SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.13 número6A importância do estudo da difusão alvéolo-capilar, como complemento da pletismografia, na avaliação funcional de fumadoresTuberculose em profissionais de saúde de um serviço hospitalar índice de autoresíndice de assuntosPesquisa de artigos
Home Pagelista alfabética de periódicos  

Serviços Personalizados

Journal

Artigo

Indicadores

Links relacionados

  • Não possue artigos similaresSimilares em SciELO

Compartilhar


Revista Portuguesa de Pneumologia

versão impressa ISSN 0873-2159

Rev Port Pneumol v.13 n.6 Lisboa dez. 2007

 

Tromboembolismo pulmonar e asma de difícil controlo

 

Pulmonary embolism and difficult-to-treat asthma

 

Catarina Teles Martins1

Carlos Lopes2

Alda Manique3

Dolores Moniz3

Renato Sotto-Mayor3

A Bugalho de Almeida4

 

 

Resumo

O controlo da asma é um factor crucial na abordagem do doente: a mais recente actualização do GINA considera que uma “asma difícil de tratar” é uma asma para investigar. O não cumprimento da terapêutica, a DPOC concomitante, o tabagismo, a rinossinusite, o refluxo gastroesofágico e a obesidade são considerados os principais motivadores da asma difícil de controlar.

O presente trabalho teve por objectivo avaliar o papel do tromboembolismo pulmonar (TEP) na asma grave de difícil controlo.

Foram revistos os processos clínicos de doentes asmáticos da consulta de Alergologia Respiratória do nosso Serviço, entre 2004 e 2006, com asma “persistente grave” de acordo com o GINA 2005. Foram seleccionados os que, apesar de terapêutica optimizada, apresentavam asma “não controlada” (GINA 2006) e analisadas as suas causas.

Dos 254 doentes estudados, 28 (11%) preenchiam os critérios de “asma persistente grave” (idade média 44±18 anos; 86% sexo feminino); destes, 57% (n=16) tinham doença “não controlada” – 35% (n=6) por má adesão à terapêutica; 29% (n=5) por TEP (confirmado gamagraficamente); 12% (n=2) por rinossinusite grave; 6% (n=1) por síndroma hipereosinofílica; 6% (n=1) por contacto mantido com alérgenos e 6% (n=1) em estudo.

Os doentes com TEP (idade média 56±9 anos; 80% sexo feminino; 80% raça branca) tiveram o diagnóstico de asma na idade adulta (média 37 anos), tendo decorrido cerca de 18 anos até ao diagnóstico de TEP.

A análise dos factores predisponentes para TEP revelou: insuficiência venosa periférica (40%), HTA (40%) e deficiência de proteína C e S funcionais (20%).

Todos os doentes efectuaram terapêutica anticoagulante (80% ainda mantém), referindo-se que, após o início da anticoagulação, 40% dos doentes alcançaram o controlo da doença e 40% têm, actualmente, asma “parcialmente controlada”, não se tendo verificado novos internamentos por agudização da doença.

Os resultados do presente trabalho apoiam a inclusão do TEP no grupo de comorbilidades possivelmente responsáveis pelo mau controlo da asma.

Palavras-chave: Tromboembolismo pulmonar, asma grave, asma não controlada.

 

 

Abstract

Asthma control is a key point in patient management. GINA’s most recent report emphasises the need to investigate uncontrolled asthma, of which non-compliance with treatment, COPD, smoking, chronic sinusitis, gastroesophageal reflux disease and obesity are the usual causes.

The aim of this work is to evaluate the role of pulmonary thromboembolism (PTE) in cases of difficult-to-treat asthma. We reviewed the case reports of patients with severe persistent asthma followed in our Asthma Outpatients Clinic between 2004 and 2006.

We selected the ones that maintained uncontrolled disease despite an optimal therapeutical approach and investigated the causes.

