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Medicina Interna

versão impressa ISSN 0872-671X

Medicina Interna vol.30 no.2 Lisboa jun. 2023  Epub 01-Jul-2023

https://doi.org/10.24950/rspmi.2070 

Editorial

Medicina Interna: No Centro da Investigação

Internal Medicine: At the Heart of Research

1Editor Associado, Revista Portuguesa de Medicina Interna, Lisboa, Portugal

2Hospital de Braga, Braga, Portugal

3Escola de Medicina da Universidade do Minho, Braga, Portugal


A investigação científica em Medicina Interna tem de ser encarada como a consequência natural do trabalho e qualidade prestada pela nossa especialidade, diariamente, nos hospitais ou nos mais diversos contextos em que ela atua. Faz-se melhor medicina fazendo boa investigação; faz-se boa investigação clínica se mantivermos uma atividade médica contínua, atualizada e suportada pela boa qualidade do registo clínico e agregando dados em bases de dados seguras e validadas.

À Medicina Interna e à sua formação basilar, todos os dias devemos questionar o que podemos aprender mais para enriquecermos e tornarmo-nos mais seguros na nossa prática clínica diária. A utilização da tecnologia de informação e análise de dados, a compreensão e aplicação dos fundamentos da estatística, o conhecimento dos princípios fundamentais da investigação científica - entre outras - são aptidões que todos devemos adquirir e certificarmos. Se no limite não for facilmente entendível como aplicar diariamente estes conhecimentos, todos reconhecemos que a leitura e interpretação crítica de toda a literatura científica que nos chega diariamente, merece esse conhecimento. Numa perspetiva ainda mais otimista, e voltando ao princípio de que devemos ser nós próprios a produzir ciência - doentes e boas perguntas científicas nunca nos faltarão - para praticarmos melhor medicina, vê-se assim reforçada esta necessidade de formação diversificada.

Esta edição da revista da SPMI é prova viva deste entendimento, já sobejamente generalizado, mas sempre bom de recordar, entre nós. No âmbito dos artigos de investigação ressalto o tema do risco de desenvolvimento de lesão renal aguda na pneumonia adquirida na comunidade1 e a criação de um modelo clínico probabilístico de avaliação de risco. Também aconselho a excelente análise de preditores de desfecho clínico no doente idoso internado no serviço de Medicina Interna.2 A análise subjacente a excelentes e pertinentes perguntas científicas colocadas pelos autores resultam em resultados de vida real, aplicáveis ao nosso dia a dia. E isto é extraordinaria-mente importante para a melhoria das estratégias de cuidados a aplicar nos nossos doentes.

Um artigo de revisão sobre congestão venosa e o estado da arte da sua avaliação por ultrassonografia Point-of-Care,3 ilustra-nos bem como a Medicina Interna utiliza e estuda os fundamentos da fisiopatologia, no caso da hipertensão venosa, para melhor entender o que a técnica e os exames nos podem mostrar - e de uma valência (ultrassonografia Point-of-Care) que também já é nossa.

Na base de tudo isto está sempre a formação. O processo mais ao menos disciplinado de programar e apreender novo conhecimento deve seguir uma lógica de organização tutorial, temporal e dos conteúdos. Tudo isto em função de objetivos. Isto aplica-se ao desenho do internato em Medicina Interna; como se pode aplicar ao desenho dos conteúdos a lecionar no âmbito da Medicina Interna nas nossas escolas médicas. Pode-se ainda aplicar a cursos de pós-graduação. O pensamento sobre a própria formação e quem forma; eventualmente como forma - foi mais uma vez sujeita a pensamento na nossa especialidade. O Núcleo de Estudos de Formação em Medicina Interna (NEForMI) promoveu um workshop sobre o tema e produziu um artigo extraordinariamente valioso4 e que pode vir a reformar alguns procedimentos.

Finalmente, e na linha deste pensamento, ressalto os objetivos que o serviço de Medicina Interna do Hospital Dr. José Maria Grande - Portalegre5 em integrar formação pré-graduada em Medicina. Aqui, como nos demais serviços em que esta já é a norma, percebe-se que os ciclos formativos se interlaçam uns com os outros e que daqui advêm uma melhor Medicina Interna.

Uma excelente leitura.

REFERÊNCIAS

1. Teles C, Magalhães A, Costa D T, Barra C, Silva L A, Albuquerque F, et al. Fatores associados a lesão renal aguda na pneumonia adquirida na comunidade: desenvolvimento de um modelo clínico probabilístico. Med Interna. 2023;30:73-80. doi.org/10.24950/rspmi.1401 [ Links ]

2. Lopes C J, Amaro M, Veríssimo T M. Preditores de outcome em idosos inter-nados em medicina interna. Med Interna. 2023;30:81-8. doi.org/10.24950/rspmi.1515. [ Links ]

3. Vazquez D, Arroja S, Cruz G S, Santos F I, Chen T Y. Avaliação da conges-tão venosa por ultrassonografia point-of-care: estado da arte. Med Interna. 2023;30:114-21. doi.org/10.24950/rspmi.1966 [ Links ]

4. Oliveira F J, Costa M J, Casimiro J H, Ferreira T, -Baptista M A, Santos L. O que mudo no Serviço para Melhorar a Formação. Med Interna. 2023;30:122- [ Links ]

5. Lavadinho I. A Medicina Interna do Hospital Dr. José Maria Grande. Med Interna. 2023;30:69-72. doi.org/10.24950/rspmi.1933 [ Links ]

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