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Revista Portuguesa de Pneumologia

versión impresa ISSN 0873-2159

Rev Port Pneumol v.16 n.3 Lisboa jun. 2010

 

Uma nova era da Revista Portuguesa de Pneumologia: Objectivo 2011

 

João Carlos Winck1

1Editor-in-chief, Portuguese Journal of Pulmonology

Serviço de Pneumologia, Hospital de São João, Faculdade de Medicina do Porto, e-mail: jwinck@hsjoao.min-saude.pt

 

A Revista Portuguesa de Pneumologia (RPP) foi fundada em 1999, substituindo a anterior revista da Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP) chamada Arquivos da Sociedade Portuguesa de Patologia Respiratória.

A RPP foi incluída na EMbase em 2001 e na Medline em 2003.

Em 2005, a SPP decidiu alargar a visibilidade internacional da revista através da sua publicação em inglês e português e obtendo o status de «Open Access» através do sítio internet da SPP. Desde 2008 está sob escrutínio da Thomson Reuters (ISI) e está incluída na Science Citation Index Expanded and Journal Citation Reports/Science Edition (JCR). Em 2011 espera-se obter o primeiro factor de impacto (FI) oficial.

O êxito destes resultados foi obtido graças ao trabalho árduo de vários Presidentes da SPP, Conselhos Científicos e, particularmente, ao seu anterior Editor, Renato Sotto-Mayor1.

Agora é tempo de entrarmos numa nova era! Levar a revista para a moderna era electrónica2!

O processamento dos manuscritos, que era tradicionalmente feito por correio terrestre (com todos os inconvenientes), é agora feito por correio electrónico, acelerando todo o processo editorial. Pensamos que os autores e revisores já tiveram oportunidade de testemunhar esta mudança recente, que aumentou claramente a proximidade com os editores e tornou o processo editorial mais transparente. Mas a principal mudança ocorrerá no fim do ano, com a adesão à editora Elsevier. Nessa altura, todo o processo será electrónico: desde a submissão, à correcção das provas até à publicação! Seremos capazes de processar tranquilamente mais de 120 manuscritos/ ano (um aumento significativo desde há 10 anos – Fig. 1). Isto irá reduzir definitivamente o tempo de revisão desde a submissão até à publicação final! O nosso objectivo é sermos capazes de tomar uma decisão acerca de um manuscrito em 40 dias!

 

Fig. 1 – Número de artigos submetidos à Revista Portuguesa de Pneumologia ao longo dos anos

 

A ligação à Elsevier irá promover uma maior facilidade de encontrar a nossa revista. Com esta plataforma introduziremos a «Linkout» (o método da Medline que permite ligação directa ao site da editora e fazer o «download» imediato do PDF do artigo), o que facilitará o seu acesso3.

Outra das maiores mudanças será a estrutura da revista…

A revista recebe um grande número de casos clínicos, geralmente interessantes e de boa qualidade. A publicação de um grande número deles por exemplar (de notar que em exemplares anteriores da RPP atingiram 6!) estragaria o equilíbrio da revista e estaria contra a nossa política editorial. Não iremos publicar mais de dois casos clínicos por número, escolhendo, quando se justifique, um deles para um comentário por um perito (chamando -lhe «caso com discussão»). Os casos clínicos devem trazer novidade, insight e impacte! Antes de os enviarem, os autores devem-se perguntar: O que é que era conhecido antes de preparar este caso? O que é que este caso traz de novo?4.

Por outro lado, iremos fomentar editoriais que contextualizem os artigos mais interessantes. Relativamente aos artigos originais, privilegiaremos a investigação clínica de boa qualidade, dando prioridade àqueles de maior importância na prática clínica diária, metodologia rigorosa e standards éticos elevados. Os artigos de revisão só serão aceites por convite. Assim, com esta nova política editorial, é inevitável o aumento da taxa de rejeição dos manuscritos. Contudo, pensamos que uma boa prática editorial é um critério major para o reconhecimento internacional de uma revista. Os autores deverão seguir rigorosamente as novas instruções ou os manuscritos serão de imediato devolvidos.

A nossa missão prioritária será promover boa ciência em Portugal, mas também alargar a presença da revista no mundo anglo-saxónico. Assim, a língua é de uma enorme importância estratégica5-6. O nosso meio académico é muito influenciado pelas revistas de língua inglesa, e para reduzir os custos relacionados com um tradutor profissional recomendamos que todas as novas submissões para a revista sejam feitas em Inglês (ou preferencialmente em inglês e português). Isto pode ser uma dificuldade para alguns, mas estamos certos que se tornará uma mais-valia para os jovens investigadores portugueses, que melhorarão a suas aptidões e serão também encorajados a publicar os seus trabalhos em outras revistas internacionais de maior impacte. O facto de recebermos os manuscritos em inglês irá também facilitar o envio imediato para revisores externos estrangeiros. Analisando 78 submissões recentes para a RPP, 19% já estavam escritos em inglês (e só dois provinham de um país de língua não portuguesa). Assim, mesmo antes de iniciarmos a obrigatoriedade de submeter os manuscritos em inglês, os autores já estão esponta neamente a fazer a mudança!

Apesar da larga maioria dos artigos submetidos à RPP durante 2008-2009 terem origem em centros portugueses (81,6% e 82,3%, respectivamente), em 2008, um total de vinte manuscritos foi enviado do Brasil e dois da Turquia e em 2009 21 do Brasil e um da Turquia. Isto sugere que a RPP pode mesmo atrair autores de todo o Mundo.

De 2008-2009 a RPP obteve um total de 25 citações oficiais (num total de 181 artigos citáveis) na ISI Web of Science, com um artigo atingindo três citações. Os dois artigos com o maior número de citações de 2008-2009 encontram-se descriminados no Quadro I.