In this group (n=254), 28 (11%) had severe persistent asthma and their mean age was 44 ± SD18 years old. 86% were females. Of these, 57% (n=16) had uncontrolled disease: 35% (n=6) due to non-compliance with treatment; 29% (n=5) pulmonary thrombombolism (scintigraphic confirmation); 12% (n=2) severe rhinosinusitis; 6% (n=1) hypereosinophilic syndrome; 6% (n=1) persistent allergen exposure and 6% (n=1) are still being investigated.

Patients with TPE (mean age 56 ± SD9 years old; 80% females; 80% Caucasians) were diagnosed with asthma as adults (mean age 37 ± SD14 years old).

The mean time until the diagnosis of TPE was 18 ± SD12 years. Predisposing factors for TPE were venous insufficiency (40%), hypertension (40%) and deficit of functional protein C and S (20%).

All these patients received anticoagulant therapy (80% are still medicated). It should be noted that after the beginning of anticoagulants, 40% of the patients achieved control of their asthma and 40% have partially controlled disease. There were no hospital admissions for asthma exacerbations after the beginning of anticoagulation in this group.

This study supports the inclusion of TPE in the group of comorbidities to consider while investigating uncontrolled asthma.

Key-words: Pulmonary thromboembolism, severe asthma, difficult-to-treat asthma.

 

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text only available in PDF format.

 

 

Bibliografia / Bibliography

 

1. GINA Report WR 2006.

2. Robinson DS et al. Systematic assessment of difficult-to-treat asthma. Eur Respir J 2003; 22(3):478-83.        [ Links ]

3. Masolini M et al. The global burden of asthma: executive summary of the GINA dissemination committee report. Allergy 2004; 59(5):469-78.

4. Wenzel S. Severe asthma in adults. Am J Crit Care Med 2005; 172(2):149-60.

5. Strek ME. Difficult asthma. Proc Am Thorac Soc 2006; 3(1):116-23.

6. Torbicki et al. Guidelines on diagnosis and management of acute pulmonary embolism. Eur Heart Journal 2000; 21:1301-36.

7. Stein PD et al. Clinical, laboratory, roentgenographic and electrocardiographic signs in patients with acute pulmonary embolism and no pre-existing cardiac or pulmonary diseas. Chest 1991; 100:598-603.

8. Stanek Riedel et al. Long-term follow-up of patients with pulmonary thromboembolism. Late prognosis and evaluation of hemodynamic and respiratory data. Chest 1982; 81:151-8.

9. Hume M et al. Venous thrombosis and pulmonary embolism. Cambridge, Harvard University Press 1970, pp 206-7.

10. Barritt DW. Clinical features of pulmonary embolism. Lancet 1961; 1:729-32.

11. Calvo-Romero et al. Wheezing in patients with acute pulmonary embolism with and without previous cardiopulmonary disease. Eur J Emergency Med 2003; 10(4):288-9.

12. Severinghaus JW et al. Unilateral hypoventilation produced in dogs by occluding one pulmonary artery. J Appl Physiol 1961; 16:53-60.

13. Swenson EW et al. Unilateral hypoventilation in man during temporary occlusion of one pulmonary artery. J Clin Invest 1961; 40:828-35.

14. Perol M et al. Bronchospasm disclosing pulmonary embolism. Rev Pneumol Clin 1990; 46(5):225-8.

15. Divekar V M et al. Pulmonary embolism during anaesthesia – case report. Canad Anaesth Soc J 1981; 28:277-9.

16. GINA Report WR 2005.

 

1 Interna do Internato Complementar de Pneumologia / Pulmonology Resident

2 Assistente de Pneumologia / Pulmonology Consultant

3 Assistente Graduada de Pneumologia / Specialist Consultant in Pulmonology

4 Chefe de Serviço de Pneumologia / Head, Pulmonology Unit

5 Director Clínico, Professor Associado da Faculdade de Medicina de Lisboa / Clinical Director, Assistant Professor, Lisbon University School of Medicine

Serviço de Pneumologia do Hospital de Santa Maria, Lisboa / Pulmonology Unit, Hospital de Santa Maria, Lisbon

Correspondência / Correspondence to:

catarinateles@gmail.com

 

Recebido para publicação/received for publication: 07.07.11

Aceite para publicação/accepted for publication: 07.09.20