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Medicina Interna

versão impressa ISSN 0872-671X

Medicina Interna vol.28 no.3 Lisboa set. 2021  Epub 01-Dez-2021

https://doi.org/10.24950/editorial/3/2021 

Editorial

A Medicina Interna e o Ensino “Para ensinar há uma formalidadezinha a cumprir - saber.” (Eça de Queiroz in Notas Contemporâneas)

Internal Medicine and Teaching "To teach there is a little formality to fulfill - to know." (Eça de Queiroz in Contemporary Notes)

1Membro do Conselho Editorial, Revista Portuguesa de Medicina Interna, Lisboa, Portugal

2Membro do Secretariado do Centro de Ensino e Investigação em Medicina Interna da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna

3Assistente Hospitalar de Medicina Interna, Serviço de Medicina Interna, Hospital Pedro Hispano, Unidade Local de Saúde de Matosinhos, Portugal (Coordenadora do Ensino Pré-graduado Médico)

4Professor Auxiliar Convidado de Medicina - Prática Clínica, Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, Portugal


A tutoria é a pedra angular da medicina académica.1 A capacidade de ensinar é diretamente proporcional ao co-nhecimento científico, mas também clínico.

Na Medicina Interna, a atividade diária com doentes tão complexos quanto diversos e o constante intercâmbio de aprendizagem interpares no trabalho de equipa na enfermaria ou serviço de urgência, são oportunidades de formação ímpar, a reclamar partilha. O Centro de Ensino e Investigação em Medicina Interna (EIMI) da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna foi pensado ao encontro desta inquietação, com o objetivo de “reforçar o papel dos internistas na academia, (…) ao nível da discussão e integração nos currículos das escolas superiores médicas, no ensino pré e pós-graduado (…)”.2

Nas escolas médicas portuguesas, o contacto mais próximo com a Medicina Interna tem início no terceiro ano do Mestrado Integrado em Medicina, com a unidade curricular de Semiologia ou Propedêutica. Sendo a cadeira-base de introdução à atividade clínica, não só nas aulas práticas como também nas teóricas, nenhuma especialidade faz tanto sentido no ensino semiológico quanto a Medicina Interna, uma vez que a história clínica/ exame físico continuam a ser os nossos principais diferenciadores.

Por outro lado, apenas a assimilação continuada no dia-a-dia de uma equipa médica permite compreender a dimensão e a dinâmica do trabalho do internista. Esse treino profissio-nalizante de algumas semanas, nos últimos anos do currículo médico, é base elementar para a prática clínica em qualquer diferenciação dos futuros médicos. O internista tem lugar de destaque no ensino do raciocínio clínico, pela abordagem da fisiopatologia integrativa e no pensamento incorporador de sinais e sintomas. “From bedside to classroom, from classroom to bedside.”: pretende-se levar a experiência clínica para as aulas e trazer os alunos até à experiência clínica, sendo que o ensino é, em si mesmo, uma fonte de aprendizagem. Ainda que a integração na equipa assistencial seja o mais importante, a contemplação de tempo dedicado ao ensino deve ser uma preocupação dos serviços que recebem estudantes de Medicina.

Para se fazer bem, é necessário saber. Além do entusiasmo e do conhecimento, é fundamental a formação em “como ensinar” (Fig. 1). Torna-se necessário investir na aquisição de competências em modelos e métodos de ensino e tutoria,1,3) resultados de aprendizagem e avaliação, numa era de recursos tecnológicos e conexões globais.

Figura 1: O papel do internista no ensino medico pre-graduado. 

É curiosa a sobreposição da etimologia da palavra uni-versidade com a legis artis da Medicina Interna. A palavra “universidade”, de origem latina (“Universitas”), significa “universalidade, conjunto, totalidade”; o vocábulo latino formado por “unus” e “verto”, refere-se ao conceito de unidade, “tornar em um”. O internista é, por excelência, o médico agregador dos múltiplos problemas do doente no seu todo individual. Assim, o papel da Medicina Interna no Ensino faz tanto sentido quanto o objetivo de tornar os alunos em médicos mais completos.

REFERÊNCIAS

1. Waljee JF, Chopra V, Saint S. Mentoring Millennials. JAMA. 2020;323:1716-7. doi: 10.1001/jama.2020.3085. [ Links ]

2. SPMI.pt [homepage na Internet]. [consultado 1 Ago 2021]. Disponível em https://www.spmi.pt/eimi-centro-de-ensino-e-invest. [ Links ]

3. Waljee JF, Chopra V, Saint S. Mentoring Millennials. JAMA. 2018;319:1547-8. doi: 10.1001/jama.2018.3804. [ Links ]

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