Não cabe ainda no último número do ano fazer balanços, mas é o último número de 2023 e não posso escamotear a grave crise que atravessamos no SNS. Não vínculo estas linhas a qualquer posição oficial da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna. Mas não posso deixar de falar como Editor-chefe de uma Revista Generalista de Medicina, como a Revista Portuguesa de Medicina Interna o é, e que pugna, desde a sua fundação, pela divulgação da produção científica dos Médicos Portugueses. E nesta altura, mais do que noutros estados de contingência, essa produção científica vê-se tão ameaçada. A responsabilidade de manter rigor científico nas publicações mantém-se, no entanto, a produtividade de artigos originais bem como de artigos de outras tipologias (cartas ao editor, pontos de vista), diminui quando a profissão se vê acossada de trabalho assistencial em condições limite, e de onde advém o desânimo e tudo o que ele acarreta.

Não vou entrar em discursos estéreis de que se hoje tivesse que escolher a especialidade voltaria a escolher Medicina Interna como há 20 anos (no meu caso). Sou Internista agora com orgulho e determinação, e não é repetindo ad eternum a minha escolha que quero inspirar jovens médicos que agora constroem a sua carreia profissional.

Abrir assim este número é o meu desígnio e missão de não baixar os braços perante dificuldades e cumprir com o trabalho que permita o crescimento sustentado da revista Medicina Interna. Somos todos parte da solução do problema e da parte que toca à revista Medicina Interna, criando condições de publicação, trabalhando na sua maior visibilidade, ajuda os Internistas a valorizarem-se. E não só Com muita honra apresento-vos os novos elementos da equipa editorial, que merecem um destaque, pois são colegas Internistas de outros países: a Ana Cláudia Tonelli (Universidade do Vale dos Sinos, UNISINOS, São Leopoldo, Brasil) a Laura Fuchs Bahlis (Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Brasil), a Flávia Kessler Borges (Department of Medicine, McMaster University, Canadá) e o Marco Alba (Hospital Universitário Mútua Terrassa, Barcelona, Espanha). São Médicos Internistas e Investigadores, na Espanha, no Canadá e no Brasil e do que já tenho conversado com os colegas há algo de tão fascinante na Medicina, que passa pela partilha de um conhecimento Universal do Cuidar de Doentes, e da necessidade do modelo do generalismo no ambiente atual da hiper-especialização.¹ Não tenho dúvidas que os nossos colegas “estrangeiros” irão contribuir imenso para o crescimento sustentado da revista Medicina Interna.

Daí que, para acompanhar este crescimento, tenho que prestar um agradecimento profundo, em nome de toda a equipa editorial da revista Medicina Interna, a todos os autores, revisores e profissionais de apoio editorial da SPMI e seus colaboradores, por garantirem que a revista Medicina Interna contribui com a sua parte na dignificação e aumento do conhecimento da Medicina, mesmo em tempos difíceis para a sua prática.