SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.29 número2O Caso das Doenças RarasDoença de Gaucher e Terapêutica Enzimática de Substituição: Casuística de um Serviço índice de autoresíndice de assuntosPesquisa de artigos
Home Pagelista alfabética de periódicos  

Serviços Personalizados

Journal

Artigo

Indicadores

Links relacionados

  • Não possue artigos similaresSimilares em SciELO

Compartilhar


Medicina Interna

versão impressa ISSN 0872-671X

Medicina Interna vol.29 no.2 Lisboa jun. 2022  Epub 01-Set-2022

https://doi.org/10.24950/rspmi.630 

Página do Presidente

Os 70 Anos e o Futuro da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna

The 70 Years and the Future of the Portuguese Society of Internai Medicine

1Presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna, Lisboa, Portugal


No passado dia 14 de dezembro a Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI) comemorou os seus 70 anos. A SPMI é, atualmente, uma das maiores e mais antigas sociedades médicas portuguesas, atualmente com cerca de 3000 sócios. Tem uma história rica, carregada de significado, com períodos de extrema notoriedade.

A história da SPMI começou em 14 de dezembro de 1951, aquando da aprovação dos seus estatutos. A 17 de Julho de 1952 teve lugar a primeira Assembleia Geral durante a qual foi eleita a Direcção, presidida pelo Professor Mário Moreira. Foi uma época áurea para a Medicina Interna, com prestigiados membros que a elevaram ao mais alto patamar, demonstrando a sua essencialidade e, já então, o seu papel agregador. Desde logo, a SPMI, definiu a sua vocação para "ver o doente como um todo" e compreendê-lo no "seu conjunto humano". Também foi afirmada a ambição de contribuir para o "progresso do conhecimento científico".

Igualmente, foi desde logo decidido criar uma revista e, em 1954, foi publicado o 1 º Boletim da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna, com tiragem anual, em protocolo com o Jornal do Médico.

Até 1963 a SPMI foi evoluindo através da orientação das direções seguintes, lideradas por conhecidos internistas, o Professor Augusto Vaz Serra e o Professor Cerqueira Gomes.

Nos 20 anos seguintes, a SPMI passou um tempo de menos visibilidade, com menor atividade científica e a realização de muito poucas reuniões, das quais não existem sequer registos. Em 1963 foi publicado o último Boletim, contendo as comunicações apresentadas num colóquio sobre cancro que se realizara um ano antes.

Em 1983 realizaram-se, finalmente, novas eleições para a Direção da SPMI, onde foi eleito como Presidente o Pro­fessor Armando Ducla Soares e, em março do ano seguinte, tiveram lugar as 1ª Jornadas da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna em que foram amplamente discutidas as "Perspetivas atuais da Medicina Interna", tema que ainda hoje continua a ser de grande atualidade para os internistas.

Foi nessa época que se iniciou a separação das subespecialidades médicas a partir da grande especialidade base, a Medicina Interna, com a desagregação em especialidades de órgão ou sistema. De notar que esta fragmentação esteve, desde então, bem presente como uma preocupação, sendo que a Medicina Interna se deve considerar o baluarte da integração. Como considerava Gomes de Oliveira, Secretário-Adjunto da SPMI em 1952-54," ... a Medicina Interna é como uma escada interior que liga os diferentes andares e os corredores dos vários pisos que constituem o edifício da medicina ... ".

Esta preocupação de uma eventual fragmentação da Medicina Interna, nota-se nas direções seguintes lideradas pelo Professor Cerqueira Magro e, posteriormente, pelo Professor Armando Porto, sendo que nas reuniões anuais foram tratados temas como "O âmbito atual da Medicina Interna", "Medicina Interna e especialidades: que espaço?", "O sentido e a necessidade da Medicina Interna na vida hospitalar" ou "O presente e o futuro da Medicina Interna".

Em 1990 realizou-se o 1 º Congresso Nacional de Medicina Interna e, em 1991, foi em Lisboa o XIº Congresso da AEMIE, a Associação Europeia de Medicina Interna. Começaram as relações e contactos internacionais da SPMI.

Em 1991 realizaram-se eleições para uma nova direção cujo Presidente foi o Dr. Barros Veloso. Durante este mandato, foi feito o lançamento da Revista de Medicina Interna. Nesta época, o número de sócios era já de 800.

