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Jornal Português de Gastrenterologia

Print version ISSN 0872-8178

J Port Gastrenterol. vol.18 no.2 Lisboa Mar. 2011

 

SPED - O Balanço de um Mandato

Portuguese Society of Digestive Endoscopy - The Balance of a Term

 

Isabelle Cremers1

1Presidente da Sociedade Portuguesa de Endoscopia Digestiva(SPED); Serviço de Gastrenterologia, Centro Hospitalar de Setúbal - Portugal. Email: cremers.tavares@hotmail.com.

 

O biénio 2009-2011, durante o qual decorreu o mandato da Direcção da SPED que cessa funções no próximo dia 1 de Junho, foi palco de alterações que afectaram profundamente o panorama da Gastrenterologia nacional.

Por um lado, factores económicos vieram condicionar iniciativas habitualmente consideradas como facilmente exequíveis, como a organização de Congressos, o fácil acesso à formação pós-graduada, dentro e fora do país, incluindo apoio a estágios especializados, a distribuição gratuita a todos os sócios da revista Endoscopy, o apoio e o financiamento da investigação, a campanha em prol da implementação de um programa nacional de rastreio do cancro do cólon e recto, etc. Estes condicionalismos levaram-nos a procurar formas alternativas na área da formação, como, p. ex., a transmissão em directo do Endoclub Nord para a nossa sede, que permitiu rentabilizar recursos. Uma outra iniciativa foi a realização do Curso de Pós-Graduação em Endoscopia Digestiva em conjunto com a Semana Digestiva 2011, procurando assim congregar esforços e meios para uma Reunião Nacional de âmbito mais alargado.

Por outro lado, o descontentamento e falta de motivação na classe médica, com as consequentes reformas antecipadas, vêm decapitar Serviços, retirando-lhe os seus profissionais mais diferenciados e responsáveis pela sua organização e gestão e pela formação dos especialistas mais jovens e internos. Sendo que o número de gastrenterologistas tem sido sempre cerca de metade do que seria realmente necessário de acordo com os rácios aceites, que foram sumarizados na publicação “Rede de Referenciação Hospitalar em Gastrenterologia”, faltam-nos recursos para desenvolver algumas das acções que consideramos necessários em prol dos objectivos a que nos propomos. Um exemplo foi o desafio que a Direcção da SPED lançou recentemente, para a realização de um dia nacional dedicado ao rastreio do cancro do cólon e recto, que não foi possível operacionalizar dada a dificuldade dos Serviços em libertar recursos para essa acção.

O rastreio do cancro colorrectal foi, sem dúvida, um tema dominante deste biénio, num objectivo já abraçado pelas Direcções anteriores. Todos os esforços foram envidados para sensibilizar a população em geral, os médicos de família e as autoridades de saúde para a necessidade de promover, de forma organizada, o rastreio do cancro do cólon e recto de base populacional. Acções junto dos media, com entrevistas na rádio, TV (em alguns programas de grande visibilidade), jornais e revistas de grande tiragem, inserção de publicidade ao rastreio nestes meios de comunicação social, foram complementadas por campanhas em escolas, em locais públicos, nomeadamente em estádios de futebol, chegando a ter uma audiência de 60.000 pessoas!

A criação de um site dedicado à prevenção do cancro do cólon e recto dirigido no essencial ao grande público, como forma de alargar a intervenção da SPED nesta área, foi mais uma iniciativa desta Direcção – www.prevenirocancrodointestino.com.

Foi criado um Prémio SPED, com periodicidade anual, para premiar o melhor trabalho de jornalismo divulgado na imprensa escrita e na rádio/TV, sobre o cancro colorrectal. O projecto, concluído, de uma tenda insuflável para realização de uma campanha itinerante em locais de grande afluência de público, nomeadamente grandes superfícies comerciais, não viu a sua concretização neste mandato – fica preparado, afim de ser utilizado pelas próximas Direcções, caso haja motivação nesse sentido.

Em representação da SPED, fui recebida, conjuntamente com a Drª Anabela Pinto, pela Drª Maria Cavaco Silva. O objectivo

dessa audiência foi sensibilizá-la para este problema, nomeadamente para a incidência e mortalidade crescentes do cancro colorrectal e para a necessidade de se implementar o seu rastreio. As tentativas de sensibilização das Autoridades de Saúde, que foram múltiplas, não encontraram, por parte das mesmas, a resposta que uma Sociedade Científica deveria merecer.

Face à progressão dos índices do cancro colorrectal, as iniciativas locais/individuais e os projectos-piloto de âmbito regional, como o desenvolvido no Centro do país ou o dinamizado pela SPED em 8 Hospitais, têm de ser rapidamente complementados por um programa nacional de base populacional.

