SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.17 número3Tratamento pelo zinco na fase neurológica da doença de Wilson numa mulher com dois fetos com agenesia do corpo calosoEsofagite eosinofílica índice de autoresíndice de assuntosPesquisa de artigos
Home Pagelista alfabética de periódicos  

Serviços Personalizados

Journal

Artigo

Indicadores

Links relacionados

  • Não possue artigos similaresSimilares em SciELO

Compartilhar


Jornal Português de Gastrenterologia

versão impressa ISSN 0872-8178

J Port Gastrenterol. v.17 n.3 Lisboa maio 2010

 

Esofagite química associada ao uso de ácido alendrónico

Chemical esophagitis due to alendronate use

 

Pedro Monsanto, Clotilde Lérias, Francisco Portela, Hermano Gouveia, Maximino Correia Leitão

Serviço de Gastrenterologia – Hospitais da Universidade de Coimbra

Correspondência

 

CASO CLÍNICO

Mulher de 52 anos com dor retroesternal tipo queimadura de instalação aguda, odinofagia severa e disfagia. Mencionava medicação diária com ácido alendrónico (Foamax®) para tratamento de osteoporose pós-menopausa. A endoscopia digestiva alta mostrou duas zonas, aos 28 e 25 cm da arcada dentária, nas quais existiam quatro áreas ulceradas ocupando os quatro quadrantes do esófago recobertas por exsudado de tipo pseudo-membranoso, correspondentes a necrose da mucosa (Fig. 1). As biópsias revelaram lesões de esofagite ulcerada, com inflamação activa do epitélio malphighiano e tecido necro-inflamatório e de granulação, mas sem células gigantes multinucleadas, nem material estranho cristalino à luz polarizada.

 

Fig. 1. Aspecto endoscópico da mucosa esofágica.

 

A esofagite induzida por fármacos tem sido descrita há muitos anos, conhecendo-se várias substâncias (quinidina, potássio, derivados das tetraciclinas) capazes de causar lesões esofágicas pelo contacto prolongado com a mucosa ou por alteração das suas condições locais1,2. Apesar da toma frequente de bifosfonatos os efeitos secundários gastrointestinais relacionados com o uso de ácido alendrónico são pouco frequentes e as lesões esofágicas raras3. No entanto, quando ingeridos de maneira incorrecta, poderão constituir uma causa raras de esofagite, por vezes com lesões ulceradas graves com desenvolvimento de estenoses pós-inflamatórias4. O diagnóstico diferencial deverá incluir a esofagite vírica (citomegalovírus ou herpes simplex), fúngica (Candida) e bacteriana.

 

REFERÊNCIAS

1. Castell DO. “Pill esophagitis” - The case of alendronate. N Engl J Med 1996; 335:1058-1059.         [ Links ]

2. Kikendall JW, Friedman AC, Oyewole MA, et al. Pill-induced esophageal injury. Case reports and review of the medi­cal literature. Dig Dis Sci 1983;28:174-182.

3. De Groen PC, Lubbe DF, Hirsch LJ, et al. Esophagitis associated with the use of alendronate. N Engl J Med 1995;335: 1016-1021.

4. Ryan JM, Kelsey P, Ryan BM, et al. Alendronate-induced esophagitis: case report of a recently recognized form of severe esophagitis with esophageal stricture – radiographic features. Radiology 1998;206:389-391.

 

Correspondência: Pedro Monsanto Guimarães Marques, Hospitais da Universidade de Coimbra, Serviço de Gastrenterologia. Av. Bissaya Barreto – Praceta Prof. Mota Pinto. 3000-075 Coimbra; E-mail: pedromonsanto@gmail.com; Tel.: +351 239 400 400.

 

Recebido para publicação: 01/10/2009 e Aceite para publicação: 23/11/2009.