Pela primeira vez um serviço de Medicina Interna (MI) de um hospital privado organiza o congresso nacional de Medicina Interna. Para 2021 coube ao serviço do Hospital da Luz Lisboa ter essa honra.

Escolhemos um lema, uma parceria e uma inovação.

O lema foi pensado para refletir um propósito para o congresso, para o nosso serviço e para a nossa Especialidade. “Valorizar a Medicina Interna” porque queremos valorizar a visão generalista, continuamente ameaçada pelas Especialidades de órgão. Porque esta visão consegue, melhor que ninguém, compreender o que é mais importante para o doente, o hospital e o próprio serviço de saúde. Procuramos, através da anamnese, exame físico e raciocínio científico, identificar os problemas, investigar patologias e propor tratamento para o doente, naquilo que mais o perturba e que poderá ter um real benefício na sua qualidade de vida. Esta perspetiva “value-based”, não sendo restrita à MI, é aplicada de forma natural numa Especialidade Generalista.¹ O programa reflete esta especial atenção com os doentes crónicos, com multimorbilidade, nomeadamente na área da diabetes mellitus, risco cardiovascular, insuficiência cardíaca, imunodeficiência, auto-imunidade, cuidados paliativos ou geriatria. Pelo mesmo motivo, iremos abordar os temas da Medicina Preventiva, do sobrediagnóstico e a “era da desinformação” que envolve toda a sociedade, incluindo a médica. Por fim, como já referido no anterior editorial da Drª Filipa Malheiro,² precisamos de valorizar a investigação clínica que nos coloque num patamar de reconhecimento concordante com o que já exercemos no ensino pré e pós-graduado. Teremos, portanto, sessões sobre a formação, internato, investigação e, claro, sobre a nossa ‘Revista de Medicina Interna’ cuja futura indexação está fortemente ligada à necessária aposta dos serviços de MI na investigação.

Uma parceria com a Medicina Geral e Familiar, decorrente de duas razões óbvias. É a única outra especialidade clínica dos adultos com uma abordagem generalista. Por isso mesmo partilhamos os mesmos doentes que, em fases diferentes das suas doenças, se encontram estáveis e em ambulatório ou instáveis e no hospital. Os mesmos doentes com multimorbilidade que nos chegam aos serviços de urgência, consulta e internamento. Este será outro tema abordado no congresso: a referenciação dos doentes agudos das Unidades de Saúde Familiar (USF) para as urgências e vice-versa e a partilha dos doentes entre ambos, com claro benefício para os doentes que veem os seus problemas resolvidos com aumento da eficiência e redução do desperdício, na mesma lógica da “medicina de alto valor”.² A segunda razão é o facto de o Hospital da Luz Lisboa ter uma USF incluída na sua estrutura física e organizativa que aproximou e facilitou o contacto das duas especialidades. Esta enorme mais valia também será tema numa mesa do congresso.

Por fim a inovação que temos no Hospital da Luz Lisboa. Já inovámos com um serviço hospitalar privado sem fronteiras físicas dentro do hospital, que se responsabiliza por todos os doentes da área médica e, cada vez mais, com os doentes da área cirúrgica em co-gestão. Inovámos com a proximidade com a MGF dentro do hospital e, agora, com o novo ‘Centro de Simulação’ com uma área de 1300 m² equipado com alta tecnologia, onde faremos os cursos pré-congresso.

Por todas estas razões e porque o congresso nacional é o nosso principal ponto de encontro, de internistas dos vários cantos do país, de hospitais centrais e distritais, do interior e litoral. Porque é no nosso congresso que partilhamos experiências, dúvidas e anseios e promovemos o melhor que cada um, na sua especificidade, faz de diferente, mantendo a mesma matriz de todos: a Medicina Interna.

Contamos convosco, espero que já vacinados, em presença física ou virtual para valorizar a Medicina Interna.