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Jornal Português de Gastrenterologia

Print version ISSN 0872-8178

J Port Gastrenterol. vol.20 no.4 Lisboa July 2013

https://doi.org/10.1016/j.jpg.2012.11.003 

EDITORIAL

 

Os gastrenterologistas portugueses e a Europa

Portuguese gastroenterologist and Europe

 

Marie Isabelle Cremers

Serviço de Gastrenterologia, Hospital de São Bernardo, Setúbal, Portugal

Correio eletrónico: cremers_tavares@hotmail.com

 

No início de 2010 o GE-Jornal Português de Gastrenterologia publicou um editorial no qual se apresentava o trabalho desenvolvido e os objetivos da secção e do Board Europeu de Gastrenterologia e Hepatologia (designados em conjunto por EBGH)1. Pretende-se agora oferecer uma atualização sobre as atividades do EBGH.

Em 2012, foi concluída a atualização do Blue Book do EBGH, que pode ser consultado no site do EBGH www.eubog.org2. O Blue Book inclui os objetivos de trabalho do EBGH, o curriculum europeu de formação pós-graduada em gastrenterologia e hepatologia proposto pelo EBGH, programas para a formação sub (ou super) especializada em hepatologia, nutrição, oncologia e endoscopia de intervenção, para além de aspetos relacionados com a organização e locais apropriados para a formação de especialistas. Há cerca de 20 anos, quando o Blue Book foi elaborado pela primeira vez, constatou-se que os programas de internato complementar de gastrenterologia dos vários países europeus eram muito divergentes e diferentes do Blue Book. No decorrer dos anos tem-se verificado uma convergência desses programas de internato complementar.

Qual é a importância desta convergência e do Blue Book? A União Europeia (EU), na sua Diretriz 2005/36/EC, consagra a livre circulação de médicos na UE, segundo o conceito de «mercado livre». De facto, os colégios das várias especialidades de cada país são obrigados a inscrever colegas oriundos do estrangeiro e que pretendam estabelecer-se e trabalhar nesse país. Na realidade, cada vez mais se constata que o treino é diferente de país para país e muitos países atrasam o processo de reconhecimento em vários meses e até anos (caso da França, por exemplo) ou impõem um complemento formativo para poderem exercer no seu país (caso da Dinamarca, por exemplo). Portanto, na prática, o reconhecimento mútuo não é automático.

A UE, ao consciencializar a diferença nos programas de formação e a dificuldade de reconhecimento mútuo, com a evidente preocupação no que concerne à qualidade de cuidados médicos prestados aos doentes, está a rever a Diretriz 2005/36/EC. O papel do EBGH é aconselhar neste processo e propor um curriculum europeu de gastrenterologia uniformizado, ou seja, o Blue Book.

Nesta altura, a UE está a ir mais longe, não apenas procurando uniformizar programas de internato complementar, a fim de haver uma real equivalência entre especialistas de vários países, mas também através de processos de certificação transversais europeus, baseados numa plataforma on-line de registo de conhecimentos, obtenção de créditos de reuniões ou cursos frequentados, etc. O culminar deste processo será a concretização de um exame europeu da especialidade. Encontra-se em desenvolvimento este projeto, designado por On Line Improvement of Medical Performance in Europe (OLIMPE), que pode ser consultado no site da UEMS. A execução do projeto OLIMPE prevê um processo com duração de 3 anos e a proposta de um exame europeu em 2015. O EBGH está, nesta altura, envolvido numa parceria com o Royal College of Physicians para a adoção e recomendação à UE do exame final de especialidade de gastrenterologia que o Royal College of Physicians desenvolveu e tornou obrigatório este ano na Inglaterra.

Os gastrenterologistas portugueses não estão de todo alheados da perspetiva europeia. No início de 2010, altura em que foi publicado o editorial, já referido1, havia 4 especialistas portugueses com o título de Fellow of the European Board of Gastroenterology and Hepatology. Atualmente são umas dezenas a poderem incluir este título nos seus curriculum e outros documentos. No final de 2009 existia um centro português creditado pelo EBGH para formação de gastrenterologistas, o Hospital de Santa Maria. Em outubro de 2012, um segundo centro, o Centro Hospitalar do Alto Ave, obteve também esta creditação. Os internos formados nestes serviços, no final do internato, se o solicitarem, obtêm automaticamente o título de Fellow.

Pelo facto de ainda só existirem 64 centros creditados em toda a Europa, o EBGH decidiu prolongar até ao final de 2014 a possibilidade de obter, de forma retrospetiva, o título de Fellow. Convido, assim, todos os colegas a consultarem o site www.eubog.org2 e a submeterem a sua candidatura. Da mesma forma sugiro a todos os serviços com capacidade formativa que procurem obter a creditação pelo EBGH (podem fazê-lo de forma isolada ou em grupos regionais, por exemplo). Esta creditação poderá constituir um trunfo numa altura que é importante demonstrar a qualidade dos nossos hospitais na formação de especialistas e, logo, na qualidade dos cuidados médicos prestados aos doentes.

 

Bibliografia

1. Cremers MI. A Secção de Gastrenterologia da UEMS. J Port Gastrenterol. 2010;17:6-7.         [ Links ]

2. European Board of Gastroenterology and Hepatology. Disponível em: www.eubog.org.consultado em 2 Nov 2012.         [ Links ]

 

Responsabilidades éticas

Proteção de pessoas e animais. Os autores declaram que para esta investigação não se realizaram experiências em seres humanos e/ou animais.

Confidencialidade dos dados. Os autores declaram que não aparecem dados de pacientes neste artigo.

Direito à privacidade e consentimento escrito. Os autores declaram que não aparecem dados de pacientes neste artigo.

 

Conflito de interesses

Os autores declaram não haver conflito de interesses.