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Medicina Interna

versão impressa ISSN 0872-671X

Medicina Interna vol.28 no.1 Lisboa mar. 2021  Epub 15-Mar-2021

https://doi.org/10.24950/i/262/20/1/2021 

Imagens em Medicina/ Images in Medicine

Vasculopatia Amiloidótica Associada a Mieloma Múltiplo

Amyloidosis Associated with Multiple Myeloma

11Serviço de Medicina Interna, Hospital da Luz - Lisboa, Lisboa Portugal

2Serviço de Medicina Intensiva, Hospital da Luz - Lisboa, Lisboa, Portugal


O mieloma múltiplo (MM) é uma discrasia plasmocitária, correspondendo a 10% das neoplasias hematológicas.1Em até 15% dos doentes, apenas são detetáveis cadeias leves monoclonais na imunoeletroforese sérica e urinária, não coexistindo produção anormal de cadeias pesadas.2,3No MM, as manifestações cutâneas podem surgir por infiltração direta por plasmócitos monoclonais ou depósito de fragmentos da cadeia leve anormal formando fibrilhas amilóides. O diagnóstico de MM decorrente do estudo de lesões cutâneas é raro dado o envolvimento cutâneo geralmente surgir numa fase tardia de doença.2

Apresenta-se o caso de uma mulher de 55 anos referenciada à consulta de Medicina Interna por quadro com dois anos de evolução de lesões cutâneas no mento e pálpebras. Constataram-se lesões violáceas purpúricas no mento e periorbitárias, com relevo, mantidas à digitopressão (Fig. 1), e ainda lesão violácea na língua e macroglossia (Fig. 2). Negava astenia, perda ponderal ou queixas álgicas associadas. Da história prévia destacava-se síndrome do túnel cárpico bilateral, já intervencionado cirurgicamente.

Figura 1: Púrpura facial - periorbitária e no mento. 

Figura 2: Macroglossia e lesão violácea na língua. 

Dada a elevada suspeição de amiloidose, fez biópsia cutânea que foi sugestiva de vasculopatia amiloidótica. A imunoeletroforese de proteínas séricas e o doseamento de cadeias leves séricas Kappa e Lambda (λ) foram normais, no entanto apresentava uma elevação das cadeias λ livres e proteinúria de Bence Jones tipo λ na urina 24 horas. Analiticamente não apresentava anemia, disfunção renal ou hipercalcémia.

Realizou mielograma que mostrou infiltração medular por 24% de plasmócitos, estabelecendo o diagnóstico de MM de cadeias leves com amiloidose de cadeias leves (AL) associada. Iniciou quimioterapia, tendo realizado autotransplante hematopoiético após 4 meses. Aos 3 anos de seguimento apresentava-se sem recidiva de MM, mantendo estabilidade das lesões vasculíticas.

Os autores realçam a importância da valorização da púrpura facial, bem como da macroglossia, na suspeita diagnóstica de amiloidose AL.4A marcha diagnóstica subsequente deve incluir o doseamento de cadeias leves livres, uma vez que em contexto clínico suspeito uma imunoeletroforese de proteínas séricas normal não exclui MM.2

REFERÊNCIAS

1. Rajkumar SV. Multiple myeloma: 2018 update on diagnosis, risk-stratification, and management. Am J Hematol. 2018;93:981-1114. doi: 10.1002/ajh.25117. [ Links ]

2. Rafae A, Malik MN, Abu Zar M, Durer S, Durer C. An overview of light chain multiple myeloma: clinical characteristics and rarities, management strategies, and disease monitoring. Cureus. 2018;10(8):e3148. doi: 10.7759/cureus.3148. [ Links ]

3. Alcatrão M, Neves C, Gaspar A, Bravo A, Margarido E, Estrada H. mieloma múltiplo e amiloidose AL. Med Intern. 2016;23:28-31. [ Links ]

4. Gertz MA, Dispenzieri A. Systemic amyloidosis recognition, prognosis, and therapy: a systematic review. JAMA. 2020;324:79-89. doi: 10.1001/jama.2020.5493. [ Links ]

Responsabilidades ÉticasEthical Disclosures3

Recebido: 10 de Novembro de 2020; Aceito: 14 de Dezembro de 2020

Correspondence/ Correspondência: Débora Sousa - dsofia.sousa@gmail.com Serviço de Medicina Interna, Hospital da Luz - Lisboa, Lisboa, Portugal Av. Lusíada 100, 1500-650, Lisboa

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