SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.12 número1Nomes Sanumá entre gritos e sussurosO trabalho da crioulização: as práticas de nomeação na Guiné colonial índice de autoresíndice de assuntosPesquisa de artigos
Home Pagelista alfabética de periódicos  

Serviços Personalizados

Journal

Artigo

Indicadores

Links relacionados

  • Não possue artigos similaresSimilares em SciELO

Compartilhar


Etnográfica

versão impressa ISSN 0873-6561

Etnográfica v.12 n.1 Lisboa maio 2008

 

Pessoa e individuação: o poder dos nomes entre os Tupinambá de Olivença (sul da Bahia, Brasil)

 

Susana de Matos Viegas *

 

Neste texto desenvolvo um debate sobre a pessoa, nomes e individuação, enveredando por uma reflexão sobre mudanças sociais e onomásticas a partir da análise dos nomes registados pelos Tupinambá de Olivença (Bahia) entre o final do século XIX – quando se fizeram os primeiros registos civis no Brasil – e a actualidade.

Tendo em conta a relevância dos “nomes seriados” no Brasil e o seu uso pelos Tupinambá de Olivença, mostro como se apropriaram destes nomes acentuando modos de inserção familiar face ao Estado, ao mesmo tempo que sublinham a originalidade dos nomes no meio social da roça, tornando claro o seu poder nas negociações com o Estado.

Palavras-chave: pessoa, nomes, Tupi, cidadania, parentesco, história ameríndia.

 

 

Person and individuation: the power of names among the Tupinamba of Olivença (south of Bahia, Brazil)

Departing from an analysis of social changes and the use of different name systems in civil records among the Tupinamba of Olivença (south of Bahia), this article develops a debate on the notion of the person, names and individuation. The relevance of “serial names” in Brazil and its use by the Tupinamba of Olivença point to different ways of constituting the person. The Tupinamba of Olivença appropriate these names both as a way of constituting family in the face of the State and of constructing themselves as persons in the rural environment of the roça in which they live their everyday life.

Keywords: Person, names, Tupi, citizenship, kinship, amerindian history.

 

Texto completo disponível apenas em PDF.

Full text only available in PDF format.

 

 

Bibliografia

ALMEIDA, Rita Heloísa, 1997, O Diretório dos Índios: Um Projeto de “Civilização” no Brasil do Século XVIII. Brasília, Editora UnB.        [ Links ]

ALMEIDA, Heloísa Buarque de, 2007, “De vida distantes e de afetos familiares: os nomes da mídia”, em João de Pina-Cabral e Susana de Matos Viegas (orgs.), Nomes: Género, Etnicidade e Família. Coimbra, Almedina, pp. 245-264.

ANDRADE, Maria Palma, 1996, Ilhéus: Passado e Presente. Salvador, BDA.

BODENHORN, Barbara, e Gabriele Vom Bruck, 2006, “Entangled in histories: an introduction to the anthropology of names and naming”, em Bodenhorn e Vom Bruck, The Anthropology of Names and Naming. Cambridge, Cambridge University Press, pp. 1-30.

CARSTEN, Janet, 2004, After Kinship. Cambridge, Cambridge University Press.

COMERFORD, John Cunha, 2003, Como Uma Família: Sociabilidade, Territórios de Parentesco e Sindicalismo Rural. Rio de Janeiro, Relume Dumará.

GEERTZ, Clifford, 1993 [1973], “Person, time, and conduct in Bali”, em The Interpretation of Cultures. Londres, Fontana Press, pp. 360-411.

FAUSTO, Boris, 1994, História do Brasil. São Paulo, EdUSP.

FAUSTO, Carlos, 2001, Inimigos Fiéis: História, Guerra e Xamanismo na Amazônia. São Paulo, Editora da USP.

HARRISON, Simon, 1990, Stealing People’s Names: History and Politics in a Sepik River Cosmology. Cambridge e Nova Iorque, Cambridge University Press.

HUGH-JONES, Christine, 1988 [1977], From the Milk River: Spatial and Temporal Processes. Cambridge, Cambridge University Press.

HUGH-JONES, Stephen, 2006, “The substance of Northweast Amazonian names”, em Bodenhorn e Vom Bruck, The Anthropology of Names and Naming. Cambridge, Cambridge University Press, pp. 73-96.

HUMPHREY, Caroline, 2006, “On being named and not named: Authority, persons, and their names in Mongolia”, em Bodenhorn e Vom Bruck, The Anthropology of Names and Naming. Cambridge, Cambridge University Press, pp. 157-176.

