society of America Clinical Practice Guideline Update. J Clin Oncol. 2018, 36: 1443-53. doi: 10.1200/JCO.2017.77.6211.         [ Links ]

4.Klastersky J, Paesmans M. The Multinational Association for Supportive Care in Cancer (MASCC) risk index score: 10 years of use for identifying low-risk febrile neutropenic cancer patients. Support Care Cancer. 2013, 21:1487-95. doi: 10.1007/s00520-013-1758-y.         [ Links ]

5.Bergstrom C, Nagalla S, Gupta A. Management of patients with febrile neutropenia: a teachable moment. JAMA Intern Med. 2018;178:558-9. doi: 10.1001/jamainternmed.2017.8386.         [ Links ]

Correspondência: Margarida R. Fonseca – margarida.rfonseca@gmail.com
Serviço de Medicina I, Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, Lisboa, Portugal Estrada do Forte do Alto do Duque, 1449-005, Lisboa

 

Publicado / Published:20, de Setembro de 2019

Received/Recebido:17/07/2019

Accepted/Aceite:30/07/2019

 

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