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Medicina Interna

versão impressa ISSN 0872-671X

Medicina Interna vol.30 no.2 Lisboa jun. 2023  Epub 01-Jul-2023

https://doi.org/10.24950/rspmi.2069 

Editorial

A Vida de um Médico

The Life of a Medical Doctor

1Serviço de Urgência e Unidade de Cuidados Intermédios, Hospital de Braga, Braga, Portugal


A vida de um Médico é repleta de acontecimentos marcantes: desde a primeira aula de anatomia até o Juramento de Hipócrates, passando pela primeira noite “sozinho” num Serviço de Urgência, até o primeiro elogio de um doente quando melhora e que contrasta com o falecimento inesperado de outro.

A vida de um Médico tem dado para fazer tantas novelas, romances e dramas, que é difícil encontrar em outras práticas profissionais tanto manancial que alimente a escrita narrativa como na prática da medicina. Isto vem desde os tempos da antiguidade.

Mas há algo que permeia a vida de um Médico e que é muito moderno. Permeia de tal maneira que nem damos por ela, é como se fosse um ruído de fundo que pela monotonia já não nos impressiona. Como médicos somos assombrados por uma quantidade de informação científica que a cada fração de tempo aumenta de tal forma que um ser humano não pode abarcar.

Desde que foi editada a primeira publicação científica no século XVII, estima-se que atualmente temos ao nosso dispor mais de 30 000 publicações do foro científico, que no seu conjunto lançam mais de 2 000 000 de artigos por ano. Ler no papel é cada vez mais a exceção, e os conteúdos digitais são a norma, o que torna este crescimento de nível cosmológico.

Onde se posiciona a nossa Revista Medicina Interna (RPMI) neste Universo Editorial? Porquê ler a nossa revista? As questões são quase cosmológicas, pelo que temos que ir aos princípios da RPMI para as responder.

O primeiro editorial da RPMI, assinado pelo Dr. Barros Veloso, fala nas principais razões que fundamentaram a sua criação.1 Foi editado no volume de Abril/Junho de 1994, portanto fazendo agora 29 anos. Enumero aqui as razões em 4 pontos:

  1. “(...) existindo hoje em Portugal um elevado número de internistas que resistiram à atração das subespecialidades médicas e que participam ativamente em congressos e jornadas, parecia ter chegado o momento oportuno para criar um espaço editorial onde poderiam publicar a sua produção científica.”

  2. “(...) entendemos que uma revista médica deve ter também, pelo seu estilo de atuação, um importante papel pedagógico.”

  3. “(...) através de uma posição editorial exigente pretende-se exercer, desde já, uma função corretora no sentido de melhorar a qualidade da produção científica dos portugueses”.

  4. “A revista ‘Medicina Interna’ estará, pois, aberta aos artigos de opinião, pretendendo estimular o debate e atrair a colaboração de todos os médicos, independentemente da sua área de especialidade.”

Neste intervalo de tempo desde 1994, pelos números acima descritos, foram publicados artigos que em número ultrapassam os 6 dígitos, o que contrasta e torna mais espetacular, que os princípios fundamentais da RPMI lançados há quase três décadas estejam ainda presentes.

É assim com muita honra que me apresento como Editor-Chefe da RPMI, e vou aos princípios da sua fundação porque honestamente creio que são esses os que nos devem orientar. Mantive a maioria do corpo editorial do legado do meu antecessor em continuidade e não em disrupção. Porque o trabalho é de continuidade desde o princípio da RPMI.

Continuidade dá uma ideia de movimento e persistência das características de um dado contexto. Espero não entrar em paradoxo, mas isto não impede que se continue e que se cresça, e se continue com mudança. Queremos aumentar a indexação, melhorar os tempos de resposta aos autores, sem perder o rigor e a qualidade científica. Não é fácil. As estruturas de publicação internacionais sobejamente conhecidas no mundo médico, possuem recursos gigantescos, com os quais eu diria é irracional competir. Por outro lado, não deixaremos de crescer também acompanhando as novas tendências. A criação dos Podcasts é um exemplo. O risco de que estou ciente e trabalharei para o contrariar é o de entrar em crescimento não sustentado. No entanto, temos um recurso precioso - o humano dos nossos internistas. A nossa revista é o órgão oficial da Sociedade Portuguesa de Medicina Inter-na e daí não se pode dissociar dos seus sócios. Publicar na nossa Revista tem que ser algo que nos orgulhe. E não ficarmos fechados. A RPMI tem que ser algo que nos ensine, e que ensine outros na sua Vida de Médico.

Saliento a diversidade de tipologias de publicação que a RPMI apresenta, que fazem dela uma revista de nível Internacional. Faz sentido continuar a insistir na publicação numa revista médica portuguesa, com uma expressão relativamente pequena na literatura internacional? Tenho a forte convicção de que o crescimento de publicações a nível mundial, apesar de vir com um risco de publicação de material não significante, permite por outro lado a publicação de material genuíno da prática real, e democratiza o acesso a informação científica. E aqui não posso deixar de referir algo que é inigualável e que a RPMI pode ajudar a livremente expressar - a comunidade de médicos de língua portuguesa.

Queremos fazer as coisas com passos seguros no percur-so da vida de um médico.

REFERÊNCIAS

1. Barros Veloso. Editorial. Med Interna. 1994; 1: 5. [consultado Abril 2023] Disponível em: https://revistami.spmi.pt/site/revista_detalhe. php?id=44&lingua=ptLinks ]

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