Durante o mandato da actual Direcção, foram vários os eventos de formação pós-graduada organizados e apoiados pela SPED: a disponibilização aos sócios de duas edições do Endoclub Nord, as Jornadas Luso-Galaicas, as acções de formação dirigidas a internos de Gastrenterologia com utilização do simulador, os serões de Gastrenterologia, a organização e patrocínio de cursos, congressos e simpósios dirigidos a internos de Gastrenterologia, de

Anatomia Patológica e de Pediatria e a especialistas de Medicina Geral e Familiar, etc. A sede foi, novamente, rentabilizada, com a realização de alguns destes eventos. Foi possível apoiar estágios de internos de Gastrenterologia em Serviços de elevada reputação de outros países permitindo-lhes não apenas contactar com outras técnicas, mas também com outras formas de organização e funcionamento. Foram, ainda, continuados os Cursos de Metodologia e Análise da Comunicação Científica (MACC), cujo interesse para a formação dos internos não é demais realçar. Mantiveram-se os prémios “Nós Lá Fora” e de Fotografia Endoscópica. Foi organizada, em conjunto com a ESGE, uma reunião de consenso sobre Guidelines for Assessment of Patients with Precancerous Conditions in Stomach (GAPPS) que irá ter lugar no Porto, em Junho de 2011.

Manteve-se o apoio à investigação, sob a forma de Bolsas, que foram atribuídas em 2010 e 2011, com o inestimável apoio da Nycomed. Durante este biénio foi revisto o regulamento da Bolsa de Investigação e esperamos vir a ter mais candidaturas nos próximos anos. Foi desenvolvido um projecto de análise da actividade endoscópica em Portugal, dirigido à endoscopia digestiva alta, cujos resultados serão apresentados em breve.

No campo das Relações Institucionais, deve ser realçado o excelente relacionamento com as Sociedades de Gastrenterologia, Associação Portuguesa para o Estudo do Fígado, Núcleo de Gastrenterologia dos Hospitais Distritais, Direcção do Colégio da Especialidade de Gastrenterologia, entre outras. No campo das Relações Internacionais, a SPED esteve superiormente representada pelo Prof. Mário Dinis Ribeiro, que integrava o Board da ESGE e foi eleito Chairman da sua Comissão de Educação e co-editor do Endoscopy, no qual já vinha a colaborar.

A actividade editorial da SPED manteve-se com a edição do Endonews, até ao seu trigésimo número, no final de 2010. A sua edição foi suspensa a partir desta data, por motivos económicos. A sua função de relacionamento com os médicos de família passará a fazer-se através do site da SPED, que se encontra em remodelação. Foram actualizadas as seguintes recomendações da SPED, que se encontram disponíveis para consulta no site: “Prevenção da hemorragia em doentes hipocoagulados ou antiagregados após técnicas endoscópicas electivas”, “Profilaxia antibiótica em endoscopia digestiva” e “Tratamento de doentes com hemorragia digestiva alta de causa não varicosa”.

Foi concluída a revisão dos Estatutos e a criação do Regulamento da SPED, que foram aprovados em Assembleia-Geral, em Junho de 2010. Em 2011, no cumprimento dos novos Estatutos, a Direcção da SPED vai propor a passagem de 130 membros associados para sócios efectivos, na Assembleia-Geral de Junho 2011.

Foi analisada a criação do Centro de Estudos e Investigação em Endoscopia, proposta pela Direcção anterior, quer na região Norte, quer na região Centro. A situação económica do país foi um dos factores que nos levou a adiar este projecto.

Projectos em curso incluem a criação de uma Check-list de segurança em Endoscopia Digestiva, a ser apresentada na Semana Digestiva 2011; a elaboração, em conjunto com a ANEED e outras individualidades ligadas ao controlo de infecção hospitalar, de uma Check-list de controlo de desinfecção em unidades de Endoscopia, que também deverá ser divulgada no mesmo evento; a organização, em conjunto com a Associação Nacional de Enfermeiros de Endoscopia Digestiva (ANEED), de um curso de formação especializada em endoscopia digestiva para enfermeiros, a ter lugar na zona Sul; o esforço conjunto com a SPG e a APEF, num trabalho liderado pelo Prof Rui Marinho, na indexação da revista GE-Jornal Português de Gastrenterologia; a revisão do regulamento do CEREGA, a cargo do seu responsável, Dr. António Curado, que poderá facilitar a vertente de investigação da SPED; a deterioração da sede de Lisboa, agravada por infiltrações importantes durante o período de Inverno, levou as direcções da SPG, SPED e APEF a avaliarem um conjunto de hipóteses de solução destes problemas.