LIMA, Antónia Pedroso de, “Intencionalidade, afecto e distinção: as escolhas de nomes em famílias de elite de Lisboa”, em João de Pina-Cabral e Susana de Matos Viegas (orgs.). Nomes: Género, Etnicidade e Família. Coimbra, Almedina, pp. 39-61.

MAUSS, Marcel, 1985 [1938], “A category of the human mind: the notion of person; the notion of self, em M. Carrithers, S. Collins e Steven Lukes (eds.), The Category of Person: Anthropology, Philosophy, History. Cambridge, Cambridge University Press, pp. 1-25.

MAYBURY-LEWIS, David, 1975 [1967], Akwe-Shavante Society. Nova Iorque e Londres, Oxford University Press.

MENGET, Patrick, 2001, Em Nome dos Outros. Lisboa, Assírio e Alvim.

MOTT, Luís, 1988, “Os índios do sul da Bahia: população, economia e sociedade (1740--1854)”, Cultura: Os Índios na Bahia, n.º 1, pp. 93-116.

PAULA, Jorge Luiz de, 2001, Relatório FUNAI. Brasília, FUNAI.

PINA CABRAL, João de, 2007, “Mães, pais e nomes no baixo sul (Bahia, Brasil)”, em João de Pina Cabral e Susana de Matos Viegas (orgs.), Nomes: Género, Etnicidade e Família. Coimbra, Almedina, pp. 63-88.

—, 2002. Between China and Europe: person, culture and emotion in Macao. Londres e Nova Iorque, Continuum Press.

—, 1984, “Nicknames and the experience of community”, Man, n.s. 19 (1): pp. 148-150.

PINA CABRAL, João de, e Susana de Matos Viegas, 2007, “Nomes e ética: uma introdução ao debate”, em João de Pina Cabral e Susana de Matos Viegas (orgs.), Nomes: Género, Etnicidade e Família. Coimbra, Almedina, pp. 13-38.

PONTE, Inês, 2008, Relatório Etnográfico: Nomes em Pessoas: Dar e Receber Nome em Una, Bahia, Brasil. Relatório da bolseira do projecto POCTI / ANT / 61198 / 2004, Fundação para a Ciência e a Tecnologia, Instituto de Ciências Sociais (não publicado).

SCHRITZMEYER, Ana Lúcia Pastore, 2007, “Nomes em julgamento: práticas judiciárias padronizando identidades sexuais”, em João de Pina Cabral e Susana de Matos Viegas (orgs.), Nomes: Género, Etnicidade e Família. Coimbra, Almedina, pp. 79-120.

SEGALEN, Martine, 1980, “Le nom caché: la dénomination dans le pays bigouden sud”, L’Homme, XX (4): pp. 63-76.

SILVA, Aracy Lopes da, 1986, Nomes e Amigos: Da Prática Xavante a uma Reflexão sobre os Jê. São Paulo, FFLCH, USP.

VIEGAS, Susana de Matos (no prelo-a). “Compatibilidades Equívocas: A permuta de terra entre brancos e índios Tupi na costa sul da Bahia”, em Carlos Fausto e John Monteiro (eds.), Tempos Índios: Narrativas do Novo Mundo. Lisboa, Assírio e Alvim.

—, (no prelo-b), “Mulheres transitivas: hegemonias de género em processos de mudança entre os Tupinambá de Olivença (Brasil)”, em Manuel Villaverde Cabral, Karin Wall, Sofia Aboim e Filipe Carreira da Silva (orgs.), Itinerários. A Investigação nos 25 Anos do ICS. Lisboa, Imprensa das Ciências Sociais.

—, 2007, Terra Calada: os Tupinambá na Mata Atlântica do Sul da Bahia. Rio de Janeiro e Coimbra, 7Letras / Almedina.

—, 2003, “Eating with your favourite mother: time and sociality in a South Amerindian community (South of Bahia / Brazil)”, Journal of the Royal Anthropological Institute (including Man), 9 (1), pp. 21-37.

VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo, 1986, Araweté: Os Deuses Canibais. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editores.

WATSON, Rubie S., 1986, “The named and the nameless: gender and person in Chinese Society”, American Ethnologist, 13, pp. 619-631.

 

 

* Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa - susana.viegas@ics.ul.pt

 

Creative Commons License Todo o conteúdo deste periódico, exceto onde está identificado, está licenciado sob uma Licença Creative Commons