Depois desta data, a SPMI tem crescido de forma exponencial. Todas as direções eleitas desde então têm sabido juntar valor acrescentado à SPMI e à Medicina Interna portuguesa que é hoje um exemplo das boas práticas a nível nacional e, também, internacional. As diferentes direções foram sucessivamente presididas por: Professor Levi Guerra, Dr. Santana Maia, Dr. Luís Dutschmann, Dr. Soares de Sousa, Professor Fernando Santos, Dr. Faustino Ferreira, Dr. Carlos Dias, Dr. Ávila Costa, Dr. Martins Baptista, Dr. Rodrigues Dias, Professor M. Teixeira Veríssimo, Dr. Luís Campos e Dr. João Araújo Correia.

Nestes últimos 30 anos, a SPMI, consolidou e moder­nizou os seus estatutos, viu crescer a Revista de Medicina Interna, organizou os seus Congressos anuais, sendo que em 2021, apesar das restrições da pandemia, estiveram presentes 1783 participantes e houve mais 521 inscrições online, dinamizou a formação e as atividades dos diversos núcleos de estudo, que atualmente são 21, fortaleceu as suas redes internacionais, nomeadamente, com a Federação Europeia de Medicina Interna (EFIM) e a Sociedade Espanhola de Medicina Interna (SEMI) e impôs-se como a sociedade científica que tem sempre, através dos seus membros, a sua opinião ouvida e respeitada a nível dos órgãos decisores. Muitos internistas têm assento em comissões decisoras das políticas da saúde em Portugal, outros desempenham lugares de coordenação a nível internacional em sociedades científicas ou na EFIM em diversos grupos de trabalho como coordenadores ou membros ativos.

A Sociedade Portuguesa de Medicina Interna, atualmente e no futuro, continuará a crescer. Os Núcleos de Estudo são uma fonte de inspiração e grande dinamismo, organizam as suas reuniões anuais de excelente qualidade científica, constroem linhas de orientação clínica e indicações para aconselhamento dirigidas à população e organizam ações de formação temáticas. O Centro de Formação (FORMI) organiza também diversos cursos de formação, uma Escola de Verão dirigida aos Internos de Medicina Interna (EVERMI) que já vai na sua 13ª edição e, iniciou este ano, o ano dedicado aos Orientadores de Formação, a 1 ª Escola de Formadores em Medicina Interna (EForMI). A SPMI, organiza anualmente a Festa da Saúde, onde o público em geral fica a conhecer cada vez melhor a Medicina Interna e o seu papel nos hospitais e fora deles na defesa da saúde. Igualmente, a SPMI organiza, todos os anos, uma reunião de todos os Núcleos da Sociedade e outra dos Diretores de Serviço e dos Orientadores de Formação.

Para nós, internistas, a Sociedade Portuguesa de Medicina Interna é a nossa casa e temos um imenso orgulho na sua História, que suporta aquilo que é hoje e será no futuro a Medicina Interna em Portugal, a especialidade nuclear no hospital, sempre na linha da frente de muitas batalhas. 1-3

REFERÊNCIAS

1 . Veloso B. Para a História da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna. Med lntern. 1994; 1 :52-61. [ Links ]

2. Sociedade Portuguesa de Medicina Interna. Medicina lnterna - A Visão Global do Doente. Lisboa: SPMI; 2016. [ Links ]

3. Domingues ME. A Missão de Cuidar. Lisboa: Parsifal; 2021 [ Links ]

1Responsabilidades Éticas Confiitos de Interesse: Os autores declaram não possuir confiitos de interesse. Suporte Financeiro: O presente trabalho não foi suportado por nenhum subsidio o bolsa ou bolsa. Proveniência e Revisão por Pares: Comissionado; sem revisão externa por pares. Ethical Disclosures Confiicts of lnterest: The authors have no confiicts of interest to declare. Financial Support: This work has not received any contribution grant or scholarship. Provenance and Peer Review: Commissioned; without externa! peer review.

2© Autor (es) (ou seu (s) empregador (es)) e Revista SPMI 2022. Reutilização permitida de acordo com CC BY-NC. Nenhuma reutilização comercial. © Author(s) (or their employer(s)) and SPMI Joumal 2022. Re-use permit­ted under CC BY-NC. No commercial re-use.

Recebido: 19 de Abril de 2022; Aceito: 19 de Abril de 2022

Creative Commons License Este é um artigo publicado em acesso aberto sob uma licença Creative Commons