 

Quadro I – Os dois artigos com mais citações na Revista Portuguesa de Pneumologia de 2008-2009

 

Acreditamos que a RPP tem uma enorme margem de progressão, de modo a transformar -se num instrumento mais eficaz, de acordo com as tendências actuais de difusão científica, e útil para os leitores. Para isso vamos tentar desenvolver um projecto ambicioso em que procuraremos: 1) aumentar a visibilidade da pneumologia portuguesa; 2) discutir temas da actualidade pneumológica e promover a formação médica contínua; 3) constituir um fórum de discussão em que sejam expressas as  opiniões dos leitores/centros de investigação acerca dos trabalhos publicados.

 

Aumentar a visibilidade da pneumologia portuguesa

Para atingir este objectivo devemos aumentar a qualidade da RPP. Acreditamos que um dos elementos-chave é a chamada revisão pelos pares, por isso os revisores têm um papel essencial7! É importante que reportem a existência de eventuais conflitos de interesse (por exemplo, deverão declinar a revisão de um artigo se tiverem alguma ligação pessoal ou profissional com o autor) e os seus comentários devem ser construtivos, valorizando os aspectos positivos e apontando os aspectos negativos de forma cortês, de modo a que o autor possa resolver os pontos fracos do seu trabalho. Os autores cujos artigos tenham sido rejeitados não devem ignorar os comentários dos revisores e considerá-los sempre antes de enviarem o artigo para outra revista.

O factor de impacto (FI) é um dos parâmetros mais utilizados para analisar a qualidade de uma revista médica8. Por isso, inevitavelmente teremos de fazer um enorme esforço para atingir o maior FI possível.

 

Séries temáticas e formação médica contínua

Irá ser feita uma cuidadosa selecção de temas e autores de prestígio para revisões e artigos especiais, sobre temas actuais de impacto clínico e/ou controvérsia. Idealmente, estas séries de revisão temática irão a par dos temas da Escola de Pneumologia da SPP para o mesmo ano, podendo constituir-se como material de referência ideal. Além disso, a revista deve ainda ter como grande objectivo a actualização do conhecimento biomédico da especialidade.

 

Garantir a expressão de opiniões pós-publicação

Queremos que a RPP seja uma revista viva, veículo de opiniões e controvérsias que fomente a cultura da análise crítica. Isto só poderá acontecer se todos participarem com cartas ao editor, transmitindo o seu ponto de vista sobre um artigo, divulgando a sua opinião, etc…

 

A nova organização da revista

O novo corpo editorial (que é publicado neste número pela primeira vez) consiste num editor-chefe e num editor associado. O Conselho Editorial é formado por 15 personalidades de inquestionável prestígio científico e académico (dois dos quais originários do Brasil) e o restante corpo editorial constitui-se de 33 editores temáticos (que incluem as várias áreas da pneumologia), um editor linguístico e um editor metodológico. Esta é também a primeira vez que o Presidente da SPP não é o director da Revista.

O editor-chefe e/ou editor associado encaminharão o manuscrito a dois membros do Conselho Editorial (com a maior diferenciação e experiência na área). Caso o tema escape completamente à área de diferenciação do Corpo Editorial ou este estiver sobrecarregado, enviar-se-á o artigo para um revisor externo estrangeiro. É enviada uma grelha que apoie a revisão dos manuscritos, que deverá ser devolvida pelos revisores ao fim de quatro semanas. Sempre que possível, os editores informarão os revisores da decisão de publicação final. Todo o processo (à semelhança de outras revistas internacionais da área respiratória) será single-blinded. Todos os artigos aceites terão publicação online bilingue, mas a versão em papel da RPP será fundamentalmente em português. Gostaríamos de terminar agradecendo à nova direcção da SPP (e especialmente ao seu Presidente, Carlos Robalo Cordeiro) o convite e a confiança que depositaram em nós. Um muito sincero agradecimento também a todos os novos membros do Corpo Editorial que têm colaborado com a nova dinâmica que estamos a imprimir à RPP. A revista, para constituir um elemento estratégico de desenvolvimento da pneumologia portuguesa, necessita da colaboração de todos. Por isso pedimos ajuda, participação e crítica construtiva!

 

Bibliografia

1. Sotto-Mayor R. For a better dissemination of Portuguese pulmonology. Rev Port Pneumol 2006;12(3):223-224.        [ Links ]

2. Tenopir C, King DW. Lessons for the future of journals. Nature 2001; 413(6857):672-674.

3. Kljakovic -Gaspic M, Petrak J, Rudan I, Biloglav Z. For free or for fee? Dilemma of small scientific journals. Croat Med J 2007; 48(3):292 -299.

4. Drenth JP, Smits P, Thien T, Stalenhoef AF. The case for case reports in the Netherlands Journal of Medicine. Neth J Med 2006; 64(7):262 -264.

5. Mueller PS, Murali NS, Cha SS, Erwin PF, Ghosh AK. The association between impact factors and language of general internal medicine journals. Swiss Med Wkly 2006; 136(27-28):441-443.

6. Gulbrandsen P, Schroeder TV, Milerad J, Nylenna M. Paper or screen, mother tongue or English: which is better? A randomized trial. JAMA. 2002; 287(21):2851-2853.

7. Marusic M, Marusic A. Good editorial practice: editors as educators. Croat Med J 2001; 42(2):113-120.

8. Brusasco V, Dinh-Xuan AT, Leff AR, Adler KB, Glenny RW, Dempsey JA, et al. Impact factor and its role in academic promotion. Eur Respir J 2009; 34(6):1499-1500.