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Medicina Interna

versão impressa ISSN 0872-671X

Medicina Interna vol.29 no.3 Lisboa set. 2022  Epub 15-Nov-2022

https://doi.org/10.24950/rspmi.930 

Editorial

O Artigo de Revisão

Review Articles

1Editor-Chefe, Revista Portuguesa de Medicina Interna, Lisboa, Portugal

2Hospital da Luz, Lisboa, Portugal


Neste número 03/2022 da Medicina Interna são publicados 3 artigos de revisão: - Cuidados Paliativos no Domicílio: Vias Alternativas para a Administração de Fármacos,1 Tratamento da Insónia no Doente Idoso Hospitalizado2 e Hipertensão Arterial na Mulher Grávida.3

Os temas dispensam qualquer consideração acerca da sua relevância, e visam dotar o clínico prático com ferramentas de aplicação frequente, particularmente no campo da terapêutica.

Mas qual o conceito de artigo de revisão? Trata-se, no fundo, de um escrutínio crítico da literatura técnica de qualidade analisando temas específicos na etiologia, na epidemiologia, na fisiopatologia, no diagnóstico, na terapêutica e na reabilitação de doenças. Para além de um objectivo deactualização à luz do conhecimento mais recente e consistente, o artigo de revisão pode identificar tendências e produzir avaliação crítica nos campos da investigação e do exercício profissional. São publicações autónomas elaboradas com base em trabalhos publicados não integrando dados da prática ou de iniciativas de investigação dos seus autores.

Devem ser iniciados com uma pergunta ou questão que pode ser integrada numa introdução, são enriquecidos pela exposição do material e métodos (critérios de escolha, inclusão e exclusão de artigos), a exposição do tópico selecionado, uma discussão breve seguida das conclusões úteis que respondam à questão inicial. Uma boa lista de referências bibliográficas válidas é fundamental e confere solidez científica ao tema explorado e exposto.4,5

Tentando simplificar algo que tem vindo a crescer de complexidade os artigos de revisão podem classificar-se em dois grupos: revisão narrativa e revisão sistemática.

Por revisão narrativa entende-se aquela que descreve (e eventualmente discute) o estado da arte de um determinado tema. É uma espécie de monografia menos exigente processualmente (pode não requerer material e métodos) e cientificamente. A selecção das fontes é informal e aconselha-se que a discussão de dados configure um texto corrido, uma espécie de prosa, não se aceitando uma colagem simplificada de citações.

A scoping review (designação que não tem uma tradução clara para português) é um figurino que se pode considerar derivado da tipologia narrativa. Terá aplicação na averiguação de temas extensos, heterogéneos, frequentemente pouco escrutinados, agregando os recursos bibliográficos disponíveis sendo menos exigente na selecção e na avaliação da qualidade das fontes. É considerada, por muitos investigadores e autores, como etapa prévia de uma revisão sistemática.6

Uma revisão sistemática é uma avaliação rigorosa da literatura acerca de um tema bem definido. Exige que o desenho do estudo seja protocolado, respeitando as orientações PRISMA.7 Deve iniciar-se com uma pergunta de investigação clara, definir os métodos de pesquiza de trabalhos (publicados ou não publicados), critérios de inclusão e exclusão, avaliação da qualidade dos escritos, dados selecionados, sua análise e conclusões. Este tipo de revisão deve ser depositada em registos de fiabilidade reconhecida que podem conferir visibilidade: Cochrane Collaboration, PROSPERO (este um registo de acesso livre).

São reconhecidos 3 tipos de revisão sistemática: Qualitativa, Quantitativa e Meta-Análise. Nas revisões sistemáticas qualitativas os resultados de estudos importantes são apresentados não sendo objecto de intervenções de combinação estatística. Nas revisões quantitativas, pelo contrário, são empregues métodos de análise estatística que envolvem pelo menos dois estudos.

Na meta-análise o processo é mais sofisticado exigindo o emprego de metodologia estatística que permita integrar os resultados de estudos semelhantes, sendo possível ou não a extracção de uma conclusão.6

Reconhece-se a popularidade dos artigos de revisão, empregues como síntese actualizada de conhecimento e prática, que nenhuma publicação de prestígio dispensa.

A Medicina Interna não tem sido excepção não se escondendo, porém, o objectivo de acolher trabalhos integráveis na tipologia da revisão sistemática.

REFERÊNCIAS

1. Brito S, Bertão M, Freire E. Cuidados Paliativos no Domicílio: Vias Alternativas para a Administração de Fármacos. Rev Soc Port Med Interna. 2022;29: 207-14. doi: 10.24950/rspmi.43 [ Links ]

2. Távora C, Silva J, Alves M, Fonseca T, Paiva T. Tratamento da Insónia no Doente Idoso Hospitalizado. Rev Soc Port Med Interna. 2022;29: 215-20. doi: 10.24950/rspmi.458 [ Links ]

3. Cunha V, Silva PM. Hipertensão Arterial na Mulher Grávida. Rev Soc Port Med Interna. 2022;29: 221-31. doi: 10.24950/rspmi.537 [ Links ]

4. Madjunder K. A Young Researcher’s Guide to writing a Literature Review; 2015. [consultado em Agosto 2022] Disponível em :Disponível em :https://www.editage.com/insights/a-young-researchers-guide-to-writing-a-literature-reviewLinks ]

5. Pharmacy: Types of Review Articles (Literature, Scoping and Systematic, Research Guides, University of Waterloo; 2022. [consultado em Agosto 2022] Disponível em :Disponível em :https://subjectguides.uwaterloo.ca/c.php?g=695509&p=4933476Links ]

6. Xiao Y, Watson M. Guidance on Conducting a Systematic Literature Review. J Plann Educ Res. 2019; 39: 93-112. doi:10.1177/0739456X17723971 [ Links ]

7. Page MJ, McKenzie JE, Bossuyt PM, Boutron I, Hoffmann TC, Mulrow CD, et al. The PRISMA 2020 statement: an updated guideline for reporting systematic reviews. BMJ. 2021;372:n71. doi: 10.1136/bmj.n71. [ Links ]

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